Casamento forçado e abusivo III

A resposta ao pedido

 Aisha continuou aquele dia a questionar como Caivan estava para aquela senhora, mas ela sempre respondia que não tinha respostas. Que tudo que ela sabia era que a punição de Caivan estava marcada para as dez horas do dia seguinte, pois, ele havia assumido os castigos que seriam dela.

Essa fala deixava Aisha ainda mais ansiosa, pois, o tempo de recuperação de Caivan seria muito curto entre um castigo e outro e por imaginar que ele estava muito debilitado para o doutor ter pedido clemência para ele, a sua ansiedade ficava ainda maior.

Com aquela sensação de medo de perder Caivan novamente, agora para sempre, um certo sentimento de afeição foi surgindo novamente em seu coração. Algo que ela não conseguia explicar muito bem depois de tudo que aconteceu e do risco que ele a colocou.

Era impressionante como o sentimento que ela tinha por ele parecia ser mais forte do que os obstáculos que apareciam em seu caminho. Naquele momento de sua vida Aisha tinha uma alternância muito grande de sentimentos de amor e ódio perante a Caivan. Por ele estar em uma situação delicada e muito debilitado a sensação de amor era mais intenso.

Naquela noite novamente Aisha teve muita insônia, mas agora ela não temia mais por ela em seus pensamentos, já que sabia que o seu castigo já estava quase finalizado. Tudo que ela precisava fazer agora era se casar com Caivan, caso ele sobrevivesse, e partir para morar na Síria como a esposa dele. Ela também não teria mais como ver os seus parentes, como forma de punição. Mas, a situação de Caivan era mais delicada. Passar por aqueles dois dias de castigo depois de ter sido punido por cinco dias seguidos, era algo pesado demais e ele poderia não suportar.

Durante a madrugada um pensamento levou Aisha a se desesperar ainda mais. Não estava claro para ela o que aconteceria se Caivan viesse a não suportar aquele castigo. Quando veio em sua mente a hipótese de que ela poderia ser obrigada a casar com um homem daquela comunidade que ela nem conhecia é que o seu desespero aumentou de forma extrema. Caivan precisa sobreviver! O meu futuro depende também disso!

O dia amanhece e ela começou a rezar ainda mais fervorosamente para que ficasse tudo bem com o seu futuro esposo. Ele teria que suportar aquele castigo para que se casassem, caso contrário Aisha não tinha a mínima ideia do que poderia ocorrer com o seu destino. Para ela era claro que não suportaria um novo casamento com um homem violento como foi Osnin. Eu prefiro morrer do que passar por aquilo novamente!

Depois de algumas horas, aquela senhora entrou no quarto e Aisha desesperada a questionou:

- Por favor senhora, me dê alguma notícia de Caivan. Eu preciso disso. A minha vida depende totalmente da vida dele.

- Como assim senhora?

- Eu não sei o que acontece se Caivan não resistir. A senhora sabe?

Aquela senhora ficou um pouco preocupada antes de responder para Aisha. Quando ela insistiu:

- O que acontece se Caivan não resistir senhora?

- Pela tradição a senhora terá que se casar com um dos homens da nossa tribo senhora. O senhor de maior influência na nossa sociedade tem o direito de escolher com quem a senhora deve se casar.

- Nãooooo! Isso não pode acontecer. Disse Aisha desesperada a chorar.

- Isso não vai acontecer senhora Aisha. Caivan é um homem forte. Ele vai resistir a continuidade dessa punição. Não se preocupe.

- Que horas são agora senhora?

- São dez horas.

- Essa não era a hora marcada para o castigo dele?

- Sim Aisha. Ele deveria ser castigado nesse horário.

- E porque esse castigo não está acontecendo? Será que aconteceu alguma coisa com Caivan? Por favor senhora. Eu não vou aguentar se acontecer algo com ele. Eu prefiro morrer do que me casar com outro homem dessa comunidade que, certamente, já me odeia antes de me conhecer pelo que fiz.

- Fique calma senhora Aisha. Por favor.

- Eu não tenho como ficar calma senhora. O meu destino está sendo trilhado agora. Por favor, veja o que está acontecendo com Caivan. Eu lhe imploro! Disse Aisha a chorar de forma descontrolada.

Ao ver o desespero dela, aquela senhora sai então do quarto prometendo que traria novas notícias sobre a situação de Caivan.

Novamente, enquanto estava sozinha, Aisha escutou vaias a sair daquela praça. Em sua mente veio a lembrança de que o mesmo havia ocorrido quando aqueles juízes suspenderam os seus castigos. O seu coração ficou mais leve e ela começou a ficar mais tranquila, aguardando uma confirmação do que aconteceu, vindo daquela senhora.

Alguns minutos depois a sua cuidadora retornou com novidades:

- O doutor pediu uma suspensão do castigo de Caivan e o pedido foi aceito senhora. Disse aquela mulher a abrir um sorriso.

Aisha abre um sorriso irradiante e mesmo fraca, se levanta da cama e começa a pular no meio daquele espaço, mesmo sentindo muitas dores. Quando aquela senhora complementa a informação:

- O juiz decidiu dar uma pausa de três dias no castigo de Caivan para que ele pudesse se recuperar melhor antes da continuidade dos castigos.

- Que bom que eles tiveram clemência dele senhora! Eu só não entendo uma coisa. Porque no meu caso eles deram apenas um dia, sem chance de apelação, e para ele lhe deram três?

- Eu não sei senhora. O que sei é que comumente os juízes costumam ser mais severos com as mulheres do que com os homens. Talvez por isso eles deram um tempo a mais para que Caivan pudesse se recuperar.

- Isso me deixa triste, pois as mulheres sempre recebem punições mais pesadas do que os homens, mesmo sendo fisicamente mais fracas. Mas, esse momento não é para tristezas. Acho que com esses dias Caivan terá mais condições de sobreviver e nos casaremos em breve. Eu estou muito feliz pela decisão dos juízes.

- Eu quero estar no casamento de vocês senhora.

- Você será a minha primeira convidada. Disse Aisha, mais esperançosa, de que se casaria mesmo com Caivan, alguém que ela já conhece.

Enquanto tudo isso acontecia, Caivan estava em sua cama, ainda muito debilitado depois dos castigos do dia anterior, sem conseguir também se levantar. Tudo que ele pensava naquele momento era em se casar o mais rápido possível com Aisha, para que eles pudessem viver conforme sempre sonharam, juntos!

Ele só precisaria suportar aqueles castigos por mais dois dias, para que isso fosse possível. Com esses três dias de recuperação, dados pelo juiz, ele tinha uma convicção muito grande de que conseguiria passar por aquele martírio e teria a chance de ter ao seu lado a esposa que sempre sonhou durante a sua vida.