O julgamento

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No dia 17 de janeiro, Caivan foi levado até o local do julgamento acompanhando do comandante de exército que lhe deu apoio durante todo o período em que esteve preso. Aquele comandante falou sobre as perspectivas do julgamento e o que julgava que Caivan deveria dizer em sua defesa:

- Ontem mesmo fiz uma visita a Omar. Ele ficou muito machucado devido a sua agressão, mas está a se recuperar. Penso que em algum tempo ele se recuperará totalmente. No campo de batalha as coisas estão muito difíceis para o nosso exército e estamos precisado muito de você. Se você se mostrar arrependido hoje, do que fez, e conseguir convencer os julgadores disso, penso que eles te libertarão.

- Isso não vai ser difícil senhor, porque sinceramente, eu estou arrependido. Até poucos meses atrás Omar era um dos meus principais amigos. Eu confiei a ele o cuidado da minha esposa. Eu não sei como isso pôde se perder em tão pouco tempo. Acho que nos afastamos muito nos últimos meses. Ele acabou prendendo a minha esposa e, até pela nossa proximidade, isso me levantou um ódio ainda maior naquele momento. Talvez eu não imaginasse que ele fosse fazer isso com a esposa de um velho amigo.

- Que bom que você se arrependeu do que fez Caivan. Demonstrando isso para os julgadores, penso que não teremos grandes problemas.

Ao chegar ao local do julgamento Caivan, algemado, foi levado até um local em que se encontravam três membros do juizado especial daquela cidade, composto por magistrados religiosos que julgariam o caso. O tio de Omar, um importante membro da cúpula do regime, estava no local para acompanhar o julgamento, sendo uma das testemunhas daquele juizado.

O juiz principal abre os trabalhos e são ouvidos as primeiras testemunhas, os policiais que estavam na delegacia no momento do ocorrido. Em seguida é dada a palavra ao tio de Omar, que diz incisivamente, após explanar por alguns minutos:

- O que esse homem fez a um membro de uma família nobre dessa terra é inadmissível. Daqui a pouco toda essa população vai achar que pode fazer o mesmo. Caivan é um forasteiro e acha que pode chegar as nossas terras e atacar um dos nossos mais importantes membros assim? Espero muito que vocês lhe deem uma punição exemplar! O meu sobrinho perdeu três dentes em meio a agressão animal que esse homem fez contra ele. Se esse tribunal não fizer algo no sentindo de punir Caivan severamente, estará completamente desmoralizado.

Como testemunha de defesa, foi repassada a palavra também ao comandante do exército, que tentou proteger Caivan, dizendo que ele estava passando por situações de estresse muito grande no momento em que agiu, por ter acabado de chegar de lutas ferozes no campo de batalha. Que o papel dele em defesa do regime sempre foi exemplar e que não é correto chamar alguém que luta de forma tão firme a favor do regime de forasteiro. Ele falou das torturas sofridas pela esposa de Caivan no cárcere e que Omar havia o garantido que ela estava a receber o melhor tratamento possível, o que não era uma verdade.

Em meio as falas do comandante do exército o tio de Omar interveem aos gritos:

- O senhor está a querer transforar a vítima em culpada senhor comandante?

- Não senhor. Eu só estou querendo demonstrar todo o contexto dos fatos. O que ocorreu foi um grande desentendimento. A esposa de um oficial como Caivan não deveria estar sujeita ao tratamento que ela recebeu dentro da prisão. Qualquer militar da patente de Caivan que chegasse em casa e encontrasse a esposa da forma que a encontrou depois de lutar por esse regime e vencer várias batalhas ficaria muito revoltado senhor. Respondeu o Comandante do Exército.

- Mas, isso não era motivo para ele agir da forma que ele agiu. Retrucou o tio de Omar.

- Será que não senhor? Questionou o comandante, quando completou a sua análise: - Vou ser sincero aos senhores, que ninguém jamais ouse a tocar um dedo em minha esposa dentro desse regime, independente de qualquer coisa, pois, se isso ocorrer eu não respondo por mim e penso que a maioria dos que estão aqui presentes, deve pensar da mesma forma que eu.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora