Casamento forçado e abusivo III

O antídoto

Dias antes daquele atentado contra Aisha e Saleh, na semana em que as reportagens afirmando que os dois estavam juntos saíram nos jornais, a irmã mais nova de Saleh estava a passar pelos corredores de sua casa, quando escutou uma conversa de seu pai com o seu irmão Andric:

- Os homens que estão a espreita dizem que ele não sai de casa meu pai. Só por isso ainda não o mataram.

- Porque ele não sai de casa? Ele não está trabalhando, aquele preguiçoso?

- Pelo que disseram ele pegou COVID e ficou muito doente. Por isso não está trabalhando.

- Continue pedindo para que eles fiquem próximos ao prédio dele e de Aisha. Eu quero um desses dois mortos. Isso para mim é questão de honra. E Aisha? Não me diga que ela também não sai de casa?

- Ela também não sai. Deve estar com medo das ameças que a fizemos.

- Mantenha os homens em alerta. Já tenho muita coisa para resolver aqui com o nosso governo caindo enquanto Saleh nos desonra na Inglaterra. Os dois não podem ficar juntos Andric. Diga para esses homens que quero um dos dois mortos o mais rápido possível. Eu não aceito essa desonra que Saleh me fez e ele vai pagar por isso.

- Tudo bem meu pai. Eles já estão cientes. Saleh ou Aisha serão mortos, ou um ou o outro. E isso ocorrerá nos próximos dias.

- Assim espero.

- Os homens que contratamos são ótimos. São os mesmos que a sequestraram daquela vez. Eles não tem como escapar.

- Daquela vez deveríamos ter acabado com essa história. Não poderíamos ter libertado Aisha. Deveríamos ter cortado esse mal pela raiz.

- Ficamos preocupados com as investigações. Era uma situação delicada. Johnson era muito influente naquela época. Não sei se era a melhor saída.

- Pois acho que perdemos uma grande oportunidade, de acabar com Aisha de uma vez por todas. Afirma Sarwar demonstrando nervosismo em seu semblante.

Ao ver que seu irmão se movimentava para sair pelo corredor, imediatamente a irmã de Saleh evadiu daquele lugar e pensou. Eu preciso fazer alguma coisa. Eu preciso falar com Saleh que a vida dele ou de Aisha corre perigo. Não posso deixar que nada de mal aconteça com o meu irmão.

Aquela jovem, espertamente, mantinha o telefone de Saleh, que havia conseguido pela internet, por intermédio do e-mail dele. Ao saber o contato de e-mail do irmão, escondida da família e com muito medo de ser descoberta pelo pai ou pelo irmão mais velho, o que poderia a trazer um castigo extremo, ela se apresentou para Saleh e pediu para ele o seu contato de celular para o ligar em caso de alguma emergência.

Como não tinha acesso ao celular, por ser proibida pelos seus pais, especialmente, por ter uma visão muito moderna, na percepção deles, e ser perseguida por aquela família que não concordava com os seus valores, aquele contato com o irmão deveria ser realizada pelo telefone fixo.

Mesmo correndo todos os riscos de ser denunciada pela lista telefônica de ligações realizadas, aquela jovem que amava o seu irmão, não pensou duas vezes nas consequências e resolveu durante a madrugada, ligar para Saleh.

As duas horas da manhã ela foi até a sala, onde aquele telefone fixo ficava e ao ver que todos estavam a dormir, pegou aquele aparelho no escuro e ligou para o irmão. Aquela jovem sabia que se fosse pega, por alguém, o castigo que o seu pai lhe daria era algo inimaginável. Pelo ódio que ele estava de Saleh, tenderia a ser tão agressivo com ela, que o seu castigo poderia se tornar insuportável. Mas, ela não considerava justo aquela perseguição e, mesmo em meio a tantos riscos, entendia que deveria fazer alguma coisa.