Os meses seguintes

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Pouco a pouco os dias foram passando e Aisha foi se ambientando novamente a realidade na Inglaterra e as novas rotinas. No começo do mês de julho, após passar pouco mais de 15 dias na casa dos pais, ela começou a assistir, mais frequentemente, filmes e séries, ficando mais familiarizada com aquela forma ocidental de vida.

Na quarta-feira da primeira semana do mês de junho, ela criou coragem, ligou o computador e entrou novamente na internet. Mas, ao dar uma olhada rápida nas suas redes sociais, que estavam completamente paradas durante todos aqueles anos, e ver as dezenas de mensagens que tinha, de várias pessoas a sua procura, veio uma ansiedade enorme e imediatamente ela desligou aquele computador.

No dia seguinte, na consulta, ela falou isso com a sua psicóloga que a aconselhou ter calma e afirmou que as coisas iriam tranquilizar em sua mente com o tempo. Que ela deveria avaliar se estava tranquila para realizar cada ação e que se sentisse que ainda não estava preparada para atingir um próximo passo, tudo bem. Que ela deveria parar de fazer o que julgava ser desconfortável e seguir em frente fazendo o que estava a se sentir bem. Foram muitos anos em um ambiente completamente diferente do que ela estava a viver atualmente e Aisha precisaria de um tempo para se adaptar novamente a todos os aspectos daquele novo cotidiano.

As ligações também não paravam, mas durante aqueles primeiros dias ela não se sentia bem para falar com ninguém que não fosse próximo ou de sua família. Suas ex-colegas de trabalho ligaram e ela pediu para a mãe dizer que ela estava ocupada. A única pessoa do trabalho que ela aceitou conversar foi com a sua ex-chefe, que era muito especial e lhe deu todo apoio quando iniciou na carreira.

Aisha se abriu para ela e esclareceu o porque sumiu. Aquela senhora foi muito carinhosa em sua conversa, deixando Aisha mais tranquila perante aquela situação. A sua ex-chefe se colocou a disposição para ajudá-la no que fosse necessário e disse que as portas da empresa estavam abertas, caso ela quisesse retornar algum dia. Ser acolhida dessa forma a fez muito bem e nos dias seguintes ela parecia estar se sentindo melhor.

O doutor Willian também ligou e ela ficou muito feliz em falar com ele novamente. Willian a fez muitos questionamentos de como ela estava a sentir depois de tudo que passou no exterior e Aisha pôde se abrir também com ele e desabafar um pouco. Aquele doutor prometeu a fazer uma visita em breve, para poderem matar a saudade presencialmente. Aisha ficou muito animada com aquela promessa.

Em meados do mês de julho, com muita saudade do marido, ela resolveu acessar novamente o seu computador. Ao entrar nas suas fotos, ela viu algumas imagens do amado que havia salvo e começou a chorar intensamente. Evelyn escutou o choro de Aisha e entrou no quarto. Quando ela a abraçou, sentiu que a filha estava a se sentir mal. Aisha teve uma crise de ansiedade e estava a ter dificuldade de respirar. Evelyn, desesperada, chamou Johnson e ele ligou para a emergência.

Minutos depois Aisha estava a ser levada para o hospital para averiguação, ainda em meio a crise. Era muito difícil para ela saber que nunca mais teria a oportunidade de ver o marido que ela tanto havia amado. Felizmente, depois de ser atendida e tomar alguns remédios, ela conseguiu se acalmar.

No dia seguinte ela foi até a psicóloga e foi recomendado que, nesse momento de maior fragilidade, antes de ganhar o seu filho, que ela evitasse acessar o computador, pois, essa reação poderia voltar a ocorrer, o que era muito perigoso para o bebê, afinal de contas, o corpo dela teve uma reação muito extrema e isso poderia afetar a saúde dele.

Em meio ao diálogo, pouco antes do fim da consulta, a psicóloga disse:

- Você precisa se controlar Aisha. Eu sei que é difícil, que você sempre se cobrou muito, até pelo seu histórico, mas agora precisa pensar no seu filho. Você não quer que ele nasça com problemas, certo?

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora