As horas seguintes

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Com o tempo passando o desespero de Lina aumentava a cada minuto. Aisha já deveria ter retornado. Aconteceu alguma coisa com ela? Não tem como ela ter demorado tanto. O que eu vou fazer agora, sem Aisha? Se Omar a pegou ele vai matar ela!

A aquela altura Lina não sabia qual a situação era mais preocupante, se era a do seu filho que não melhorava o seu estado de saúde ou se era o de Aisha que poderia ter sido capturada por aqueles policiais e levada para prisão.

Em meio a desespero, Lina começou a chorar e rezar para que Aisha tivesse forças para suportar, seja lá o que tivesse ocorrido. Aquela jovem também rezava para que seu filho tivesse a chance de viver mais, de tomar os remédios necessários para ter condições de tornar a ter saúde.

Em meio a aquele chão gélido, depois de alguns minutos, o corpo de Aisha começou a dar sinais de melhora, mesmo em meio a aquele ambiente extremamente frio do inverno congelante da região. Por estar em uma calçada de uma rua escura, sem mais pessoas a circular pelo caminho, ninguém conseguiu a avistar com aquela roupa preta que cobria todo o seu corpo.

Aos poucos ela foi retomando o controle sobre os seus movimentos, mas, aquilo ocorreu de forma lenta e gradativa. Então ela começou a colocar em sua mente pensamentos motivacionais: Você é forte Aisha. Você vai conseguir. Lembre-se do que seu pai dizia, você vai cumprir a missão! Tudo dará certo.

Depois de alguns minutos, Aisha conseguiu se levantar vagarosamente e caminhar, ainda que com dificuldade, em direção a sua casa. A medida que ia se aproximando de sua residência, a sua confiança ia aumentando e a velocidade e controle dos seus passos também, surgindo em sua mente uma convicção de que conseguiria cumprir com o objetivo.

Finalmente, depois de caminhar por mais alguns minutos, ela chegou na rua em que morava e começou a caminhar em direção a sua casa, quando os faróis do carro de Omar se ascenderam a causando um susto imenso. Aisha, como reação, se posicionou rapidamente atrás de um poste de luz, sem saber se aquele policial havia lhe avistado, e se esse havia sido o motivo de ter ascendido a luz do carro.

A sua respiração estava ofegante e sua mente começou a trabalhar de forma desordenada novamente, quando o medo tomou conta do seu corpo e dos seus pensamentos. Eu não posso demonstrar fraqueza agora. Se eu tiver uma nova crise de ansiedade nesse momento, estarei completamente perdida. Acalme-se Aisha. Acalme-se por favor. Se ele te viu, ele vai te pegar de qualquer forma, mas se ele não viu você tem alguma chance se ficar calma. Se não ficar, não terá nenhuma chance, pois será presa.

Então ela começou a respirar fundo tentando se esconder daquelas luzes do carro. Aos poucos, com o passar dos segundos, ao constatar que Omar não se aproximou dela, os seus pensamentos foram se equilibrando e a sua mente foi ficando menos descontrolada.

O motor daquele carro foi então ligado e foi dada a partida. Nesse instante o coração de Aisha batia intensamente forte, mas ela teve a expectativa de que a chance dele não ter a avistado era maior do que o contrário, pois, se ele tivesse visto alguém naquelas ruas, naquela hora, certamente ele teria descido do carro para fazer a abordagem.

Aquele carro arrancou e começou a andar vagarosamente no meio daquela rua, chegando a parar por um momento em frente a casa em que Aisha morava. Aquele fato a assustou. Na mente dela começou a passar um turbilhão de coisas. Ele sabe que não estou em casa. Ele vai me pegar. Eu estou perdida. Ele vai acabar comigo. Magnífico, por favor me proteja. Me proteja desse homem. Ele deve estar com ódio de mim. Eu estou perdida!

Após alguns segundos, Omar arrancou novamente e continuou andando com aquele carro vagarosamente por aquela rua, passando ao lado do local onde Aisha estava, mas em meio a escuridão não conseguiu notar que ela estava atrás do poste.

Quando aqueles faróis passaram que sua iluminação acabou, ela suspirou aliviada. Graças ao magnífico ele não me viu!

Mais confiante da possibilidade de que pudesse chegar bem em casa. Aisha começou a caminhar vagarosamente pela rua, chegou no portão de sua casa, abriu a porta e entrou naquele quintal.

Lina saiu correndo em direção a porta da casa, para ver se era ela que tinha chegado. Ao vê-la, Lina correu em sua direção e lhe deu um forte abraço demonstrando felicidade!

- Você conseguiu Aisha! Você conseguiu! Você é muito corajosa! É muito forte! Que o magnífico te dê a recompensa! Eu te amo Aisha!

- Eu consegui Lina. Achei que não fosse conseguir! Mas, eu consegui! Estou tão feliz! Responde Aisha a sorrir, sentindo algumas dores em seu rosto, pela queda que teve no chão, mas feliz por ter conseguido cumprir com a missão, lembrando das brincadeiras que seu pai fazia com ela nesse sentido, quando ela completava alguma tarefa.

Logo em seguida elas foram dar o primeiro remédio para Mohamed. A dose a ser ministrada era para diminuir a febre. Após o tomar, em poucas horas, ele já estava com o corpo menos quente, o que as alegrou intensamente.

Agradecida, Lina disse:

- Você é uma heroína Aisha. Mesmo correndo todos os riscos, você salvou o meu filho.

- Só fiz o que tinha que fazer Lina. Mohamed está a melhorar graças ao magnífico. Se não fosse pelo magnífico, nada disso teria acontecido. Temos que agradecer o agradecer!

Naquela noite Lina não conseguiu dormir, pois tinha que ministrar os remédios e estava muito preocupada com o seu filho. Aisha, depois de passar por aquela pressão e adrenalina, muito cansada, conseguiu dormir bem.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora