Os minutos seguintes

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- Fique com as mãos para cima e não se mexa! Gritava um dos soldados, que não se aproximava.

Aisha continuava parada e imóvel, com muito receio de se movimentar, morrendo de medo de ser atingida por um tiro. Se ela levou um tiro de raspão e sentiu uma dor terrível e uma queimação quase insuportável em sua pele, ela nem queria imaginar o quanto seria doloroso ser atingida por um tiro em meio ao seu corpo.

- Quem é você? O que faz aqui?

- Eu sou Aisha senhor, eu preciso de ajuda. Ao ouvir a voz daquele homem, ela percebeu que ele não falava muito bem a língua local e entendeu que ele poderia não ser daquele país.

- De onde você vem?

- Eu sou cidadã inglesa senhor, por favor me ajude!

- Você fala inglês? Questionou aquele soldado na língua inglesa, ainda sem se aproximar.

- Sim senhor. Falo inglês perfeitamente. Respondeu Aisha em inglês, continuando o restante daquele diálogo naquela língua, o qual aquele soldado parecia se comunicar melhor.

- O que tem nessa mochila?

- São os meus pertences senhor.

- Que tipo de pertences?

- São minhas roupas. Eu estou em fuga, fui perseguida pelo Estado Islâmico. Se me pegarem vão me matar. Preciso retornar para a Inglaterra.

- O que a senhora veio fazer aqui nessa terra?

- Fui sequestrada em uma viagem que fiz ao Afeganistão e obrigada a vir para a Síria senhor.

- Essa sua história está muito mal contada senhora. Diga o que está fazendo aqui?

- Estou querendo ir embora para a Inglaterra. Tenho família lá senhor. Por favor me ajude.

- Precisamos averiguar se a senhora não é uma terrorista como dezenas que estão a circular por essas terras.

- Posso provar que não sou senhor. Por favor me ajude.

- Levante devagar, preciso ver o que carrega.

Então Aisha se levantou e ele pediu que ela se dirigisse para próximo de uma parede, distante daquela mochila. Ela imediatamente atendeu aquela ordem e caminhou para o lugar indicado. Ao chegar em um local mais reservado, ainda na mira de, pelo menos cinco soldados que permaneciam a uma distância de segurança dela, eles ordenaram:

- Precisamos que você levante as suas vestes para termos certeza de que não está a portar nenhuma bomba ou dispositivo.

- Eu não posso fazer isso senhor. Respondeu Aisha desesperada.

- Só há uma forma da gente tentar te ajudar senhora Aisha. Precisamos saber se está a dizer a verdade e se não está a portar nenhuma bomba.

- Eu juro que não estou senhores. Mas, não posso mostrar o meu corpo, a minha religião não permite.

- Porque a sua barriga está tão grande?

- Eu estou grávida de quase seis meses senhor.

- A senhora está com o seu passaporte?

- O meu passaporte está na mochila senhor. Saí tão desesperada que nem retirei ele de lá.

- Nós não vamos tocar na sua mochila até termos certeza que ela não nos trará risco senhora Aisha. Precisamos confirmar que a senhora é quem diz ser e que não estamos em risco.

- E como vou fazer isso senhor? Questionou Aisha já a chorar.

- Só tem uma forma, precisamos ver que não está a carregar nenhum dispositivo eletrônico ou bomba.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora