Nas primeiras horas do dia, Aisha foi acordada pelo movimento de Armed em sua cela. Assustada ela se afastou, quando aquele senhor disse:
- Acalme-se senhora Aisha. Eu não vou te machucar mais. Por favor tome esse remédio, ele é para dor. Vai te ajudar a se recuperar.
- Eu não vou tomar nada que venha do senhor.
- Veja Aisha. A caixa está fechada. Pode abrir você mesma. Não temos mais o interesse em te machucar. Queremos que você se recupere. Confie em mim.
Aisha então pega aquela caixa e sentindo muitas dores, resolve tomar aquele remédio, afinal de contas, se quisessem a matar envenenada, já teriam feito isso pela água ou o alimento que a serviram.
Assim que ela tomou, Armed saiu daquele local. Ela ficou muito surpresa e sem entender o que estava a ocorrer.
Ontem mesmo esses homens estavam quase a me matar em meio a tortura, hoje um deles vem dizer que não vão me fazer mais nada de mal. Difícil entender o que pode estar acontecendo.
Com as horas passando aquele remédio foi minimizando a sua dor e Aisha estava, na medida do possível, se sentindo mais disposta. Ainda durante a manhã Armed a trouxe um bom lanche e também um remédio anti-inflamatório.
Em casa, Lina já não estava mais a aguentar de tanta angustia. Eu preciso saber notícias de Aisha. Se ela não retornar eu vou arriscar tudo e vou naquela prisão. Tenho que saber se ela está viva e se precisa de alguma coisa. Não posso ficar aqui de braços cruzados enquanto a pessoa que lutou para que o meu filho melhorasse está presa nas mãos daquele homem.
- Felizmente, com o remédio que Aisha conseguiu, Mohamed está bem novamente. Eu preciso ver como ela está, agradecer pelo que fez pelo meu filho e pedir perdão por não ter feito nada para impedir que Omar ficasse tão furioso ao sair daqui de casa depois da última conversa. Espero que você tenha sido forte Aisha e que esteja bem. Eu jamais vou poder pagar o que fez pelo meu filho e pela nossa família.
O problema é se eu for lá e Omar me prender. Não sei se esse é o melhor caminho agora. Acho que tenho que esperar mais um pouco. Se ele me prende seremos duas mulheres presas e o que seria do meu filho? Além do mais eu estou grávida e ninguém sabe disso. Não posso arriscar. Tudo que está ao meu alcance é rezar e torcer para que Aisha seja forte. Se pudesse contactar com Caivan. Volte logo Caivan, estamos precisando muito de você!
As dez horas da manhã, Aisha foi chamada para a sala de interrogatório e conseguiu caminhar até lá com a ajuda do policial, andando vagarosamente.
Ao se sentar, notou o semblante de Omar diferente, ele parecia preocupado, diferentemente dos outros dias em que se apresentava de forma imponente e confiante:
- Precisamos que quando sair do interrogatório tome um banho Aisha. Compramos novas roupas para você. Estamos te tratando bem. Ajude a gente a ser gentil, por favor assine esse interrogatório.
- Seja um pouco mais gentil comigo senhor, deixe me ler o que há nesse documento.
Demonstrando nervosismo em seu semblante Omar questiona:
- Isso é inegociável para você senhora Aisha?
- Acho que as pessoas devem ler os documentos antes de assiná-los senhor Omar.
- Tudo bem. Pode ler. Responde Omar contrariado.
Aisha faz uma leitura rápida daquele documento e a cada paragrafo que lia ficava ainda mais impressionada com o conteúdo daquele texto. Omar havia escrito naquele documento uma versão de interrogatório a qual Aisha corroborava completamente com os relatos do fato dados por Habib e sua esposa, insinuando que ela era amante daquele homem e que foi pega na cama com ele, se auto incriminando através daquele documento.
- O senhor não espera que assine isso depois de saber o que há nesse documento não é senhor Omar? Eu estaria simplesmente assinando a minha sentença de morte!
- Acho que a senhora não tem escolha. Habib e sua esposa já confirmaram que você estava na cama com ele. Em um julgamento a senhora vai ser condenada, haja vista que a palavra de uma mulher não tem tanto valor como a de um homem e Habib confessou.
- Então o que o senhor me propõe é que eu assine isso para confirmar tudo e morrer apedrejada naquela praça? Questiona Aisha colocando uma certa ironia em sua fala.
- Acho que pouparia mais sofrimento Aisha.
- Eu prefiro morrer com dignidade senhor. Não vou morrer assumindo algo que não fiz. Nem sob tortura. Se quiser estou aqui na sua frente, pode me torturar o quanto quiser até me matar. Mas, jamais vou assinar esse documento.
- Já que a senhora prefere assim, a levaremos a julgamento e a senhora será condenada de qualquer forma. Habib assumiu que a senhora é uma adultera.
- O único adúltero que conheço nessa sala é o senhor!
Omar se levanta furioso e vai em direção a Aisha, levanta a sua mão para lhe dar mais uma bofetada, mas para no meio do caminho. A encara e diz:
- Não me faça perder a cabeça Aisha.
Assustada, ela recua e não responde.
- Leve essa insolente para a cela. Eu terei o prazer de jogar a última pedra bem grande na cabeça dela enquanto ela estiver naquela praça.
Essa fala arrepia intensamente o corpo de Aisha. Ela sabia que essa era uma possibilidade, caso Caivan não retornasse logo, de preferência, antes desse possível julgamento. Ela teria que ter ainda mais fé e rezar de forma ainda mais intensa, para que seu esposo retornasse o mais rápido possível.
Ao chegar na cela, surpreendentemente, ela notou que o seu almoço já estava no local e começou a avaliar a conjuntura.
Algo muito sério está acontecendo e Omar está se sentindo pressionado. Diferentemente dos outros dias ele não me bateu, mesmo quando o afrontei. Parece que o jogo está virando. Todos os ventos que estavam favoráveis a ele, parecem estar mudando de lado. Agora tudo que preciso é que Caivan retorne logo, para que tenha alguma chance de sair desse lugar. Pensava ela enquanto saboreava aquele delicioso almoço.
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Casamento forçado e abusivo III
Misteri / ThrillerDepois de visitar o seu país de origem e encontrar com o grande amor de sua infância Aisha tenta retornar para a Inglaterra, mas algo acontece no aeroporto e o seu destino se torna um mistério. Acompanhe a terceira a última parte dessa obra e descub...