Casamento forçado e abusivo III

O dia seguinte

Quando Loren recebeu a mensagem com a notícia de que Aisha havia descoberto que seu pai biológico havia morrido no Afeganistão, ela estava em um plantão e mandou uma mensagem imediatamente para a irmã informando que assim que o seu plantão finalizasse iria para a casa dos pais para que pudessem conversar um pouco.

Na manhã seguinte, nas primeiras horas do dia, ela chegou em casa e Aisha já estava acordada, mas ainda se encontrava em seu quarto deitada, pensando na vida. Ao escutar a voz da irmã, com muita vontade de conversar, escovou os seus dentes, saiu, encontrou Loren na sala, lhe deu um forte abraço e ambas foram para um outro quarto, para não acordar Mohamed, e começaram a conversar.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu minha irmã. Disse Loren.

- Eu queria tanto encontrar com o meu pai mais uma vez minha irmã. Mas, eu queria tanto! Porque ele não pôde esperar mais um pouco?

- Isso é muito difícil a gente tentar explicar minha irmã. É tentar conformar com os desígnios do magnífico para aqueles que tem fé e sei que a sua fé é muito forte. Tente se apoiar nela nesse momento.

- Você tem razão. Não devo questionar as ordens do magnífico quanto a minha vida. Eu tive uma sorte muito grande que a secretária lá era uma pessoa muito boa e me passou todos as informações sobre o final da vida do meu pai. Ele voltou a falar, disse que me amava muito e sentia muito orgulho de mim. Eu estou muito feliz com esses relatos dela. Isso é muito importante pra mim. Mas, o mais importante mesmo e o que sempre desejei era encontrá-lo e poder conversar com ele. Uma pena que isso jamais será possível. Diz Aisha a chorar, quando é consolada pela irmã com um abraço.

- Eu fico feliz que você tenha recebido mensagens com as últimas impressões do seu pai. Você é mesmo uma pessoa muito especial e todos temos que ter muito orgulho de você. Eu mesma tenho muito orgulho de ser a sua irmã. A sua história de superação é uma das mais incríveis que já vi na minha vida. Você é uma guerreira sem tamanho Aisha. Acho que não aguentaria metade do que você já suportou na vida!

- Eu não conseguiria se não fosse a ajuda de pessoas como você minha irmã e isso eu reconheço muito. Você foi essencial para que eu tivesse forças. Desde que te conheci sempre tive um ponto de apoio muito importante. Se não fosse o nosso pai, Johnson, eu também não estaria aqui hoje. Eu nem posso falar da nossa mãe que eu me emociono. O Wilian também foi essencial em minha vida, são tantas pessoas! Se não fosse a ajuda de todos, certamente não teria conseguido.

- O melhor de tudo é que com tudo que passou, você ainda é grata às pessoas e grata a tudo, Aisha. Enquanto pessoas ficam reclamando de vidas muito menos complicadas do que a sua, você tem uma perspectiva positiva de tudo e ainda consegue reconhecer a importância de cada um em sua jornada. Você é mesmo uma pessoa incrível! Diz Loren com a irmã deitada em seu colo, como elas faziam quando eram crianças, que uma delas estava passando por um momento de tristeza.

Elas conversaram por horas e Aisha ficou mais tranquila depois daquele longo diálogo com a sua principal confidente. Loren ficaria naquela tarde na casa dos pais, enquanto Aisha iria para a sua consulta a psicóloga.

A força que Loren passava para a irmã era sempre muito impressionante, ela tinha o dom de cuidar das pessoas e uma grande sensibilidade e empatia. Todas essas características foram levadas para a sua profissão e, mesmo sendo uma profissional jovem, Loren era reconhecida como uma excelente médica, que levava humanismo no tratamento de seus pacientes.

Ao chegar na psicóloga, Aisha sentiu que aquele lugar era acolhedor para demonstrar os seus sentimentos e com somente as duas na sala, conseguiu derramar as suas emoções em meio a um choro profundo, enquanto dialogava. No avançar da conversa ela repetiu uma questão que não saía da sua mente: