|Cap. 2|

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Esta é a viagem mais tediosa de toda minha vida.

Não que eu tenha alguma vez saído do condado em que nasci, mas passar dois dias viajando em uma carruagem é a pior de todas as coisas, só perde para algumas estalagens que ficam no caminho e que somos obrigados a parar para descansar, comer e tomar alguma bebida quente.

Estamos em pleno outono, o que era para ser um clima delicioso, fresco, bom para se tomar sopa no jantar e chocolate quente no café da manhã. Mas não aqui, não estando já dentro da grande Londres.

A cidade me parece muito quente e abafada, mesmo vendo várias damas com seus vestidos pesados e seus casaquinhos de outono, como chamam as capas de tecido mais leve que lã ou pele. Eu, como prometido ao meu avô, uso um vestido de verão. É um vestido azul e simples que segue as tendências românticas de agora, um dos que uso para me mostrar às visitas que tentam a sorte com a paciência e bom humor do meu avô, o velho Conde.

Ele sempre me disse que as pessoas da cidade são enfadonhas, principalmente nos primeiros dias que passam no campo, logo após a temporada de debutantes. Diz que são tão cheios de frescuras e não me toques... Mas neste dia de outono, adentrando a parte rica da grande cidade, posso ver a fidalguia em toda sua verdadeira pomposidade. Eles não me parecem feios em seus trajes coloridos, pelo contrário. Há, sendo sincera, jovens, homens e mulheres, muito bonitos em suas roupas de luxo e exuberantes joias.

— Alexia, saia de seus devaneios! Chegamos à casa dos Bingley. Quero muito que conheça meu velho amigo Visconde Albert, sua esposa e filho. São, como sempre disse, uma das únicas famílias que tenho prazer em ter em meu círculo social, pois como bem sabe, o restante eu apenas tolero devido as obrigações do título. — termina rindo o velho Conde.

Olho pela pequena janela da carruagem e vejo uma enorme casa, uma mansão de fato, como toda casa de família abastada e nobre pertencente aos mais seletivos grupos londrinos. Mesmo ouvindo tantas histórias sobre o Visconde e sua família, nunca tive o prazer de conhecê-los. Meu avô diz que o casal ama sua vida em sociedade, e que o encanto da Viscondessa se perde sempre que tentam viver no campo. Agora, tentando me deixar pensar um pouco sobre isso, me é impossível compreender como alguém pode querer permanecer nesta cidade poluída, barulhenta e quente. Mas o que posso saber sobre o amor que Londres parece tanto oferecer se é a primeira vez que eu a frequento? Talvez acabe me apaixonando por este lugar também. Talvez acabe me acostumando aos requintes de uma vida preguiçosa em meio aos costumes elegantes de uma Londres que se projeta para nunca dormir.

— Vamos menina! Desça da carruagem e pare de sonhar acordada. — meu avô, como sempre, me pega nos momentos menos oportunos, principalmente os que estou tão envolvida em pensamentos infinitos ou baboseiras do dia-a-dia. 


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