|Cap. 26|

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Estamos na carruagem e o destino final é a casa de Helena. O trajeto é silencioso, e por trás da máscara de calmaria e indiferença no rosto de Mikhail, posso sentir sua musculatura tensa e sua mente atenta. Seu corpo, mesmo tão próximo, não alcança o meu, e assim como meu coração, meu eu interior se sente frio e sozinho.

–– Mikhail, estou cansada, por favor, vamos voltar para casa! –– suplico no minuto final, quando a carruagem para lentamente ao pé da entrada da grande casa.

–– Preciso que permaneça aqui por esta noite, Alexia. Há assuntos urgentes que preciso tratar e que não podem ser mais negligenciados.

–– Mas porque tudo isso? –– pergunto numa mescla de irritação e tristeza.

–– Não posso mais negligenciar sua segurança. Não posso mais pensar que corre constantes perigos por minha culpa.

–– Por favor, não me abandone no escuro, Mikhail... –– sussurro triste.

–– Sinto muito, Alexia, mas te manterei longe de tudo enquanto puder. –– sussurra, e seus olhos tão brilhantes me tomam e me fazem perdida. –– Não quero que participe da sujeira que me envolve, pois não poderei te deixar partir, e essa será a sua maior suplica... –– diz com uma voz rouca, triste e distante. Engulo em seco e me sinto impotente diante de tanta dor, é como se toda força e coragem que ganhei com o tempo não me servissem de nada para afastar os horrores daqueles olhos perfeitamente azuis que me fitam em aflição.

–– Vamos, Alexia, só dessa vez me obedeça sem brigas. Preciso saber que está segura!

–– E porque aqui é mais seguro que o Palácio, que sua própria casa? –– pergunto atrevida.

–– Há homens meus e de meu irmão por toda propriedade. Não quero te deixar sozinha, esposa, então creio que minha irmã lhe será uma boa companhia.

–– Muito bem, se é o que tem a dizer... –– digo e, me apoiando em seu braço, desço da carruagem e sigo em direção a uma mulher com elegantes trajes de dormir que está na porta sem dar mais qualquer atenção ao homem que me segue em passos silenciosos.

–– Mikhail... Alexia, o que acontece?! André não me explicou nada direito! –– Helena exclama preocupada.

–– Preciso que hospede minha esposa por esta noite, irmã. Há negócios urgentes para resolver.

–– Alexia, querida, você está bem?!... Venham, entrem um instante!

–– Não, irmã, preciso ir de imediato. Peço apenas que cuide de minha mulher.

–– Não há necessidade de pedir, Mikhail. Alexia sempre foi e será muito bem-vinda nesta casa. –– diz Helena –– Vamos, Alexia, irei nos preparar uma bela chávena de chá.

–– Obrigada! –– respondo, e antes de me encaminhar para a entrada acompanhando Helena sou segurada por uma mão forte e possessiva.

–– Mikhail... –– sussurro irritada por suas maneiras, mas não acrescento mais nada, pois sou puxada de encontro a seu largo peito e beijada com certa rapidez e violência. O beijo é duro, violento e sua língua força passagem por entre meus lábios, me saboreando atrevidamente. É um beijo que me marca, que tira da minha mente qualquer vontade de lutar contra a torrente chamada Mikhail. É um beijo que termina de consumir o pequeno resto de amor próprio e me faz desejar mais por toda uma vida.

–– Preciso. Ir. Agora! –– ele diz com dificuldade ao se afastar e romper nosso contato, e segundos depois sou deixada sozinha ao pé da porta, com os lábios machucados pela urgência e a sensação irreal deste pequeno momento. Entro na casa e, enquanto sigo para a cozinha, onde está Helena, forço minha mente a esquecer o que passou e a aproveitar aquele momento para, finalmente, reunindo toda coragem, interrogar a bela moça com seu hobby de seda verde esmeralda sobre Mikhail.


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