|Cap. 32|

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— Bianca, esqueci completamente de te contar... –– principia Ingrid fitando Bianca ao nos acomodarmos no confortável assento da carruagem que ruma de volta para casa. –– Seus pais enviaram cartas para você!

— Sério? Que maravilha! Estou com tanta saudade da mamãe e do papai! — Bianca diz empolgada.

— Não sei como eles conseguem viajar em plena temporada e perder todas estas festas. — Ingrid comenta intrigada.

— Sabe como mamãe é delicada. Além do mais, ela aproveita essas férias para ter um tempo a sós com papai. –– diz a jovem Bianca em um lindo sorriso.

— Acho que consigo dormir até amanhã, de tão cansada! –– digo me escorando nas almofadas da carruagem em uma posição nada elegante, mas as duas mulheres não parecem se importar com tal comentário ou com a veracidade de todo ele.

— Nem pensar, senhorita! Temos que selecionar os pedidos para cortejo das duas mocinhas. Então, nada de dormir! –– Ingrid diz com dedo em riste.

— Há muitos? –– pergunta Bianca.

— Milhares! Vocês foram o sucesso da festa de ontem, mesmo tendo as senhoritas voltado mais cedo para casa. Falando nisso, ainda espero explicações!...

— E-eu... eu... –– Bianca gagueja ao tentar responder algo convincente enquanto seus olhos procuram se distrair com tudo ao não enfrentar as mulheres à sua volta. — William e eu brigamos, fiquei com raiva e fui embora. –– ela rapidamente fala, como se as palavras queimassem sua boca.

— Mas meu filho também desapareceu da festa. Está me dizendo que ele não lhe acompanhou? Oh, estou desolada! Não foi essa a educação que lhe dei.

— Não! Bem,... ele me acompanhou. Conseguiu entrar junto comigo na carruagem.

— Mas então porque toda essa vermelhidão, esse pânico? –– Ingrid diz para uma delicada e ainda mais vermelha Bianca, com seus olhinhos investigativos e sem deixar o pequeno sorriso de contentamento ao ver o grande embaraço da moça. –– Está me escondendo algo, Bianca? Vamos, anda, desembucha!

— Não é nada... — a jovem tenta.

— Bianca, não minta! –– Ingrid diz com uma voz mais grave.

— Nos beijamos. Pronto! Meu Deus!... –– diz Bianca, e logo tampa a boca com suas pequeninas mãos.

— Vocês se beijaram? Está me dizendo que meu William se aproveitou...

— Nos beijamos mutuamente! –– Bianca afirma com a voz fina, quase chorosa. –– Por favor, Ingrid, não diga que lhe contei. Vai usar isso para mais gracinhas!

— Não dizer?!... Bianca, você está apaixonada por meu filho? — a Viscondessa pergunta séria.

— Não, claro que não! –– Bianca diz, sua voz parecendo tão desesperada e de tamanho embaraço que ver seu tormento é estranhamente gracioso e muito engraçado. É obvio, pela fisionomia de Ingrid, que ela também contém o riso.

— Que pena, ficaria muito feliz com um casamento entre vocês.

— Ele não me suporta, Ingrid. Não há possibilidade de casamento algum. Sempre que pode ele me implica! — ela chora.

— Pode ser algo muito sem lógica o que vou dizer, mas William te implica porque não sabe o que fazer com os sentimentos que tem e nem se é algo recíproco. –– digo em voz baixa, quebrando meu silêncio de até então.

— Como? –– pergunta Bianca.

— Eu vejo como ele te olha quando pensa que ninguém está o observando, seus olhos são doces e cheios de amor.

— Eu também o amo! –– diz por fim Bianca entre soluços e lágrimas. O sentimento dela me comove. De um lado me deixa feliz saber que ela encontrou um amor, um que será absolutamente correspondido, mas por outro lado, sinto inveja de tudo isso e carrego o medo de um futuro sem essa mínima possibilidade.

— Em que está pensando tão distraidamente, Alexia? –– a voz de Ingrid me conduz para a realidade.

— Penso que devemos organizar algo para obrigar William a expressar seus verdadeiros sentimentos a Bianca e lhe propor um noivado. –– invento rápida.

— Tem toda razão, Alexia! E acho que já sei exatamente como iniciar nosso plano. — diz uma Viscondessa misteriosa.

— Como? –– perguntamos em uníssono, Bianca e eu.

— Vocês vão ver! Agora vamos, desçam da carruagem. –– ela diz enquanto nos apressamos para fora do carro parado na entrada da enorme casa. Toda a conversa me deslocou de tal forma que a não percepção do tempo foi inegável, e chegar em casa me pareceu como um transporte feito por mágica. A mágica de uma divertida conversa entre amigas e cúmplices. –– E, Alexia... –– ela sussurra quando estamos só nos duas ali, segundos depois que a jovem Bianca saiu do carro. –– Não pense que não sei o que se passou ontem, pois toda Londres viu a maneira que Mikhail te arrastou para fora. Olhe, não ousaria lhe censurar, mas só espero que saiba o caminho que leva. Eu bem pensei que vocês poderiam funcionar juntos, mas depois de ontem já não tenho tanta certeza. — termina sombria ao se apressar para descer as trémulas escadas da carruagem, me deixando espaço para apenas um aceno de cabeça em resposta.


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