|Cap. 28|

550 54 0
                                    

Acordo e não sei onde estou, me sento na imensa cama e vejo o quarto girar. As cortinas estão cerradas e o ambiente mergulhado na penumbra. Aos poucos vou ganhando consciência do mundo à minha volta e angariando força suficiente para sair da cama, abrir as cortinas e deixar a claridade entrar e a luz me cegar momentaneamente.

Já é tarde, então faço apressadamente minha higiene matinal e troco de roupas. Desço a escadaria e sigo para a sala de desjejum, o cheiro de café e pães saídos do forno fazem meu estômago roncar. O forte cheiro que sinto do café, ao me aproximar da sala, me recorda ao primeiro e indecente encontro com o Sr. Sombrio, o que faz meu coração marcar disparado.

— Por favor, que ele não esteja lá! –– me escuto sussurrando as palavras com desespero, um pedido que se mostra fracassado pois ao adentrar na sala do café meus olhos se fixam instantaneamente na figura alta e fechada sentada à mesa, e ao seu lado se encontra uma animada e plena Viscondessa.

— Alexia, minha querida! — Ingrid me cumprimenta com um sorriso.

— Olá, Ingrid. Bom dia!

— Bom dia, minha querida! Venha, sente-se conosco. — ela aponta para uma das cadeiras ao lado de Mikhail, mostrando, mais uma vez, minha estupenda falta de sorte.

— Bom dia, senhor Korcwovski! –– digo polidamente ao me sentar.

— Você está absolutamente adorável, Alexia. Não está, Mikhail? –– Ingrid pergunta com fingido ar de inocência.

— Sim, a cor lhe cai bem! –– foi sua única resposta para elogiar ao vestido lilás, sem muitos detalhes, de decote arredondado e de mangas curtas, como a maioria dos vestidos que uso.

— Esta cor lhe cai bem também! –– retruco com orgulho ferido e Ingrid cai na gargalhada.

— Creio que nossa Alexia não gostou muito do elogio, Mikhail. — diz em intriga.

— Peço desculpas, então. De fato, a senhorita Alexia está mais que adorável, e a cor ressalta quão bonita é. — ele diz brusco, me deixando vermelha e envergonhada, fazendo meus olhos correrem para uma Viscondessa igualmente perturbada, mas que logo se recupera e sorri, me incentivando indiretamente a não dar muita importância aos acontecimentos que nos rodeiam e, com fingida indiferença, me servir de café e pãezinhos quentes.

— Meu Deus! O que aconteceu com seu pulso? –– Ingrid pergunta espantada ao ver meu pulso machucado a mostra, o que puxo rapidamente para o meu colo na fracassada tentativa de escondê-lo. Olho para o Sr. Sombrio e ele parece estar gelado, tenso e irritado. Seus olhos são novamente nebulosos e ainda mais escuros.

— Não sei bem o que aconteceu, a noite foi tão agitada e fui puxada tantas vezes para dançar... creio ter sido isso! Mas não tem importância, não me molesta em nada. –– minto, tentando nas palavras dar por encerrado o assunto. A Viscondessa também percebe como o corpo de Mikhail está reagindo e, por questão divina, resolve mudar de tema, aceitando minhas explicações e deixando de lado todo o caso.

— Recebi ontem em pleno baile e hoje, ainda a pouco, vários pedidos de cavalheiros que desejam lhe fazer o cortejo. Se quiser, podemos escolhe-los depois das compras. O que acha? — Ingrid pergunta casual.

— Compras?! –– exclamo.

— Claro, criança! Você precisa de um guarda-roupa novo, cheio de belos vestidos de baile. — diz já animada.

— E que horas pretendemos ir? –– pergunto.

— Agora! Precisamos acordar uma dorminhoca Bianca para que nos acompanhe, ela também merece um belo guarda-roupa novo.

— Quer que eu vá chamá-la? –– pergunto na tentativa de sair da sala o mais rápido possível.

— Não há necessidade, Alexia. Termine seu café na companhia do belo Príncipe Mikhail, pois como preciso me trocar, eu mesma a chamo. –– diz se levantando da cadeira e indo de penhoar rosa para a escada que leva ao andar superior.

— Peço desculpas por ter machucado você, estava fora de mim naquele momento. — a voz de Mikhail me soa triste e verdadeiramente arrependida, o que facilmente quebra meu coração, pois o que mais quero é ver um grande e verdadeiro sorriso neste lindo rosto, não as coisas sombrias e dolorosas que parecem ser tão assustadoramente comuns.

— Não tem o que desculpar, Alteza.

— Por favor, Alexia, nada de formalismos. Não agora! — soa irritado e, ao mesmo tempo, quebrado em cada palavra polida.

— Eu...eu... muito bem, Mikhail, nada de formalismos quando estivermos a sós. — aceito ao lhe impor a condição.

— Você pretende seguir meu conselho e ficar longe dele? — pergunta retomando o assunto da noite anterior.

— Mikhail, creio que esse não seja um bom assunto para se discutir no café, prefiro ir para outro lugar já que pretende prosseguir com algo tão sem sentido para mim. — digo antes de me levantar e caminhar para fora da sala numa atitude deselegante e hostil, mas tão necessária para minha sanidade.


☆ Gostou do capítulo? CURTA E COMENTE, sua participação é muito bem vinda!☆

Sedução do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora