O dia, mesmo em sua habitual passagem, me parece tão lento como se mil anos passassem junto à cada hora assinalada pelo tilintar do relógio de parede da sala principal. Meus nervos estão em frangalhos e minha ansiedade ultrapassa o limite da sanidade. Me preocupo com o jantar, com as tarefas da casa e com todo o necessário para qualquer descente recepção, mas todos os empregados já sabem o que fazer, já sabem de forma moldada e disciplinada todas as obrigações que devem seguir, todos os mínimos desejos do Príncipe.
Agora, depois de perambular por todo o palácio durante horas sem ter nada para fazer, estou sentada em um dos sofás da sala da entrada principal tomando, nervosamente e em longos goles, uma taça de champanhe gelado. As bolhas que sobem ao meu nariz e a delicadeza de seu sabor parecem ter um certo efeito calmante sobre meu corpo. Espero sentada e impaciente o momento que o senhor da casa deve chegar. Com um vestido verde escuro de veludo e fios bordados em ouro sobre suas mangas longas e seu decote alto, faço de tudo para me manter uma verdadeira e respeitável senhora. Meus cabelos estão soltos, único pecado que cometo, já que os fios se tornaram ainda mais rebeldes, como para se igualar ao meu estado de espirito perturbado.
–– Senhora!...–– O mordomo-chefe se apresenta, me assustando com sua repentina fala.
–– Ele chegou? –– pergunto um pouco apreensiva, engolindo em seco o susto passado.
–– O Príncipe chegou acompanhado de seus irmãos e um amigo. –– diz neutro.
–– Ah!... Então, por favor, peça para prepararem mais lugares à mesa de jantar. Obrigada! –– termino e o mordomo-chefe, após uma mesura, sai da sala me deixando sozinha para enfrentar aos convidados.
–– Minha querida Alexia! –– escuto Helena me saudar depois de adentrar junto aos três cavalheiros na sala. Ela, encantadora como sempre, usa um belo vestido lilás de uma tonalidade surpreendentemente clara em um tecido acetinado que a deixa ainda mais agradável aos olhos, seus cabelos estão presos em um coque alto e elegante adornado em pedrarias. Seu sorriso me aquece nessa noite fria enquanto seus braços me envolvem em um forte e verdadeiro abraço. Ao lado de Helena posso ver a figura alta e deliciosamente desavergonhada de André, com suas roupas menos formais, seu sorriso lindo e carismático e seus cabelos despenteados, ele me puxa num abraço de urso e irmão, afagando meus cabelos sem qualquer cerimônia.
–– Você se encontra cada dia mais bonita, cunhada! –– André diz ainda com um enorme sorriso em seus lábios e um brilho de diversão em seus olhos. –– Alexia, se lembra do meu companheiro, o Sr. Aasen?! –– diz apontando com a cabeça para o enorme loiro.
–– Senhora!...–– o grande Viking, como uma vez foi chamado por André, se inclina em uma mesura polida.
–– Um prazer revê-lo, senhor! –– digo com o mesmo jeito polido.
–– Deve ter sido bem complicado para um grandão mal-educado como você se inclinar tão socialmente fresco, não Bjørnar?! –– André diz seguido de uma gargalhada e logo recebendo um olhar repressivo.
Ainda não tinha olhado para Mikhail, aproveitei ao máximo os comprimentos efusivos como uma tentativa de esquecer o homem belo e sombrio, que mesmo sem dizer qualquer palavra, ainda me faz sentir a força de seus olhos sobre mim. Meu corpo treme, minha pele se sente pegajosa de suor mesmo após o banho de momentos atrás. Estou nervosa, apreensiva e com medo de fitá-lo. Mas é necessário fazer. É necessário fazer!
–– Mikhail...–– digo ao parar a sua frente e olhar para cima, para seus olhos do mais profundo azul. O tempo parece morrer e, mesmo os poucos segundos passados, segundos em que contenho involuntariamente minha respiração, parecem ter parado durante séculos sem fim. Sinto o ar espesso, pesado.
–– Como tem passado, esposa?! Espero que tenha sido bem atendida durante o tempo em que fui obrigado a me manter fora –– ele diz calmo, porém frio, e nesse momento sinto minhas mãos coçarem para o esbofetear.
–– Vamos, irmão, não faça esse tipo de comentário dissimulado a sua esposa, ela me parece pronta para te atacar! –– André interfere com graça, quebrando um pouco do clima tenso que se formou, o que me deixa agradecida.
––Tem toda razão, André. Não é hora para assuntos que possam se tornar desagradáveis. Hoje é para comemorar! –– digo, forçando com toda minha vontade um humor mais agradável e receptivo. –– Vamos para sala de jantar, pedirei para que nos sirvam em instantes!
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Sedução do Príncipe
RomanceNos contos de fada o amor surge dos momentos mais incomuns, mas para a realidade daqueles que nunca podem escolher, o amor surgiu do memento mais trágico. Alexia é uma jovem ativa e que aproveita de toda sua liberdade rodeada por campos verdes...