|Cap. 50|

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Já se passaram dois dias após o incidente no noivado de Bianca. As festividades ainda devem prosseguir por mais dois ou três, mas não estarei lá para participar. Agora, após dois dias torturantes e solitários, estou malditamente bem instalada numa das luxuosas carruagens de Mikhail e caminhando para meu triste destino. Me despedir dos amigos conquistados em Londres foi difícil, Ingrid me pareceu extremamente angustiada com toda a situação e, ainda mais que os outros, ela me desejou sorte e coragem para enfrentar esta nova aventura.

Durante os dois últimos dias e a correria para concluir os preparativos da vagem, não pude ter a oportunidade de ver ou conversar com os três cavalheiros que haviam tomado, entre as mãos, as rédeas da minha vida: Albert, meu avô e Mikhail. E agora, depois de tudo, um deles está ao meu lado, mas sua presença é como um fantasma pálido e solitário, é como seguir sozinha. Da sua boca não sai uma maldita e única palavra ou dos seus olhos algum sentimento.

–– Está com frio? –– ele sussurra me tomando desprevenida, e sem esperar resposta, apenas me puxa de encontro ao seu largo peito, me envolvendo apertadamente em um forte abraço. Não tenho coragem de dizer nada, muito menos me afastar do calor reconfortante, e assim aceito o abraço que me espanta o frio.

–– Falta muito? –– pergunto quebrando o silêncio que reina.

–– Chegamos! –– ele apenas diz momentos mais tarde, logo me soltando de seu abraço para rapidamente me ajudar a descer a carruagem. Estamos num pier, e um dos seus navios de transporte já está pronto para zarpar. Estou com uma de minhas calças de couro velho e uma folgada camisa de algodão, há, também, um chapéu que cobre minha cabeça e esconde parcialmente meu rosto. Todos concordaram que seria melhor usar trajes masculinos na partida, evitando assim ser reconhecida. Meu avô espera que isso atrase qualquer plano de Pedro, dando-lhes tempo para que descubram uma forma de efetivamente prendê-lo. Este homem, Pedro, parece ter cometido algumas barbaridades sobre a vida de Mikhail, assim, mesmo me sentindo tão perdida e ignorante de informações, me questiono se o homem ao meu lado foi sempre tão sombrio como agora ou se em algum momento não carregou a máscara de ódio e indiferença que cobre seu belo rosto.


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