|Cap. 55|

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Não sei quanto tempo durou meu sono, ainda consigo me sentir desnorteada ao abrir os olhos e procurar, forçosamente, reconhecer o ambiente ao meu redor. Meu corpo está bastante dolorido por manter a mesma posição durante tanto tempo, e tentando esquecer tudo isso, procuro olhar pela janela e reconhecer um fraco sol que surge e uma bela manhã que chega, provando que fui como um peso morto no colo de Mikhail durante toda noite.

––Parece que conseguiu descansar! –– escuto Mikhail sobre minha cabeça.

–– Você! –– exclamo. –– Como conseguiu me segurar durante toda a noite? –– pergunto perplexa. –– Seu corpo deve estar dormente com meu peso. –– digo ao tentar me mover para o banco lateral, e logo ser impedida por braços muito firmes em minha cintura. Não consigo compreender o por que ele me segurou durante toda noite, nem que ainda me queira em seu colo. Levanto meus olhos em busca dos seus, em busca de alguma resposta, mas só consigo encontrar o azul mais triste e solitário, um mar sem vida. Ergo minhas mãos e toco delicadamente a pele de suas bochechas, ele me fita assustado com a invasão de seu momento íntimo, como se sendo forçado a sair de um estado de transe. Seus olhos agora parecem vagar nas profundezas da minha alma e, pela primeira vez, sou tomada por uma angustia que aprisiona e dilacera, como se aquele doloroso olhar se agarrasse firmemente nas profundezas do meu ser e no mais íntimo do meu coração.

–– Deixe-me sair do seu colo para que possa relaxar um pouco seus músculos, devem estar doloridos por me aguentar toda noite. –– afirmo calma, como quem fala à uma criança. E como possível, seus olhos se deixam ainda mais tristes e sua boca se abre em um sorriso de igual sentimento. Tenho vontade de beijar aqueles lábios e, podendo, capturar toda tristeza contida em seu ser. Tenho vontade de segurar seu corpo num abraço forte e o proteger do mundo que parece tanto o machucar. ––Vamos, Mikhail, me deixe sair! –– digo novamente.

–– Não posso! –– sussurra. –– Preciso sentir o calor do seu corpo. Saber que está aqui espanta os pensamentos ruins que teimam em perturbar minha mente. –– termina triste, e posso ver como seus olhos me abandonam e se perdem na paisagem da estrada. E numa atitude ousada, firmo minha boca no vão de seu pescoço e o beijo ali. Ele me olha agora como se não entendesse o que faço, e para ser sincera, nem eu consigo mais acompanhar as vontades do meu corpo que, nesta fração de segundos e aproveitando do momento, se deixa fazer aquilo que me põe tão desejosa: o beijo!

Meu beijo é tímido, o medo de fazer algum movimento errado logo na minha primeira iniciativa me invade como o ar fresco que entra por meu nariz e expande meus pulmões. Quando penso que ele não pretende me corresponder e já estou pronta para me afastar envergonhada, sou novamente impedida por uma mão forte que aprisiona meus cabelos e, o beijo que antes era casto, se torna cada vez mais selvagem e deliciosamente descontrolado. Sinto como se apodera da minha boca, como prende firme meu cabelo ao ponto da dor e como aperta meu corpo ao seu. Enlouquecida, corro meus magros dedos sobre sua camisa de lã na tentativa frustrada de abri-la e sentir sua pele quente. Ele percebe minhas claras intenções e me impede bruscamente ao parar o beijo. Choramingo pelo afastamento, mas logo me forço a recompor quando a névoa da luxuria se desvia um pouco, mas meus sentidos ainda estão aguçados e meu corpo arde por seu toque.

–– Sinto muito, Alexia! –– ele diz firme ao me deslizar lentamente para o banco lateral, não sem soltar pequenos gemidos de frustração. Tento manter a calma e mostrar total controle quando ele acomoda a capa sobre mim e prende seu feixe dourado. Me afasto o máximo que posso, baixo minha cabeça e me coloco a fitar a cor da pele que me cobre, pois estou muito envergonhada para olha-lo. Muito envergonhada para chorar. Muito envergonhada para demonstrar qualquer emoção. 


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