Sedução do Príncipe

André

Meu irmão Mikhail e minha querida cunhada Alexia, creio que quando puderem ler esta carta meu destino traçado esteja avante em léguas, pois escrevo neste pedaço de papel tão elegante e tão contrário a rudeza das minhas mãos, na suave e fresca madrugada do dia posterior ao que partiram. O sono não vem desde incontáveis horas e nem creio que virá com tantas coisas ainda necessárias para supervisionar antes de nosso caminho ao Mediterrâneo. Daqui dois dias partiremos em busca das terras misteriosas do Oriente, do início de mais uma aventura para este calejado pirata e do fim de tantos desacordos que o destino vem martelando na vida da família Korcwovski.

Espero poder encontrá-los após esta última viagem e, quem sabe assim me enamorar novamente pelos dias calmos da Metrópole e me estender eternamente em terras britânicas. Quem sabe o futuro não finalmente reserva a todos uma calmaria necessária e merecida?! Mas agora preciso agir, angariar forças para enfrentar o inimigo e, ao mesmo tempo, ir abandonando uma vida que nunca quis ser salva, uma vida que nunca pertenceu nem a mim e nem ao mundo.

E por não ser a melhor pessoa com palavras, mesmo quando todos sabem das proezas destes lábios que agora se silenciam, e mesmo sempre apoiando as terríveis tentativas de poeta do meu irmão e, também, a escrita incontrolável e confusa de nossa custosa Helena, escrevo com o mais profundo sentimento que palavras podem expressar sobre coisas do coração, pois minha esperança e desejo contínuo é o de que estejam bem, que tenham alcançado terra firme, alcançado minha tão saudosa Londres de dias bons e felizes e que, de agora em diante, construam uma boa vida.

Não pude lhes oferecer uma feliz recepção neste Caribe tão rico e, com tantas confusões, não proclamei meus votos de paz, saúde e alegria para suas vidas enlaças, mas o faço agora com muito carinho e amor. Fiquem bem, meu difícil irmão mais velho e minha encantadora e divertida Valquíria. Fiquem bem e me desejem sorte para abater as maldades do futuro e poder voltar a encantar livre e despretensiosamente todo este mundo.

A.K.