|Cap. 34|

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Indicação de música: Sofia Karlberg - Crazy In Love (Beyoncé Cover)

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O jantar me corre deliciosamente agradável e simples, assim como as companhias e as conversas divertidas. Os pratos foram primorosamente preparados para a recepção de Mikhail que parece como um menino sendo mimado pelos empregados da casa. André e Aasen contam, guiados pelo vinho, sobre as traquinagens que aprontam para o jovem Gaspar, seus sorrisos são afetuosos ao falar do menino magricela e bonito. Helena conta entre risos e certa chacota sobre as damas da alta sociedade que a visitam.

––Todas tão indignadas por não conseguirem enlaçar ao belo Príncipe antes da inglesa! –– ela diz rindo. –– São parvas e muito curiosas, é engraçado e cansativo escutar as mesmas ladainhas.

Mikhail participa de forma parcial e austera de toda conversação, seus modos permanecem polidos mesmo com a maneira mais relaxada que parece se dispor à mesa. Seu sorriso é absolutamente encantador e suas palavras são perfeitas, mas nenhum sentimento parece chegar aqueles olhos que, em cada oportunidade, me perseguem e tentam dissecar todo meu ser. É atormentador e, ao mesmo tempo, agradável saber que tenho sua atenção, que ele ainda parece se lembrar da minha existência. Pensar assim é me estender ao chão para colher migalhas de sua aceitação e sentimentos, me faz sentir pouco, me faz sentir como um nada que está desesperada e desejosa por seu amor e por seu toque.

Depois de tanto falatório e animosidade por parte dos convidados que se esforçam para deixar o ambiente agradável, o jantar finalmente é concluído e, por querer estender ainda mais aquele momento acolhedor em que não preciso enfrentar nada e ninguém, convido meus companheiros para uma bela dose de licor na sala de leitura e descanso. Todos parecem agradáveis em aceitar, o que retorna em alívio para o meu coração instantaneamente acelerado, principalmente quando sinto o perfume de Mikhail ao meu lado ao se dispor para me ajudar a levantar da cadeira. É um ato muito educado e desnecessário já que estamos em um momento íntimo e familiar, mas sentir o contato delicado de seu corpo em minhas costas quando me coloco de pé, o calor e perfume tão único e masculino, e o poder que emana daquele homem, me deixam em um misto de desejo, necessidade, impaciência e alerta constante.

Seu braço poderoso laça, confortável e descarado, minha cintura enquanto me guia para o recinto muito bem iluminado da sala de leitura e descanso. Ao chegar à entrada, posso ver Helena que se encaminha para o piano.

–– Minha querida Alexia, que tal uma delicada valsa para embalar o final do nosso jantar?! –– pergunta com um sorriso nos lábios segundos antes de tocar as primeiras notas. –– Mikhail...–– ela o encara graciosa e, respondendo um comando silencioso, sinto o momento em que ele me puxa para o centro da sala e sem perguntas, no que não coloco resistência, me gira em uma valsa que reconheço ser inglesa e perturbadoramente íntima. Nossos passos não condizem com os apropriados a dança, são apenas movimentos rudimentares e harmônicos. Seus dedos encostam em meu queixo e me puxam para uma exploração mais detalhada, seus olhos azuis me penetram no mais profundo, me prendem em um mar escuro de sedução.

–– Sentiu minha falta, esposa? –– pergunta com um sorriso sedutor.

–– Não tanto quanto sentiu a minha, marido! –– respondo forçando um sorriso de desdém.

–– Pois senti loucamente a sua! Como um viciado me vi em desespero por sentir seu toque, escutar a sua voz ou mesmo suas maluquices masculinas. –– sua voz soa inacreditavelmente baixa e rouca.

–– Então porque não voltou antes para casa? –– questiono corajosa, enfrentado com ferocidade, ganha por relembrar dos momentos de solidão na enorme casa, os olhos que vão se escurecendo em uma tempestade.

Sedução do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora