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--Sente-se!-- William aponta às escadas de pedra cinza que se estendem em 6 segmentos antes de adentrar ao jardim. Aquele espaço conhecido, aquele pequeno mundo entre a soleira da cozinha e a beleza colorida propiciada pela mãe natureza e pelo excelente trabalho das mãos do velho jardineiro da família. -- Este lugar guarda boas memórias, não?! -- segue ao nos sentar confortáveis no chão duro e me oferecer um charuto importado retirado do bolso de seu casaco. -- Me lembro de nossa última conversa aqui, e nossa última verdade. Parece fazer tanto tempo...

-- Aquele dia você me contou sobre suas pretensões em pedir Bianca em casamento.  Uma verdade bem conhecida por todos os atentos, amigo. -- meu sorriso é espontâneo. Falar com William, meu amigo de longa data e companheiro de peripécias da juventude, é fácil e agradável. Sua alegria contagia, seu riso tranquilo e sua mente pura nos deixam levar para um mundo sem preocupações, acreditar que a vida de um homem pode ser simples e alegre.

-- Você também disse que talvez se casasse assim como eu o planejava, ou talvez morresse, assim como o mundo tanto queria.-- ele diz sério, sua voz se formando firme enquanto seus pensamentos são liberados.-- Nunca te compreendi, mas sempre acreditei em suas palavras. Assim eu agradeço por estar casado agora, Mikhail. Agradeço por poder compartilhar esta alegria familiar contigo. -- seu sorriso é honesto, seus olhos brilham em verdade e o resquício de tristeza sobre uma possibilidade presente ao se deparar com palavras do passado.

-- Mas agora precisamos nos preocupar com o presente, meu amigo. Com o futuro incerto e absurdamente feliz que o espera ao lado de sua amada mulher a criança que ela carrega. -- forço palavras agradáveis, busco saciar o desejo de bom agouro sobre a vida deste homem que me fita em alívio. Desejo o melhor para esta família, para aqueles que me ampararam em minha maior desgraça, minha maior solidão. Meu maior abandono e terror. Meus lábios tremem pelo desejo belo que ofereço tão honesto, mas tão difícil ao relembrar constantemente do passado. Um passado que me persegue, me tortura e que rogo infinitamente que me largue.

-- Espero que adentre aos portões da felicidade, meu querido Mikhail. Realmente espero que não se aceite apenas a observá-lo, mas sim caminhe para dentro dele e permita verdadeiramente sua felicidade. Abandone a culpa e a dor, a vergonha ou a solidão. -- as palavras de William me tomam minutos depois de um silêncio agradável. Suas palavras me tomam sem prevenção, deixando meus olhos cansados e assustados por encará-lo  seguirem vagando pela beleza calma desta manhã. Suas palavras reforçam meus sentimentos diários, meus anseios ininterruptos enquanto meus alhos seguem a grama verde que é banhada pelo sol que parece sorrir num amarelo esbranquiçado de pura preguiça matutina. Meus olho seguem, também, as cores vivas das flores, das árvores verdes, do pequeno pomar que se abre em frutos. Esses espelhos sempre assombrados se abrem para cores antes negadas, para a necessidade de encarar o medo e confiar naqueles que mais que provaram sua lealdade. -- Creio ser a hora de voltar, não?! Estamos a tanto aqui fora, logo minha amada mãe nos assusta com suas demandas por atenção. -- William conclui num pequeno riso, seus olhos vagando com o mais caloroso brilho por aquele jardim mágico que sempre nos pertenceu, para aquela vida pura que, principalmente agora, começamos a enxergar.

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