|Cap. 13|

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O dia está quente e nada melhor que um copo do delicioso ponche que está sendo servido. O gosto é incrível e provoca minha língua para o sabor agradável das frutas da estação em cada gole refrescante, tudo isso enquanto ando calma e sem rumo para uma parte afastada no jardim. Sinto que escondida o suficiente eu possa vir a desfrutar um pouco do silêncio e ainda mais da bebida.

Em um pequeno espaço envolto por algumas árvores e mais afastado da tumultuada festa, me deixo cair em um dos bancos de metal presente e vou propondo ao meu corpo um lento relaxar que me angaria sem fim. Tomo outro longo gole da refrescante bebida e fecho os olhos querendo sentir dominar meu sangue o efeito do álcool e do silêncio, querendo poder esquecer as infinitas nuances daqueles olhos azuis.

— Alexia? — escuto um chamado próximo, me forçando a acordar para a realidade após o tempo indefinido que fiquei submersa em tais pensamentos. O único que sei é sobre a verdade da voz que chama. Olho para cima e vejo, parado próximo a mim, o Sr. Sombrio em toda sua altura e plenitude. Seus olhos estão claros e sua feição parece preocupada.

— Olá, Príncipe Korcwovski. — digo ao tentar manter algum tipo de compostura, meu tom é baixo ao pronunciar seu nome e o cansaço faz vez sobre a voz que dificilmente sai.

— O que faz aqui, senhorita?

— Estou apenas me escondendo de ser humilhada por seus comentários. — sou o mais sincera possível, uma ousada atitude que parte da desistência de qualquer possível amizade entre nós e do álcool que carinhosamente me embala. E ao passo de tais palavras, encontro em seus olhos nebulosos toda irritação do mundo.

— Não foi minha intenção lhe ofender, Alexia. — ele diz se aproximando. Me levanto em questão de segundos, uma reação instintiva que toma meu corpo em resposta a sua aproximação. Mas ele ainda continua parado à minha frente, seu corpo a poucos centímetros do meu e seus olhos que parecem ainda mais escuros a me fitar sem cerimônia. — Não vou te machucar, Alexia! — sussurra ao mesmo tempo que leva suas mãos lentamente ao meu rosto.

Seus dedos se afundam em minha cabeça e são engolidos pelo emaranhado castanho. Sua respiração parece mudar, se torna um pouco mais agitada assim como a minha, e vejo suas pálpebras se fecharem enquanto toma um bom gole de ar. Suas mãos ainda estão no meu cabelo, me prendendo para qualquer movimento, mas seus olhos rapidamente se abrem e seu rosto se aproxima ainda mais do meu. — Ele vai me beijar? me pergunto mentalmente, e para minha surpresa sinto sua testa encostar a minha e nossos lábios ficarem extremamente próximos. Tento não fitar esses enormes olhos azuis, mas o desejo é mais forte que minha frágil vontade.

— Não me olhe assim, Alexia! — sua voz rouca me atormenta e em submissão abaixo meus olhos envergonhados pela situação. Tento me afastar, mas seus dedos ainda se prendem firmes em meus cabelos. — William tinha razão, estava malditamente tentado a tocar seus cabelos e acabei descontando em você minha angustiante necessidade. — diz antes de finalmente desentrelaçar seu contato e se afastar alguns preciosos centímetros. Suas palavras me atordoam e seus olhos se mostram mais atormentados que os meus, como se sua mente não pudesse acreditar no que sua boca lentamente sussurrou. Estou muda. Não sei o que dizer, não consigo tragar suficiente ar, muito menos formular qualquer palavra neste instante — Acho melhor que volte para a festa, senhorita. — ele diz calmo. — Podem dar pelo nosso sumiço, e tenho certeza que não será muito agradável quando nos descobrirem aqui. — diz com voz baixa, mas sem nenhum traço dos sentimentos tão externalizados no minuto anterior.

Não aguento mais as constantes mudanças de humor deste homem, as tantas facetas que o cobrem e me colocam sempre tão confusa e presa em seu tormento. Me sinto presa a ele e este terrível pensamento me assusta. Assim, sem dizer qualquer palavra, tento sair tranquilamente de entre as árvores com a certeza de que me afastar um pouco é o melhor. Respirar o limpo ar oferecido pela natureza me deixará novamente sã e minha razão restabelecida não permitirá que meu corpo reaja as suas palavras e aos seus sentimentos, ou que me enfeitice com toda sua intensidade sombria.

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