|Cap. 4|

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A reunião de mulheres na casa da Viscondessa está indo de vento em polpa. Todas as mulheres pertencentes à alta sociedade londrina conversam e bebericam seu champanhe. É um encontro para se mostrar os trajes da última moda e as mais opulentas joias. É, também, um encontro para colocar em dia as fofocas que tomam conta de todas as festas ou jantares em família, um momento perfeito para as casamenteiras de plantão discutirem sobre o melhor ou pior partido da cidade, quem combina com quem e muitas outras coisas que, de minha parte, sempre me ponho sem cuidados a escutar e rir.

Entretanto, não ouso mentir perante as novas sensações que me acometem. O movimento das saias fazendo barulho a cada vez que alguma dama se move e as bochechas vermelhas pelo excesso de champanhe ou calor me tomam de surpresa em toda sua delicadeza, em toda graciosidade que consigo presenciar entre estas damas e seus espíritos divertidos, jovens e corados. O sentimento me comove e me atordoa perante as diferenças tão avassaladoras que surgem entre meu espirito duro e moldado pelo campo e a doçura e riso fácil das encantadoras mulheres que se estendem por todo o salão.

O adocicado da refrescante bebida, as bolhas que sobem ao nariz e o alto teor alcoólico me trazem uma sensação gostosa, divertida e, ao mesmo tempo, relaxante simplesmente por estar sentada num macio sofá escutando a mais nova fofoca sobre um príncipe russo. A diversão tende a tomar meu interior e o riso frouxo pela bebida a se completar em meus lábios. Mas a curiosidade sobre toda essa vida, sobre toda euforia que me rodeia, me faz empertigar os ouvidos para melhor escutar a conversa.

Bonito, charmoso e nobre — as mulheres à minha volta dizem — Sem contar no como é rico. Talvez uma das famílias mais ricas da Europa. Até mais que o próprio rei!

Único problema é ser o homem mais frio de toda Londres, quem sabe do mundo... — diz uma outra em seu sorriso conhecedor.

O riso invade meu corpo sem pudor, a alegria e a malicia nas falas de tão elegantes damas amenizam o mundo estranho que acreditei ser o que encontraria aqui. As poucas horas de uma Londres escura, poluída e quente me mostraram um mundo mais doce e tal qual qualquer outro espaço por mim frequentado em minha vida de interior. A boa comida, as danças animadas e as fofocas divertidas se mostram, como sempre, não distinguirem famílias ou posições sociais.

Mas nada disso importa quando o cansaço me abate com força total, fazendo com que minhas pálpebras já não aguentam um só olhar, deixando meu corpo ser embalado nas sonoras e agradáveis vocalidades de todo aquele falatório. Assim vejo que é tempo de ir, se faz necessário me levantar em busca do carinho de uma cama macia e uma coberta quente, de acalentar um corpo esgotado e ardorosamente bêbado mesmo com tão pouco ingerido. Sim, preciso dormir. Preciso dormir agora!

— Viscondessa! — chamo ao me levantar do sofá e me aproximar da encantadora mulher que passeia indo em direção à uma mesa repleta de frios.

— Olá, minha querida! Me desculpe por não lhe prestar a devida atenção, mas são tantas notícias... — seu comentário surge acompanhado de um sorriso travesso.

— Foi muito prestativa durante toda a noite, Viscondessa, mas receio estar mais cansada do que o esperado da viagem. — afirmo sincera.

— Oh!... Não me chame por títulos. Não os suporto entre momentos íntimos com amigos. — diz com ar de falsa indignação, o que a deixa ainda mais jovem. — Me charme Ingrid! E sobre estar cansada, deveria ter sido mais atenta. Conheço o seu velho avô, e duvido que com aquele jeito espartano para fazer as coisas ele lhe proporcionou algum minuto de descanso. Vou pedir para que Liliana apresente as acomodações, mas receio que nenhum dos empregados teve o devido tempo de bem arrumar suas bagagens.

— Não há importância sobre a bagagem, consigo me cuidar com o que tenho. — respondo tentando parecer o mais firme possível perante tamanho cansaço que rasga em trapos todo meu corpo, a dor que inesperadamente vai tomando toda minha musculatura e a necessidade de uma noite do mais profundo sono.

— Muito bem. Sendo assim, tenha uma deliciosa noite de descanso, e espero que esteja preparada para as compras de amanhã. — ela diz segundos antes de ir conversar com uma jovem que se dispõe próxima, para logo retornar com um amplo sorriso no rosto. — Agora, querida, siga Liliana que está te esperando no topo das escadas. — termina apontando para a mulher que me espera.

Após alguns abraços e mensagens de despedida, me encaminho para o lugar indicado deixando o olhar brilhante e eufórico, o sorriso aberto e meio malicioso da Viscondessa que com o acenar de cabeça me incentiva a seguir os passos ansiosos da jovem ao meu lado. 


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