|Cap. 15|

555 40 13
                                    

–– Está pronta para nosso pequeno passeio? –– pergunto ao encontrar Guez sentada na sala de entrada da casa colonial.

–– Sim, estou! –– afirma prontamente, se levantando em um pulo da poltrona em que estava entregue.

–– Tem ideia de para onde vamos? André não quis me informar muito. –– pergunto.

–– Saberá mais quando chegar lá. –– responde apática, e essa foi a única conversa que tivemos antes de sairmos pelo jardim principal da casa, passar pela vila e subir rumo ao galpão de armas da última vez.

Posso, agora que caminhamos em direção a construção, ver com o canto dos meus olhos, como a musculatura do corpo de Guez se enrijece, como seus punhos se fecham e seu caminhar se torna mais rápido e duro. Ao olhar diretamente para seu rosto, posso ver os lábios apertados, a pupila dilatada de olhos vigilantes, o suor que banha sem calma sua tez e seus traços marcados.

–– Guez?... –– chamo preocupada, já me lembrando dos acontecimentos dos dias passados e da reação desesperada e aflita.

–– Fique tranquila, Alexia, hoje sei mais do que ontem. Não há nada a temer! –– diz sombria antes de bater calmamente na pesada porta do galpão, o que é grosseiramente oposto à resposta de seu corpo em cada grama. Após instantes, escutamos fechaduras rangendo e um rosto redondo, com barba por fazer, cabelo loiro e olhar gentil aparecer entre o vão da porta e nos sorrir.

–– André havia me informado sobre sua visita, Guez. –– ele diz após abrir a porta ainda mais para nossa entrada.

–– Agradeço, Georg! Mas também sei que o Capitão te colocou para me vigiar, e posso garantir, assim como você, que não haverá necessidade.

–– Eu sei, criança! Mas quem iria imaginar que você fosse ficar gravida? Eu e minha esposa sempre colocamos isso em cheque, o que ele estava pensando? Você é mulher, caramba! –– o jovial senhor esbraveja em um pequeno acesso de raiva sobre o destino de sua companheira de embarcação e aventura.

–– Sei que se preocupa comigo, G., e que tenta colocar juízo na cabeça de todos a bordo do Sereia, mas sou uma grosseirona e cabeça de vento que só sabe brigar, beber, falar palavrão e levar a vida num navio. Não podemos culpar o Capitão, ele sempre tentou me ajudar de alguma forma. Se estou nessas condições, é porque entrei em algo que não estava preparada. –– escuto Guez responder. É visível a tentativa de proteção para com seu chefe, mas é ainda mais visível o rosto de lábios apertados e olhar desaprovador do gentil senhor.

–– Pelo amor, Guez, você é a única inocente em tudo isso! Aquele maldito Capitão Jack já é vivido e experiente, não tente defendê-lo. Eu ainda não fui me acertar com ele, mas faço questão de exigir um casamento e uma vida segura para você e este bebê.

–– Não tenho intensão de me casar, G., mas não vamos mais falar sobre isso, agora é momento para coisa mais importante e eu gostaria de vê-la. –– ela diz calmamente, e posso sentir o calor no rosto do velho Georg se apaziguar até abandonar o tom de vermelho ao soltar fortemente o ar de seus pulmões em resignação. –– Alexia, não apresentei antes, mas pela fisionomia já deve ter percebido que este gordo Goeog é o pai de Hanna e marido da Sra. Rurson. –– diz com um sorriso brincalhão quebrando o momento de silêncio após a pequena discussão.

–– Encantada em conhecê-lo, Sr. –– digo polidamente ao entrar na enorme sala mal iluminada.

–– Igualmente, Srta.

–– Ela é casada com o irmão do Capitão, G. –– Guez o corrige sem muita delicadeza, fazendo o rosto rechonchudo do pobre homem se avermelhar ainda mais em seu embaraço.

Sedução do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora