|Cap. 10|

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A loja de doces que estamos é lindamente decorada, e o cheiro maravilhoso que tem me traz muita água na boca. Não consigo parar de admirar os bolinhos com gotas de chocolate que acabaram de chegar em uma bandeja nas mãos do confeiteiro, e não demora muito para que consiga pedir três dessas belas delícias.

— Vocês querem algo? — pergunto para o grupo que me espera do lado de fora.

— Essas coisas engordam muito, não quero estar apertada dentro de um vestido. — diz Bianca.

— Muito bem! — respondo indiferente, tendo olhos apenas para os pedaços fumegantes e cheirosos que são colocados em um saco de papel e prontamente entregue.

Pego o pacote oferecido com os bolinhos, pago minha conta sem interferência e saio da loja com o maior sorriso de satisfação que só comidas gostosas podem proporcionar. Caminho alguns passos e subo no carro que nos levará ao destino festeiro que nos aguarda. Porém, é só quando mal acabo de me acomodar no banco confortável com a ajuda de William que senta à minha frente e ao lado de Bianca, que me dou conta que serei obrigada a permanecer por quase três horas ao lado dele, ao lado do Sr. Sombrio. E nessa desventura, o único que me deixa ficar menos aborrecida é poder ver a cara de irritação da jovem Bianca. É óbvio o seu interesse em ser a futura Princesa Korcwovski. É isso ou ela deve, terminantemente, odiar William. Mas para tentar tirar esses pensamentos sem importância de minha cabeça, busco me ocupar com o pacote que guarda gostosos bolinhos enquanto o carro se põe em movimento.

— Vocês querem? — ofereço educada para Bianca e William. Bianca parece ter vontade de experimentar o bolinho, sinto seus olhos desejosos fixados no pacote de papel desde o momento em que os abri, mas seu receio em pegar um é evidente em suas mãos que seguem apertadas em punhos sobre as próprias pernas.

— Não se preocupe, um só não engorda! Qualquer coisa é só não comer sobremesa no jantar. — afirmo, e seus olhos parecem brilhar aceitando a desculpa quando ela pega um dos deliciosos doces.

— Acho que também vou querer um já que vamos levar algumas horas até chegar. — diz William ao pegar o segundo bolinho e me deixar com o último.

A ansiedade me afoga com a necessidade estranha em comer a guloseima desde quando as comprei na confeitaria, e aposto algum dinheiro se meus olhos não estão imitando os de Bianca anteriormente.

— Não vou ganhar um? — escuto a sonora voz ao meu lado, me deixando paralisada na ação iniciada de levar o bolinho meio caminho para a boca.

— É que só comprei três, e disseram que não queriam! — me esforço em parecer meiga e necessitada do único doce que disponho, uma tentativa infrutífera de permanecer dona da sobremesa tão ansiada.

— Não me lembro de dizer isso, senhorita Alexia. — diz ardiloso, me deixando com uma imensa vontade de apertar aquele belo pescoço. Entretanto, é com pesar que acabo cedendo aos olhos azuis que encaram apaixonadamente o apreciado doce em minhas mãos e assim o ofereço.

— Pode ficar com ele! — digo tentando não demonstrar a tristeza em me separar do doce e sentindo-o me observar ao tentar esconder um riso travesso.

— Que tal se dividirmos? — pergunta gentil, e sinto sua voz como puro chocolate derretido sobre meu corpo. A comparação me deixa chocada, então a tranco numa caixinha em algum lugar bem escondido dentro de mim.

— Aceito! — apresento assustadoramente rápido e levando o bolinho até ele. — Pode comer a metade. — termino, e fico muito surpreendida quando ele segura minha mão que ainda contém o pequeno doce e a leva diretamente até sua própria boca, mordendo descaradamente um pedaço fácil.

— Agora é sua vez. — ele diz levando o bolinho aos meus lábios. Não consigo acreditar no que se passa, observo assustada qualquer sinal de desaprovação dos dois à minha frente e fico novamente sem reação.

— É só um doce, Alexia. Coma! — ele sussurra uma ordem próximo o suficiente para arrepiar todo meu corpo. Me obrigo a acreditar em suas palavras e como um bom pedaço da guloseima, o que me faz ir aos céus. Fecho meus olhos e tento avaliar como algo pode ser tão pecadoramente saboroso, principalmente quando servido das mãos de um nobre príncipe russo.

— Gostou!? — sua voz é suave, mas me parece um pouco mais áspera que antes. Abro meus olhos e ele está me encarando, me deixando saber que sonda o mais fundo de minha alma. — Quer outro pedaço? — pergunta gentilmente sem afastar seus olhos dos meus. Não sei o que dizer, meu rosto parece estar em chamas. Ele é o único que não nota o inapropriado de suas ações? Até eu, uma garota do campo, sei que isso vai gerar comentários, principalmente pela forma assustada em que nos olha a jovem Bianca.

— Ainda não me respondeu, senhorita. — escuto novamente sua voz à minha direita, e minha única reação é um balanço de cabeça afirmativo antes de dar mais uma mordida. Mas desta vez não fecho os olhos, mesmo com muita dificuldade tento manter um olhar atento aos outros passageiros, que para minha surpresa, parecem agora fingir nada notarem.

— Penso que já comeu sua parte. — ele murmura repentinamente.

— Quê? — digo abismada, saindo do estado alerta antes imposto sobre meu próprio corpo — Mas só comi dois míseros pedaços!

— Não, penso que já se foi sua parte. Na verdade, considere-se uma moça de sorte por eu ter dado dois pedaços da minha sobremesa.

— Como? Seu bolinho? — digo com falsa indignação ao ver o sorriso tímido no canto de sua boca.

— Sim, meu bolinho! — ele prossegue. — É o pagamento pelos vestidos. Não acha justo? — pergunta, agora expondo um sorriso perfeito, o primeiro sorriso de divertimento que ganhei dele. Como ele pode conseguir ser mais bonito ainda quando sorri? Seus dentes perfeitos, seus lábios rosados e sua pele alva me deixam inebriada. Engulo seco, não sei o que responder. Minha vontade é fazer alguma observação sobre seus belos lábios, ou como as maçãs de seu rosto estão rosadas pelo divertimento, ou mesmo, como esses olhos podem ter tantas tonalidades de azul. Agora, por exemplo, estão límpidos, da cor de um céu sem nuvens durante o dia, muito diferente de quando o desafiei na loja da madame Taylor, aquele azul era escuro e tempestuoso.

Durante o tempo em que me perdi em tais pensamentos, ao fitá-lo novamente, percebo que ele está silenciosamente a me observar. Seus olhos ainda mantém uma cor límpida, mas que facilmente vão se escurecendo para uma outra tonalidade. Não quero que mude o comportamento, seu jeito mais solto e divertido não me deixa tão nervosa ou irritada, pelo contrário, me sinto livre para falar como quero.

— Creio que dois vestidos não valem este bolinho. — digo com um sorriso, e seus olhos parecem se acalmar da tempestade, o que me alivia.

— Tem toda razão, senhorita Alexia. — ele diz mais comedido e retornando a sua sobriedade mais que costumeira. — Pode ficar com o doce todo para você. — diz gentil em um bonito sorriso já não tão sincero.

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