|Cap. 17|

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Caminhamos por quase uma hora antes de poder vislumbrar a faixa de areia branca que segue de encontro ao mar. O lugar é ainda mais bonito que o porto. A sensação de equilíbrio, força e revitalização adentra meu corpo quando coloco os pés descalços na água salgada e absurdamente fria. O azul imenso e escuro não me lembra olhos sombrios, me lembra liberdade e desconhecido. Me lembra possibilidade e, olhando para o rosto de Guez que está, também, com seus pés na água e olhos perdidos na mesma grandeza, um recomeçar para muitos de nós.

–– Acho que não estou com medo de encontra-lo, mas com medo de presenciar sua reação ao te ver novamente. –– falo.

–– Como?!... –– ela pergunta saindo de seus pensamentos e se virando para mim, para a realidade.

–– Mikhail... acho que estou com medo da reação dele ao te ver. Sei que não o ama, mas eu sim, e o ciúme me come viva. –– respondo perturbada e, ao mesmo tempo, triste com a revelação que sai tão fácil de meus lábios enquanto meus olhos envergonhados se prendem ao horizonte.

–– Não há vergonha no medo ou no ciúme. Não há vergonha em amar alguém e querer ser amada de volta, Alexia. –– Guez diz momentos depois, quando o sol já se põe e a noite surge triunfante em seu véu escuro, se levantando da areia que sentamos e tirando o excesso agarrado a suas calças. –– Está pronta, Alexia? –– ela me encara com seus olhos escuros e brilhantes na espera de uma resposta. Uma resposta ao meu destino.

–– Quero acreditar que sim! –– digo me apoiando em sua mão estendida para me levantar. Sacudo o vestido para retirar o excesso de areia, limpo os pés, calço as botas e vamos, juntas, caminhando corajosas de volta para casa.


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