|Cap. 37|

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–– Por que tão pensativa, cunhada?

–– Só tentando colocar meus pensamentos em ordem!

–– O mar é a melhor cura para um coração machucado. Olhar essas pequenas ondas, a sensação de liberdade que esse infinito azul nos mostra e, se você deixar, carrega para longe nossos problemas e angustias. O mar limpa a alma e restaura a vida!

–– Você parece ser um bom conhecedor! –– digo com ar de deboche.

–– Fiz muitas viagens por esses mares e pude experimentar essas coisas em todos eles.

–– Não me parece alguém com a cabeça cheia, André! Está sempre rindo ou implicando com os seus.

–– Todo mundo tem algo que o machuca, Alexia, só que a maneira que demonstram é diferente. Você está machucada e enfrentando o desconhecido, mas outras pessoas igualmente o fazem.

–– Está falando de Mikhail?

–– Meu irmão pode ser dado como exemplo, mas, também, as pessoas a bordo deste navio. Sabe, cunhada, todos aqui estão procurando por algo e se deixando guiar.

–– O que quer dizer?...

–– Não se feche em ódio ou amargura, aproveite essa viagem e se descubra, se reinvente, perdoe e entenda o coração do outro. Enfim, aproveite o início da sua aventura no Caribe!

–– Caribe?? Mas... mas não estávamos voltando para Inglaterra? Mikhail disse...

–– Cunhadinha, nunca permitiria que voltasse para aquela vida triste no campo, não antes de se tornar uma verdadeira pirata. Uma Pirata que escolheu o próprio destino. –– diz com um sorriso maroto de criança que apronta mais uma de suas travessuras.

–– Oh!! André, você é louco! Está falando sério? –– digo já menos assustada e, estranhamente, gostando dos novos rumos que minha vida parece tomar. Como sempre André tem esse poder, essa capacidade de transformar os sentimentos ruins em coisas boas, em oportunidades novas. Agora que vejo, ele é o puro mar que limpa, restaura e liberta. Sim, neste início de amanhecer e tendo uma imensidão de água pela frente, eu tomo a liberdade para ser uma nova Alexia.

–– Acredito que esse sorriso signifique que minha bela cunhadinha não está com raiva de mim?!

–– Não estou, André! Mas não apronte uma dessas novamente, pois na próxima eu não irei perdoar! –– digo rindo abertamente –– Agora, se me permite, pretendo descansar um pouco já que não pude dormir com os acontecimentos da última noite. –— afirmo saindo da borda do navio e caminhando rumo ao quarto reservado.

–– Ei, Alexia!

–– Sim, André?!

–– Isso pertence a você! –– diz me entregando uma caixa.

–– Uma caixa de joias?

–– Mikhail me pediu para lhe entregar.

–– Não preciso disso, pode pegar de volta!

–– Vamos, cunhada, apenas dê uma oportunidade ao que está em suas mãos. Esta é a caixa de joias do meu irmão, e ele está entregando a você.

–– O que quer dizer com isso?

–– Vá para seu quarto e descubra! Joias como essas não devem ser usadas em público.


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