|Cap. 8|

527 39 4
                                    

–– Está pronta para nosso passeio de hoje? –– escuto a voz do belo Gaspar que me espera, enquanto desço a escada, perto de um dos sofás da sala de recepção.

–– Muito mais pronta do que da última vez! –– respondo com um sorriso. Tenho passado todos os dias desde minha chegada, o que contabiliza aproximadamente umas duas semanas, entretida com os passeios selvagens e magníficos que faço com Gaspar. Do mar, docas, mercados, rios, casas de amigos e matas, ando exaustivamente por todos eles. É um passeio sempre cansativo, mas sempre divertido. Conversar com o jovem rapaz que se põe cada dia mais tranquilo ao caminhar por essas florestas, áreas e paisagens majestosas, conhecer cada pequeno e precioso detalhe desta terra e me aventurar com um vestido de algodão, me mostram que o belo está no simples e que o amor pelo Caribe é contagiante.

–– Vejo que está com uma cor ainda mais bela com os dias que tem passado conosco, Alexia. –– André aparece em sua tão costumeira camisa de algodão e calça de couro. Seu cabelo longo sempre solto e sua barba por fazer lhe conferem um ar sensual e ousado, algo deliciosamente fascinante e dourado.

–– Não fale assim, meu querido André, podemos ter todas as donzelas da região enciumadas se escutarem. –– brinco, mas com absoluta consciência da verdade de cada palavra. Este encantador e galante homem é o alvo principal de toda e qualquer jovem da ilha, assim como, sem dúvida, de Moscou.

–– Meus olhos são para minha família e trabalho, o resto deixo para homens que realmente queiram tais encantos femininos. –– termina com um belo sorriso antes de nos chamar para acompanha-lo à mesa do café e, como durante todas as outras vezes, cuidar de Gaspar e induzi-lo a se alimentar bem.

–– Por favor, Capitão, não sou mais criança. Posso me alimentar sozinho! –– Gaspar interrompe André em seus cuidados.

–– Eu sei muito bem que não é mais uma criança, seu magricela. Mas se não te ajudar, você nunca come uma quantidade aceitável para uma pessoa normal. –– André diz em seu início de irritação. –– Agora vamos, pare de falar e coma!

–– Gaspar, por Deus, coma essa comida ou seu bonito Capitão irá estrangular a nós dois. Olhe bem para ele, não parece se conter. –– digo em chacota para com o exagerado André.

–– Mais uma língua esperta nesta casa! Vocês, jovens, precisam respeitar um homem mais velho e vivido como eu. –– diz com um sorriso ao aceitar a brincadeira.

–– Meu querido ancião, deixe o pobre menino em paz. Além disso, minha língua esperta não é muito diferente da sua, Senhorzinho! –– termino antes de enfiar um generoso pedaço de bolo de laranja na boca. Eu, diferente de Gaspar, que parece nunca ter muito gosto para comida, amo em todos os detalhes a deliciosa comida preparada por Hanna e os outros empregados.

–– Senhora Alexia, acredito já ser hora suficiente para começar nossa expedição. Podemos pedir para Hanna embalar alguns pães doces e comer mais tarde, precisamos aproveitar antes que o sol esteja muito alto e a caminhada se torne impossível. –– Gaspar fala sem parecer ter sido, de alguma forma, afetado por todos aqueles comentários anteriores. Porém, sua feição mais comedida e fechada estampa seu belo e moreno rosto, sua voz mais neutra e sua resposta objetiva só me apontam para uma espécie de armadura contra as atitudes de André ou mesmo as minhas.

–– Tem toda razão, Gaspar. Vamos, vamos! –– digo ao levantar num pulo da confortável cadeira. –– André, sinto muito não poder terminar nossa pequena refeição e nossa divertida conversa, mas a aventura me chama. –– lhe dou um amplo sorriso antes de sair da enorme sala de desjejum acompanhada de um Gaspar cheio de dificuldade em se desemparelhar do olhar escuro e dominador de André.


☆ Gostou do capítulo? CURTA E COMENTE, sua participação é muito bem vinda!☆

Sedução do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora