|Cap. 18|

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Indicação de música: Rihanna - Love On The Brain

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Abro os olhos. Estou deitada em uma enorme e confortável cama. Olho para todos os lados e sei que estou em um dos enormes e luxuosos quartos do palácio, no quarto de Mikhail. Há uma claridade no meu lado direito, me deixando saber que a lareira está acesa consumindo a madeira que estala. Tento me levantar, não sem dificuldade, meu corpo parece um tanto entorpecido. Sento-me na cama e descubro estar completamente nua sob os delicados lençóis de seda que, desobedientes, vão caindo e descobrindo meu fraco corpo.

–– Mikhail?!... –– testo minha voz dolorida.

–– Sim, Alexia?! –– o escuto sombrio. –– Sente alguma dor ou grande desconforto?

–– Minha cabeça dói um pouco, é como se tivesse levado uma pancada! –– tento uma brincadeira sobre a minha desgraça, uma forma estúpida talvez de quebrar a tensão que paira sobre o quarto. Ele permanece em silêncio. Vejo agora, mais nitidamente, seu corpo estendido na enorme poltrona e ao seu lado uma garrafa de Whisky quase vazia. –– Foi Pedro? –– pergunto rompendo o silêncio que longamente se forma.

–– Não me parece com algo que Pedro usaria...

–– Mas, então...

–– Não sei o que está acontecendo, Alexia, mas vou descobrir! Não deixarei que a levem de mim... –– sua voz é tão solitária e triste, e seu rosto mascarado pelas sombras provocadas pela luz da lareira não me deixam compreender um pouco mais do seu espirito. Me levanto da cama com dificuldade e, com apenas o lençol para proteger meu corpo nu, me arrasto lentamente ao seu encontro até estar em pé na sua frente.

–– Mikhail... –– chamo tímida.

–– Alexia... –– ele diz se despertando de seus sombrios pensamentos. –– Não deve ficar em pé, volte para a cama e descanse. –– ordena, mas não o obedeço, meu corpo só responde a necessidade de estar perto e de confortá-lo. –– Sente algo? Quer que mande retornar o médico? –– pergunta preocupado. Uma pergunta para a qual não consigo responder uma palavra. Não consigo voltar para cama e permanecer sozinha, me sinto atraída em todo momento, ainda mais agora, para cada vez mais próximo deste Sr. Sombrio. Meus sentidos não fazem conta quando me sento em seu colo e apoio a cabeça em seu peito. Meus sentidos só fazem conta de afogar o amargor de uns tais olhos azuis. Meus sentidos só fazem conta do desespero egoísta de me manter cada vez mais perto. –– O que faz? –– ele sussurra um pouco assustado, mas sem me afastar ou interromper. Minhas pernas descansam uma em cada lado de seu corpo e posso sentir seu calor que emana, seu cheiro maravilhoso e selvagem, seus batimentos cardíacos acelerados e sua respiração pesada. Estou inebriada pelas maravilhosas sensações, pelo aconchego e pela proteção que ele me oferece.

–– Preciso de você! –– digo, e me assusto com tal verdade impulsiva.

–– Não sabe o que diz, Alexia. Ninguém em sã consciência precisaria!

Desencosto minha cabeça de seu peito e com uma das mãos puxo delicadamente seu queixo para me fitar e, no instante que seus atormentados olhos me encaram, o beijo. É um beijo suave e demorado, um beijo de alma. Sinto quando suas mãos agarram minha cintura por sobre o tecido do lençol e como meu corpo inteiro se aquece e meus dedos se tornam ansiosos por tocá-lo. Suas mãos ainda prendem firmemente minha cintura, me apertando ainda mais contra um peito forte e quente e contra sua necessidade que mesmo latente e violenta é tão silenciosa. Posso sentir a dor do desejo em seus olhos quando, lentamente e hipnotizada, balanço meu quadril sobre seu colo, esfrego meu corpo despudoradamente ao seu e vou me deixando entregar a sensação pulsante que começa entre minhas pernas e sobe até a superfície da minha pele que se banha em uma camada fina de suor. Quero senti-lo por completo, desejo desesperada cada polegada sua, cada toque e cada gozo. Seu corpo treme, seus belos olhos se fecham, e com uma careta de dor ele de repente me puxa para um abraço, me imobilizando enquanto se levanta da poltrona e me carrega de volta para a cama em meu estado de perplexidade pelo rompimento bruto.

Durante o percurso de poucos e amplos passos de volta à cama não suporto mais segurar os sentimentos que me invadem e a dor de estar sozinha e humilhada ao implorar migalhas de sentimento por parte do homem que me tomou como esposa. Então choro, deixo que as lágrimas escorram sem demanda e torço para que a dor seja com elas levada.

–– Alexia, por favor, me entenda... –– ele diz enquanto me coloca delicadamente sobre a enorme cama. Não ouso dizer uma palavra, apenas me viro para o lado na tentativa de ignorá-lo e, quem sabe assim, controlar o turbilhão de sentimentos que se desprendem de mim. Mas ao pensar que facilitei as coisas para que ele possa deixar o quarto sem maiores constrangimentos, ou melhor, para que não me sinta ainda mais humilhada, o sinto deitar ao meu lado e puxar meu corpo de encontro ao seu num abraço apertado e carinhoso.

–– Não pode me esconder das respostas e do mundo para sempre, Mikhail. –– sussurro entre lágrimas. –– Só assim vai poder se livrar mais rápido de mim! –– termino exausta.

–– Mas não quero me livrar de você! –– o escuto sussurrar alguns momentos depois, um barulho quase inaudível, como se sussurrado apenas para si.


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