|Cap. 14|

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— Ei, Alexia, onde estava? — escuto a voz de William instantes depois quando já cominho livremente pela área de comum convivência.

— Explorando o local. — minto.

— Por acaso viu Mikhail durante sua exploração?

— Sinto muito, mas não o vi. Algum problema? — a segunda mentira que sai tão facilmente dos meus lábios me embaraça, deixando tal certeza percorrer pelos olhos negros e espertos de William.

— Entendo. E o que tem explorado durante os últimos minutos, se posso perguntar?

— Explorado os exemplares abertos ao matrimônio. — digo, e logo nós dois caímos na risada. William definitivamente é um homem muito engraçado, além de extremamente gentil. Se fosse o solteirão a procura de uma noiva, mesmo não fazendo "seu tipo ", que nitidamente é Bianca, proporia eu mesma um vantajoso casamento.

— Posso saber qual o motivo de tanto riso com a senhorita Alexia, meu querido amigo? — Mikhail mais uma vez me pega desprevenida, fazendo meu sorriso desaparecer em segundos.

Ao me virar para lhe dar as devidas atenções, encontro com seu belo físico alguns passos perto de mim. Seu corpo é alto e delgado, e com a claridade do dia, vejo deleitosamente como lhe cai bem o preto, dando uma aparência tanto sombria e perigosa quanto sedutora, pois não deixa de ser um perigo às jovens damas. Retiro rapidamente meu olhar de seu corpo antes que percebam minha clara curiosidade, levanto discretamente meus olhos ao seu belo rosto tentando não me fixar em nenhum ponto propriamente específico.

— Alexia estava me contando a maneira como enxerga a nós homens. — responde rindo William.

— Posso saber como, senhorita? Gostaria de rir um pouco, e sua opinião parece ser bem divertida para deixar William tão animado. — apresenta sério.

— Exemplares. — apenas digo.

— Creio não compreender. — sua sonora voz retorna.

— Ela nos considera como produtos à venda, meu amigo. — William responde ainda entre risos.

— E o que tem achado dos "exemplares" à disposição?

— Há dois ou três que considerar, mas nada muito além de baixas expectativas. — coloco em óbvia ironia.

— Ah, senhorita, deve haver alguém ao seu alcance.

— Talvez. Não tive muito tempo para avaliar, ainda não pude conversar com nenhum deles.

— Creio que teve bastante tempo para avaliar meu querido amigo William.

— Meu amigo, ainda não sou homem para o casamento, mesmo Alexia sendo tão divertida e bonita. Creio que ela não pode me esperar tomar jeito. — E como sempre, com seu jeito brincalhão e charmoso, William consegue sair de uma situação tão delicada sem me ofender.

— Acredito não ser o tipo de dama para atrair a atenção de William, seus olhos já devem estar pousados em uma flor mais delicada. — digo essas palavras e William, pela primeira vez, parece corado e um pouco surpreso.

— Não diga isso, Alexia, a senhorita me parece bela e exótica e, em minha simplicidade, seria desqualificado para futuro pretendente. Mas, por favor, me diga o que a fez descartar meu bom companheiro, Príncipe Mikhail? — seus olhos parecem estar curiosos para minha resposta, assim como, surpreendentemente, estão os de Mikhail.

— Não o descartei. — e antes de pensar as palavras saem como um cavalo desgovernado de minha boca, mas sem dar tempo para qualquer argumento e apavorada por qualquer inadequada interpretação, continuo. — Mas tenho certeza que não sou seu ideal de dama para casar devido a meu jeito infantil ou minha criação muito mimada. Ou talvez os dois, ainda não consegui chegar num bom consenso.

— Finalmente os achei! Já dancei com meia-dúzia de cavaleiros e nenhum deles foram os senhores. — a voz de Bianca soa alguns passos próxima de onde estamos. Ela vem toda triunfante com seu belo vestido e o mais charmoso e indulgente sorriso, e pela primeira vez agradeço e me alivio com um de seus comentários. Mudar de tema me tira das sérias complicações que se meteu minha grande boca.

— Senhorita Bianca, creio que William ficará encantado em ser seu par nesta valsa. — diz Mikhail indiferente, deixando uma Bianca sem fala e nada contente com o par proposto, o que me lembra de nunca a ver disposta para com William, mas esse pensamento logo é substituído pela ideia de ficar sozinha com um torturante Príncipe.

— Não quero atrapalhar a dança de vocês, então irei pegar algum refresco. — afirmo ao tentar me afastar discretamente.

— Senhorita Alexia, me daria a honra desta valsa? — Mikhail pergunta sem rodeios, me deixando um pouco desconcertada pelo recente pedido.

— Não penso ser uma boa ideia, Príncipe Mikhail. — tento me esquivar de qualquer contato direto com o homem duro ao meu lado.

— Mas disse que havia tomado aulas de valsa, então não podemos desperdiçar o tempo que passou aprendendo. Além do mais, senhorita, estou disposto a dar uma trégua durante nossa dança. — Seus olhos carregam novamente o brilho charmoso e divertido, aquela sensação boa que temos quando olhamos um belo céu azul em dia de verão. É assim que me sinto neste momento, e por todo este encanto, cedo ao pedido e me deixo ser levada para a pista de dança improvisada no jardim frente uma orquestra que toca uma lenta e deliciosa valsa.

— Então me considera candidato para o casamento, Alexia? — a pergunta segue segundos depois dos primeiros passos de dança.

— Por favor, Príncipe Mikhail, prometeu não me provocar.

— Estou apenas curioso, e me chame Mikhail.

— Príncipe Mikhail, prometeu não me provocar... — mantenho seu título numa tentativa de me distanciar, mas sem esperar escuto sua deliciosa e sonora gargalhada que me desarma totalmente.

— Sempre aproveitando as oportunidades para desafiar, Alexia?

— Sou apenas uma jovem sincera a procura de marido, não quero desafiar ninguém. — respondo já contagiada por aquela mudança.

— Creio que o faz! E não sei explicar o que causa, mas me sinto tentado a aceitá-lo. — escuto sua rouca voz enquanto sinto seu corpo próximo ao meu, nada muito escandaloso, mas o suficiente para que possa sentir o cheiro maravilhoso e inebriante que exala. Minha vontade é de deitar a cabeça em seu peito e ser embalada ao som delicioso da valsa que nos acompanha por todo o dia.

— Em que está pensando, Alexia? — aquela sedutora voz novamente me tira dos ardorosos devaneios.

— Uma mulher deve manter um pouco de mistério, ou não terá presa pela sua teia casamenteira um mísero pretendente.

— Agora nos compara a míseras presas, senhorita? — pergunta com um sorriso, me comprovando o quão extremamente fácil seria para uma dama se pegar desejosa de mais sorrisos fascinantes como este. Isso sim é se sentir como uma presa, uma fácil presa de um belo príncipe russo.

— Não ousaria dizer tal coisa, não com essas palavras... — termino em um riso verdadeiro.

— Gostaria de algum refresco?

— Como...?

— Se gostaria de pegar algo, Alexia, ou prefere dançar uma segunda valsa comigo? Devo avisar que será motivo de falatórios, mas ficaria encantado.

— Oh, não!... Não havia percebido que a música acabou. Peço desculpas!

— Não faça! Fico contente em ter provocado tal efeito. Agora vamos, vou te levar para beber algo e comer também. Creio que só tenha comido aquele pequeno doce durante toda manhã. — diz, me provocando lembranças do episódio do bolinho e me fazendo sentir nesse exato momento as bochechas aquecidas em vergonha.


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