|Cap. 10|

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–– Por favor, André, me diga que não é o que imagino. Me diga que não há mais ninguém, que toda aquela merda acabou!

–– Não me peça para responder isso, Guez...

–– Meu Deus!... Você me prometeu, seu maldito! Me prometeu que aquela seria a última vez, que nosso trabalho estava terminado e que eu poderia finalmente descansar desse inferno.

–– Caramba, você acha que era mesmo isso que eu queria?! Que era para essa vida que eu sempre quis te carregar desde o primeiro segundo que te tirei daquela maldita água, desde o primeiro momento que você saiu daquela maldita vida?! Me sinto culpado em cada segundo, cansado em todos os momentos e desesperado por não conseguir te proporcionar um futuro melhor. –– escuto a voz alterada de André que grita desesperado com Gaspar enquanto subo lentamente a escadaria de acesso ao andar superior. Tenho medo de interromper toda a conversação, mas tenho medo do que toda essa agitação possa causar. Me preocupo com o jovem Gaspar que parece tão vulnerável em seus gritos desesperados, em seu pânico estampado em cada palavra.

Caminho lentamente pelo corredor e espero entre a porta de mogno belamente entalhada e a biblioteca que se encontra do outro lado. O ar está carregado, posso sentir as emoções pesadas que envolvem os dois tão fortemente ali dentro.

–– O que pretende fazer agora? –– escuto Gaspar clamar rouco.

–– Ela será a última, querida. Eu prometo! Mas é preciso mais este sacrifício para que finalmente possamos acabar com tudo.

–– Como?! Ela será sacrificada? Vocês a entregarão para algum nojento, doentio e horrível pervertido? Responda, seu maldito! Me responda! –– Gaspar esbraveja com loucura.

–– Guez, por favor, não... Merda, Guez! Merda! Vamos, acorde! –– escuto a voz preocupada de André e não posso mais esperar. Empurro as portas e me deparo com um delicado e magro garoto caído nos braços de um André atordoado e perdido em suas reações. Ele segura ao pobre menino em seus braços fortes enquanto me olha ainda assustado.

–– Por favor, Alexia –– diz após tomar consciência de minha presença. –– Peça para algum dos empregados chamar a Sra. Rurson urgentemente.

Chamar a tal Sra. Rurson, que descobri ser a parteira e enfermeira local e a mãe da Hanna, foi uma tarefa fácil. A velha senhora mora com seu marido numa das pequenas casas da vila próxima, e ao saber da condição do menino Gaspar largou todo e qualquer negócio e veio correndo nos socorrer.


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