— Alexia! — escuto uma voz distante, mas deliciosamente familiar, tentando me tirar do agradável lugar em que estou. — Acorde, Alexia. Chegamos!
— Não quero!...— resmungo, e recebo de volta uma leve risada.
— Vamos, Alexia, vou te levar para uma confortável cama.
— Ainda não somos casados... — digo com palavras enroladas que, ao fazerem sentido em minha cabeça, espantam qualquer possível resquício de sono. — Eu não quis...— tento emendar o problema ao abrir meus olhos em alerta e encontrar em continua observação ao Sr. Sombrio.
— Tudo bem, não usei palavras de todo adequadas. Sorte que Bianca já desceu, ou toda Londres saberia de sua proposta de casamento. — Mikhail diz rindo.
— Proposta? — pergunto confusa enquanto me preparo para descer da carruagem com sua ajuda.
— Era o que este pequeno murmurado iria se transformar ao final da noite.
— Entendo. Então está me aconselhando a tomar cuidado com o que saio dizendo às pessoas? — questiono.
— Apenas evite se comprometer com palavras descuidadas. A "alta sociedade" adora uma bela e frágil ovelhinha recentemente saída do campo que se mostra fresca, apetitosa e disponível.
— Está mesmo me chamando de ovelha, senhor? — digo fingindo grave ofensa.
— Nunca pensaria tal coisa, senhorita. Em minha mais humilde opinião, tenho grande convicção que nós homens é que somos frágeis ovelhas. — diz enquanto me ajuda a sair da carruagem e me guia sentido a entrada da mansão.
— Será que me arrumaram um quarto? — mudo de assunto para não ter um clima mais desconfortável pouco depois.
— Tenho absoluta certeza! Sendo sincero, acho até estranho que tenha sido obrigada a dormir no meu. Ingrid já te esperava a alguns dias, e ela não é de cometer erros tão grosseiros.
— Me desculpe por mexer em suas coisas, não foi nada correto e odiaria se alguém fizesse comigo. Não foi a educação que ganhei. Prometo pagar por qualquer prejuízo gerado. — apresento sincera.
— Não se desculpe por isso.
— Mas estraguei uma de suas camisas. — digo envergonhada.
— Nada que água e sabão não resolvam.
— Ainda me sinto imensamente culpada pelo dano que causei, e me sentiria melhor se aceitasse uma proposta como forma de me desculpar.
— Proposta?!
— Sim! — respondo.
— E qual seria a proposta, senhorita Alexia? — sua voz soa maliciosa.
— Que não volte a pagar minhas compras. Nenhuma delas!
— Creio não ser possível!
— Mas porque não?
— Além do fato de ser um cavalheiro, faço porque posso. E sendo honesto, senti muito prazer em pagar por esse vestido e ver quão bela fica. — ele diz, e com isso faz minhas bochechas avermelharem de vergonha. É embaraçoso escutar que estou bonita, ao mesmo tempo que é imensuravelmente agradável.
— Não fique envergonhada, Alexia.
— Não estou acostumada a receber elogios, senhor.
— Por quê? É uma mulher muito bonita, deveria recebê-los todo o tempo.
— É que está me vendo com esse tecido rico, cheio de bordados e cores, além do cabelo solto e andar de moça. Mas se me visse de calça e camisa velhas teria outra ideia... — respondo pesarosa e, em instantes, seu corpo, me pegando de surpresa, se aproxima e seus lábios roçam minha orelha.
— Mas apreciei muito quando te vi essa manhã. — sussurra, e meu corpo se aquece todo com sua voz rouca. Uma sensação diferente sobe por minha coluna vertebral e me deixa com vontade de me aproximar ainda mais do corpo quente e viril à minha frente.
— Senhor Korcwovski..., por favor, não diga tais coisas! — sussurro embaraçada e ainda mais desnorteada ao forçosamente me afastar.
— Pensei que apreciasse a sinceridade, senhorita Bandle.
— Não estou acostumada com tanta sinceridade. Creio que nenhuma dama está, e me sinto um pouco embaraçada com as coisas que diz. — termino sem poder encará-lo.
— Muito bem, senhorita! Peço desculpas por um comportamento tão inapropriado de minha parte. Prometo que não irá se repetir. — diz antes de se afastar com o semblante fechado e passos duros.
Aproveito, também, após a nevoa do momento de intimidade se afastar de meus pensamentos e o ar voltar aos meus pulmões, seguir meu caminho e buscar algum empregado que possa me informar onde será meu novo quarto. E em poucos minutos depois já estou em um belo e delicado quarto verde, com a bagagem desfeita, minhas coisas guardadas e uma aconchegante cama que me convida para um bom cochilo.
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Sedução do Príncipe
RomanceNos contos de fada o amor surge dos momentos mais incomuns, mas para a realidade daqueles que nunca podem escolher, o amor surgiu do memento mais trágico. Alexia é uma jovem ativa e que aproveita de toda sua liberdade rodeada por campos verdes...