Capítulo 22 - O passado de Amanda...

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POV Amanda...

Cheguei em Londres no dia seguinte de manhã cedo. Sabia que estava sendo covarde, mas aquele apartamento tinha lembranças demais. Aquela cidade inteira só me lembrava dele. Precisava clarear minhas ideias. Precisava de um tempo.

Não tinha ninguém me esperando, não que alguma vez tivesse sido diferente, mas eu não pude deixar de ficar frustrada. Entrei num táxi e dei o endereço da casa de meus pais.

Meus pais...Se é que podiam ser considerados pais as pessoas de quem o material genético te formou, de quem te sustentou e te cobrou por obrigações impostas por eles sem qualquer demonstração de amor ou carinho então esse era o termo correto para os chamar.

Gregory Hartley, mais conhecido como meu pai, é um promotor conceituado em Londres e conhecido por toda a Grã-Bretanha. Nunca tinha tempo para a família. Eu e meu irmão o víamos tanto quanto, ou até menos, que as pessoas que apareciam para as festas, jantares e coquetéis que éramos obrigados a ir para dar a impressão de uma família feliz e normal. Ele era super rígido com a gente, sempre exigindo o melhor da gente e não aceitando menos que isso nunca. Não me lembro de ter recebido um único abraço dele na vida. Ou sequer uma palavra de carinho.

Isobel Hartley, minha suposta mãe, uma Cardiocirurgiã, também muito conceituada. E assim como meu pai uma completa estranha para mim e meu irmão. Ela estava sempre no hospital e quando não estava lá estava com alguma amiga da alta sociedade londrina. Também não tinha recordações de afeto materno vindo dela e duvido que com meu irmão seja diferente. Ela nunca se importou com a gente, podíamos fazer o que quiséssemos contanto que não arruinássemos o nome da família. Escândalo era uma palavra proibida em nossa família.

Já Jackson Hartley, meu irmão mais velho, agora um médico se especializando em Neurocirurgia tinha sido um de meus alicerces durante meu crescimento. Quando éramos mais novos estávamos sempre juntos e de alguma forma sempre brigávamos, mas nossas brigas não duravam muito e logo fazíamos as pazes. Mas as coisas mudaram quando eu fui para os Estados Unidos estudar em Yale. Ele se casou a poucos anos e nossa relação ficou ainda mais difícil. Mas mesmo assim nós nos amávamos e ainda mantínhamos contato um com o outro. Nossas brigas apenas eram mais frequentes e demorávamos mais a voltar as boas. A ligação dele tinha sido nosso primeiro contato desde a última briga via telefone. O motivo foi minha mudança para Forks. Ou seja, ninguém da minha família sabia sobre meu namoro com Roh. Evitei pensar sobre isso agora.

Foi quando percebi que o taxista parava o carro de frente ao portão de grade da grande mansão. Não pude evitar de soltar um longo e pesado suspiro. Várias lembranças passaram por minha cabeça. Tentei esquecer as memórias ruins sacudindo a cabeça. Abri a janela e apertei o botão do interfone. Uma voz conhecida atendeu e eu sorri.

- Sou eu Grace. Amanda. – falei me aproximando mais do interfone.

- Amanda! Meu amor! Entre logo por favor. – ela disse emocionada.

Os grandes portões se abriram e o taxista colocou o carro em movimento novamente seguindo pelo caminho de tijolos de barro vermelho. Outro longo suspiro passou por meus lábios antes dele parar diante da casa enorme, branca no estilo Vitoriano.

Uma senhora de mais de 50 anos, com cabelos brancos presos em um coque sério e repuxado, vestindo uma saia cinza que ia até depois dos joelhos e uma camisa social branca de mangas compridas e com alguns babados, usava sapatos fechados de salto baixo, apareceu na porta.

Não pude evitar de sorrir ao ver o sorriso aberto e os olhos marejados de Grace ali.

Ela era a governanta da casa, mas para mim aquela era a minha mãe. Foi ela quem criou eu e meu irmão. Foi ela quem me ensinou a falar, andar, quem cuidava dos meus machucados, quem ia em minhas apresentações de piano. Ela quem me explicou as coisas que uma garota deve saber, quem assinava meus recados do colégio. Quem acariciava meus cabelos enquanto eu chorava porque o meu amor platônico no colégio tinha me magoado. Foi ela quem esteve do meu lado sempre que eu precisei. E era dela quem eu sentia mais falta.

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