Fase III - Capítulo 9 - Domingo... parte 1

20 2 0
                                    

POV Jacob...

Tive que me controlar várias vezes para não pular sobre ela e a beijar. Essa vontade só aumentou durante o percurso de volta. E quando ficamos parados frente a frente na porta da casa dela eu praticamente sentia uma força me puxando pra ela. Eu queria tanto beijá-la... Eu tinha a vaga sensação de que já estava me aproximando dela. Era sem esforço, um movimento inconsciente de minha parte. Me perguntava se ela queria a mesma coisa que eu. Mas quando meus lábios tocaram nela não pude deixar de sentir o que senti.

Vergonha. Eu era um covarde. No último segundo acabei mudando de ideia e apenas dei um beijo na testa dela. Eu sabia que não podia simplesmente beijá-la sem mais nem menos. Se ela não sentisse o mesmo que eu isso seria um problema. Eu levaria muito tempo para poder me reaproximar dela novamente. Não, eu tinha feito a coisa certa. Tudo com calma. No seu devido tempo.

Mesmo sabendo que tinha tomado a decisão certa não pude olhar pra ela depois do beijo ridículo na testa. Dei as costas e disse apenas um "até amanhã" antes de colocar o capacete, subir na moto e ir embora. Era uma merda ser o cara legal.


POV Nessie...

Não aconteceu nada. Nada alem de um beijinho ridículo na minha testa. Queria ter os poderes da tia Rora e poder bater o pé no chão pra abrir um buraco pra me enterrar viva. Beijinho na testa é pior que ouvir "não é você, sou eu" em final de relacionamento. Não que eu saiba o que é isso, mas eu imagino. E depois do beijo infame ele nem olhou na minha cara antes de ir embora.

Entrei em casa arrastando minha tristeza e raiva. Meus pais não estavam por ali e também não me dei ao trabalho de procurar por eles. Fui direto para o meu quarto, tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro. Eu estava suja da corrida e precisava lavar minha tristeza. Depois disso mandei uma mensagem pra tia Rora dizendo que não tinha dado certo. Ela me responder logo em seguida:

Não se preocupe princesa. Ele vai cair na sua mão mais cedo ou mais tarde. Apenas continue fazendo o que eu te falei. Leia os textos que eu te mandei por e-mail. Comece pelo "Pode o subalterno falar?" da Gayatri Spivak e depois leia "O segundo sexo" de Simone de Beauvoir. Sei que é muita coisa, mas vai ser bom pra você. É só pedir pra sua mãe, dei esses livros pra ela a um tempo atrás. Ela estava precisando. Bjs tia Rora

Continuar o que eu estava fazendo... hum ok. Não custava nada. e se desse errado segunda eu começava a fase "Se você não quer, tem quem queira".

Levantei da cama, foi até a pequena biblioteca de meus pais e procurei os livros. Mamãe era bem organizada e mantinha tudo em ordem alfabética de autores e gêneros dos livros então foi fácil encontrar os dois. O primeiro era fininho, só 336 páginas (versão em português 133), mas o segundo tinha 832 (versão em português 935). Tia Rora estava certa como sempre. Bora começar o mais fininho primeiro.

Voltei para o quarto e me deitei na cama com o livro nas mãos. Eu conseguia ler aquele livro hoje tranquilamente.

Não vou mentir pra você, eu dormi lendo o livro. Não entendi o porquê da tia Rora me falar pra ler ele. Ela estava querendo dizer que meu pai e o Jake eram autoritários como o governo? De manhã eu desci com o livro na mão e continuei a ler enquanto tomava meu café da manhã.

- Isso é uma indireta por acaso? - meu pai perguntou assim que entrou na cozinha.

- Hein? - perguntei confusa.

- Ele está falando do nome do livro. - mamãe explicou pra mim.

Olhei pra capa e li "Pode o subalterno falar?" eu tive que rir. Acho que entendi a tia Rora um pouco mais agora.

What if...Onde histórias criam vida. Descubra agora