Aconteceu na Rocinha...

09

Alá, sabia.

Deram um perdido em mim.

As duas sumiu.

Agora, foram fazer oq???

Só Deus sabe.

Aí depois faz merda e quem sai culpado sou eu.

Ah, quer saber? Sou babá de ninguém não. Quizer volta, que eu vou sentar bem aqui e ficar relachado.

Subo até o lugar que a Melíssa disse que é "mal assombrado" e fico doidin quando eu vejo a vista linda das luz do morro.

Ô coisa linda do caralho.

Sento no chão de cimento mermo e fico olhando a vista de boca aberta.

Caraio, deu até um calafrio aqui agora.

Ui. Fechei até os zói pra sentir a brisa bateno na cara.

Abro o olho e vejo uma mulher de costas pra mim com o cabelão enorme e bem preto voando no vento...

Ela tá com um vestido branco longo que até arrasta no chão.

Caralho...a lua tá iluminando ela e tá até parecendo visagem.

Mó bunita, viado.

Gab: Ou. Ou, moça.- falo com ela mas ela só se vira pro lado e anda bem devagar e serena até a mata.

Oxiii, quê que essa doida foi fazer no mei do mato?

Gab: Ou, moça. Vai praí não. Pode ter cobra, carai.- falo e levanto rápido pra ir atrás dela.

Porra, vai que ela se perde, mano?

Lá vou eu bancar o herói essas hora...

Ligo a lanterna do celular da Ana que ela deixou comigo...

Vagabunda, já pra eu num ligar pá ela.

Mas eu esculacho ela outra hora, agora eu tenho que pegar essa doida antes que um bicho pegue ela primeiro.

Gab: Ouu...- grito iluminando e vejo o vestidão dela voando pelo caminho. Junto com o cabelão dela.- Ei, volta aqui, mulher. É perigoso.- falo e ela continua andando calmamente.

Aê muleke, namoral, já tô com raiva.

Parece que é surda saporra.

Tento ir mais rápido mas perco ela de vista.

Gab: Oxii...- falo tentando ver algum rastro dela.

-Psiu.- escuto atrás de mim e me viro rápido vendo a mulher, mas dessa vez dava pra ver o rosto dela.

Meu corpo inteiro se arrepiou e meu coração apertou de um geito...sei nem explicar.

Ela era pálida, mas era muito bonita.

Ela sorri serena pra mim e meu coração acelera e meus olho enche de lágrima.

Não sei porquê, mas minha vontade é de chorar muito quando eu olho pra ela.

-Você tá tão lindo...- a voz dela é doce mas tem um pouco de dor nela...

Gab: Q-quem é você? Por quê tu entrou aqui igual uma doida? - pergunto ofegante e chorando.

Não sei porquê eu choro, mas não consigo controlar.

-Você precisa nos vingar! - sua voz muda pra uma voz forte mas ainda com tristeza.

Oq?

Gab: Vingar? Quem? E por quê? - pergunto chorando.

Ela só me olha e volta a sorrir de lado serenamente.

-Você vai saber...ela vai te procurar...basta esperar e saber escutar.- fala calma novamente.

Gab: Oq? Como assim? Quem vai me procurar? - grito mas ela apenas se vira e vai até um homem, que eu nem sei de onde veio e dá a mão pra ele que sorri pra ela e os dois depois olha pra mim ainda sorrindo.

Não paro de me arrepiar e de chorar. Mano, nunca senti isso na minha vida.

Eles me dão as costa e entram na mata bem devagar...

Minha cabeça começa a rodar e tudo escurece.
....

-Gabriel.- escuto uma voz doce e agoniada e uns tapas na minha cara.- Acorda, Gabriel.

Abro meus olho devagar e tudo tá embaçado.

Só sinto o chão duro e gelado nas minhas costa.

Gab: Oq...aconteceu? - sussurro pondo a mão na minha testa.

Ana: Oxi, e eu é que sei? Nois chegou e tu tava aqui caído.- fala passando a mão na minha bochecha.

Nossa mano, minha cabeça tá só um borrão. Num lembro de nada, mano.

Nem como eu vim parar aqui.

Gab: Eu num lembro de nada.- falo devagar e as coisa vai ficano menos embaçada.

Ana: Ah, vem. A Melissa foi chamar os segurança pá te levar pra casa.- fala e me ajuda a sentar.
....

RF: menó, tu tá melhor? - entra no quarto e eu acinto.- Que merda foi essa que aconteceu, meu mano? - pergunta sentando do meu lado na cama.

Nem eu sei.

Gab: Lembro de nada! Só de ter acordado com a Ana batendo na minha cara pra me acordar.- falo e respiro fundo.

Ele nega e põe a mão no meu ombro.

RF: Ó, qualquer coisa chama, tá. Mermo que nois já tenha saído po baile...- interrompo.

Gab: Eu vou, oxi.- falo e ele franze as sobrancelha.

RF: Tu num tá mal aí? - pergunta e cruza os braço.

Nenhum tombinho vai fazer eu perder Cabelinho e Orochi duma vez só.

Gab: Que nada, rapá. Tá suave. Num vou perder os dois cara que eu sou fã só por causa de um desmaiozin besta não.- falo e nego.

Ele nega e suspira.

RF: Tu que sabe. Nois vai de onze, se arruma aí.- fala e bate no meu ombro.

Gab: Beleza.- faço toque com ele e ele sai.

Ai ai...

Ainda tô grilado com essa história desse desmaio aí...sei lá.

Me deito e respiro fundo sentindo um aperto no peito que tá aqui desde quando eu acordei do peripaque.

Que bagulho ruim, parece que eu tô sufocando.

Mas vai passar, e eu vou curtir meu bailão.

Inclusive tá na hora de eu me arrumar...

Partiu banho!