Gab💀
Levei a Carol pra minha casa e deixei mãe cuidando dela.
Ela tava mó nervosa.
Imagina eu.
Porra, cresci com o muleke, meu parceiro de crime, já me livrou de altas, e agora pode tá no bico do urubu.
É foda, mano.
Tô com o cú na mão.
Fui direto pá casa dela e vi os muleke colocando o Vitin no banco de trás de um carro e saindo rápido.
Ih carai, era ele mermo.
Mas tambem só podia ser, porquê sumiu e só encontraram o radinho dele caido no chão de um bêco.
Gab: Eaê, mano? Maluco tá como? - pergunto pro Peladin e ele coça a cabeça.
Peladin: Aê, irmão. Sem neurose mermo, o muleque tá ruim demais.- fala e eu faço careta já me preocupando.- Muleque saiu daqui quase sem respirar. Perdeu sangue pá caralho. Só num morreu porquê a minazinha amarrou uns pano bem apertado no buraco, aí estancou o sangue.- fala e nega sentando na calçada.
Caralho...mano, eu num posso nem imaginar se o Vitin morre.
Porra, já perdi tanto parceiro...mas tu nunca vai tá pronto pá perder alguem, nem se tu já sabe que vai perder cedo ou tarde.
Dói igual, parceiro.
Denise: Aê, bofe.- me viro pro lado e vejo a Denise vindo até nois.- Aconteceu algum bagulho com algum menor? - pergunta e para do nosso lado com as mão na cintura.
Peladin: Vish, mó história.- nega e acende um cigarro.
Sentamo na calçada e começamo a contar...
....
Gab: Eaê mano, como o muleke tá? - me levanto quando vejo os muleke vindo.
Farula: Mano, nois deixou ele lá no postin e a médica lá disse que ele vai precisar ir po hospital, colocar sangue nele porquê senão ele morre.- fala e cruza os braço.
Puta que pariu!
Lilico: Eaê, chefe? Nois deixa eles levar ele lá, ou tenta tratar ele aqui? - pergunta e eu abaixo a cabeça sentando de novo na calçada.
Caralho, oq eu faço?
Se eu mandar ele pro hospital os bota pega ele.
Mas se eu deixar ele aqui ele morre.
Puta que pariu.
Denise: Vê lá oq tu vai fazer, o cara é teu amigo. Tu num pode deixar ele morrer só por conta dos bota. Tu vai fazer exatamente oq eles quer.- aperta minha mente e ponho as mão na cara.
Porra, e agora?
Gab: Ah mano, sei mais de nada.- nego deitano minha cabeça na parede.
Peladin: Aê, mano.- bate no meu ombro.- Pergunta po teu pai oq fazer. Ele que é o dono do morro e chefe de nois tudo.- fala calmo e traga o cigarro.
Não...ele com certeza vai deixar o Vitin morrer...
Só pra num correr o risco dele abrir o bico pros bota...
Ele sempre zelou por isso...
Fala que tudo que a gente constrói no crime é como um castelo de cartas...à qualquer momento, e por qualquer coisinha, pode cair.
Mas porra, é meu brother, mano.
Caralho...oq eu faço, mano?
Gab: Mano, eu tenho que pensar...- falo e nego.- A medica disse quanto tempo ele tem pra chegar no hospital? - levanto a cabeça olhano pro Lilico.
Lilico: Mano, ela disse que ele só aguenta até amanhã.- fala e coça a cabeça.
Respiro fundo e acinto.
Até amanhã eu decido.
E espero ser a decisão certa.
Faço toque com eles e pego minha moto pra ir pra casa.
Tenho que trazer a Carol pá casa dela ainda...
...Abro a porta e vejo a Carol sentada no sofá com a Ana fazendo mil perguntas pra ela.
Curiosa.
Gab: Cheguei.- falo e elas se vira pra mim.
Ana: Eaê.- fala e eu beijo a cabeça dela.
Olho pra Carol e ela só sorri timida.
Mé fofinha, sá caraia, né?
Sorrio pra ela e bagunço seu cabelo. Ela revira os olhos e tenta arrumar.
Gab: Aê, vou te levar em casa. Agora já tá suave e tua casa já tá limpinha.- falo e sento do lado dela.
Ela acente e se levanta.
Ana: Aff, já? - pergunta manhosa e abraça ela.
Carol: Cê pode ir me visitar, se quiser.- fala timida e a Ana sorri acentindo.
Ana: Vou lá.- fala e sorri.
Hmmm, que rápida essa amizade em...
Gab: Bora? - pergunto pra ela e ela acente me seguindo até a porta.
Alê: Ei ei, já vão? - pergunta descendo a escada e sorrindo pra Carol.
Carol: Já...mas muito obrigada por ter me recebido.- fala timida e sorri enquanto minha mãe ja pula pá abraçar ela.
Meu Deus...nem conhece a mina direito e já tá nas intimidade, alá.
Alê: Ah, quê isso. Quando quiser, cê vem.- fala e beija a testa dela.
Ela sorri e eu rio puxando ela.
Se eu num puxo, ninguem deixa ela sair.
....Carol: Quer uma água? - pergunta abrindo a geladeira.
Percebeu que ela tá mais solta? Ainda bem, porquê eu num tenho paciencia pra gente tímida.
Gab: Valeu.- acinto e ela me traz um copo com àgua.- Bigadu.- zoo e ela ri revirando os olho.
Ela senta no outro sofá e eu coloco o copo na mesinha.
Respiro fundo ao lembrar do Vitin e ela percebe que eu num tô bem.
Carol: Aconteceu alguma coisa? - pergunta preocupada.
Gab: Não...é que eu tenho uma decisão pra tomar literalmente de vida ou morte.- suspiro.
Ela me olha confusa...
Carol: Qual é a decisão? - pergunta baixo.
Gab: Esse cara que você "salvou" tem que ir po hospital grande mermo, pá receber sangue e outros bagulho, mas se eu levar ele pra lá ele vai ser preso, mas se eu num levar, ele morre. Eu num sei oq fazer mais.- nego e ponho a mão na cara.
Mano, eu já tô agoniado.
Carol: Bom...se ele for preso uma hora ele sai da cadeia, mas se ele morrer por pura indecisão sua, ele nunca mais vai voltar e você vai ficar com peso na consciencia.- fala e eu olho pra ela.- Bom, é melhor um amigo preso doque um amigo morto, você num acha?
Carai, e num é que ela tá certa? Ela resumiu meus pensamento e deixou mais óbvio a minha decisão.
Gab: É...parece que tu tá certa...- suspiro e jogo minha cabeça pá trás.
É isso: eu vou levar ele po hospital e se os bota pegar ele nois resgata como nois sempre faz.
Carai, até que essa mina entende dos bagúi...
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Aconteceu na Rocinha...
Romance*Continuação do livro "A problemática da Rocinha."* (OBS: Mesmo sendo uma continuação, não é necessário ler o outro livro para entender a história❤️) ⚠️Edit 1: Tem morte, tem violência, tem tortura, tem o caralho a quatro! Se tá em busca de clichê á...