Aconteceu na Rocinha...

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Ana🎭

Hoje faz uma semana que tudo aconteceu. Cacau continua do mesmo geito, Denise nem sai de casa mais de tanta tristeza. Mas oq tá mais fodido é o Gab.

Puta merda, faz uns dois dias que ele nem sai do quarto. Se mãe não for lá deixar comida e água pra ele, ele nem come.

Mãe não sabe mais oq fazer, mas eu sei muito bem. Já cansei disso.

Tá na hora dele sair dessa deprê.

Respiro fundo e pego a maçaneta, mas a porta tá trancada.

Como sempre.

Ana: Gabriel, abre essa porta agora! - mando firme e ele não responde.- Gabriel, se você não abrir, eu vou dar meu geito de entrar e essa porta nem fechar mais vai.- ponho as mão na cintura.

Gab: Sai daqui, inferno.- escuto alguma coisa bater na porta.

Filho da puta...

Ana: Então beleza.- acinto e vou pro meu quarto.

Pego a chave reserva dos quartos e vou abrir a porta. Ele tá pensando que eu vou desistir facil assim?

Ana: Bora, levanta daí.- entro no quarto e ele revira os olhos se cobrindo com o lençol.- Gabriel, namoral. Tu já encheu o saco, cara.- respiro fundo.- Porra, nem parece o Gab que eu conheço, o Moreno que todo mundo conhece.- sento na cama.- O cara que sempre passava pelos bagulho ruim sorrindo.- nego.- Eu sei que é foda oq tu tá passando, mas tu é forte, carai. Tu ja passou por tanta coisa...agora é só mais uma tempestade, mas depois vai passar e tudo vai voltar ao normal.- cruzo os braço.

Ele suspira e tira o lençol da cara.

Gab: Eu não tenho vontade de sair daqui...de fazer nada. Eu só quero ela comigo denovo.- fala com lágrimas nos olhos.

Ô, céu...

Ana: Cara, eu sei. Mas ficar aí deitado, sem sair nem do quarto, mal comendo, e nessa fossa toda, não vai trazer ela de volta. Então trata de levantar dessa cama e ir trabalhar porquê esse morro ainda depende de tu.- bato na coxa dele.- O nosso pai ta lá, mas se acontecer uma invasão ele não pode nem correr, quem dirá proteger o morro.- nego.- Eaí, olha a merda.- cruzo os braço.

Gab🔫

É foda...

Eu sei que tudo que ela ta falando é verdade, mas eu não consigo nem pensar em sair de casa, muito menos em ir trabalhar.

Não tenho força pá encarar um dia inteiro naquele lugar orrivel que é a boca.

Chei de gente que parece zumbi por conta de droga; cheiro de todo tipo de substancia e ainda o bagulho tenso que é ficar sempre de butuca ligada pra alguma invasão.

Ah, do geito que eu tô, capaz de eu chorar quando ouvir os fogos.

Gab: Pô, mano...hoje não dá. Eu não consigo.- nego e ela revira os olho.

Ana: Consegue sim, mas tá fazendo cú doce.- fala com tédio.

Gab: É sério.- reviro os olho.- Hoje eu não saio daqui nem que me pague. Talvez outro dia, mas hoje não.- nego e viro.

Ela resmunga e sai batendo porta.

Posso fazer nada, não mando no coração.

Ana🎭

Ah, sinceramente, esse menino tá demais, viu.

Mas eu ainda tenho uma carta na manga...

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