Aconteceu na Rocinha...

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(☝️☝️ouçam! Essa musica é necessária!!)

Gab🔫

Graças a Deus a Cacau passou da noite de ontem e os medico disse pra Alê que ela já tá um poquinho melhor, mas que o estado dela ainda é grave pá carálho.

Mas já é um começo, né.

Só Deus sabe tudo que passou na minha mente essa noite...o medo que eu senti a cada minuto que passava.

Mas agora eu tô com um pouco mais de esperança que ela vai ficar bem.

Ah, e eu achei um bagulho mó estranho essa noite: pela primeira vez eu não sonhei aquele pesadelo orrivel. Na verdade, eu não sonhei nada.

Achei estranho, mas pelo menos eu consegui dormir um poquin.

Alê💅

Enquanto a Cacau luta pela vida lá no hospital, a Denise luta pela justiça da morte da Suzi.

Tá fazendo manifestação e o carálho. Ta até na tv.

Denise: Olha, hoje, sou eu que tô aqui chorando a morte da minha amiga, amanhã, pode ser uma mãe chorando por um filho que foi morto injustamente assim como ela.- fala desolada.- Minha amiga tinha 20 anos, ela não era traficante, ela não era bandida, ela nunca chegou perto de nenhuma droga proibída na vida.- fala firme.-Sabe oq a minha amiga era? Uma favelada sonhadora. Sabe qual foi o crime dela? Sonhar num país onde matam sonhos e favelados.- olha no olho do repórter.- A minha amiga, só queria uma coisa na vida: cantar. Mostrar a voz linda que ela tinha, sempre foi a vida dela. Mas ontem, essa voz foi calada. Ontem, a vida dela foi ceifada por um tiro de fuzil na cabeça! O senhor sabe oq é isso? - fala alto e pergunta séria.- Vocês acham normal que todos os sonhos, as conquistas, de uma mulher de 20 anos foram simplesmente apagados, destruidos, por um único tiro? Porquê na minha favela é normal.- desabafa com um olhar triste.- Em todas as favelas isso é uma rotina! A minha amiga...- mostra a foto dela na camisa.- Suzi Andrade da Costa, virou uma estatística! Um numero a mais nas pesquisas! Um arquivo em uma gaveta esquecida! - grita com lágrimas nos olhos.- Junto dela? Um monte de outros numeros, outras estatísticas.- fala em tom de desabafo e com um olhar cansado.- Explicando de um geito mais humano: um monte de favelados. Um monte de preto pobre como ela. Um monte de Silva esquecido. Um monte de sonhos interrompidos antes mesmo de poderem ser sonhados.- fala cansada.- Eu só queria uma coisa: justiça. Mas infelizmente, eu moro num país onde justiça e policia são palavras que não cabem na mesma frase.- nega.- Então hoje, eu só posso olhar pra essa foto e lembrar...lembrar de tudo que ela sonhava, tudo que ela falava sobre ter fé que um dia tudo ia melhorar, e chorar...porquê ela teve fé de que naquele dia ela ía realizar o maior sonho dela, que tudo ia sim melhorar, mas o sonho foi apagado, tudo piorou, e o pior, nada vai mudar.- suspira sem esperança.- Todo dia vai ter um favelado morto, uma mãe chorando, uma amiga chorando, uma filha chorando, e uma justiça sendo implorada. Mas tudo que eles vão fazer é dizer que foi um acidente, ou que era um bandido que foi morto em confronto. E quem vai poder discordar? Quem pode dizer que não foi assim? - suspira deixando as lágrimas caírem.

Ela é abraçada pelas pessoas que tavam lá na manifestação e o repórter fecha a matéria.

Meu Deus, como pode? Como podem deixar isso acontecer? Eles parece que pensam nas pessoas de bem que podem ser atingidas, mano.

Nego e respiro fundo abraçando meus filhos. Nem quero pensar se acontecesse isso com algum dos dois...minha vida acabava ali.

Não ia aguentar mais essa perda.

Nego beijando os dois e suspiro...

Até quando isso vai acontecer? Até quando vão nos matar? Até quando vai essa injustiça? Só Deus sabe...e ele que nos proteja, porquê quem deveria fazer isso são os policiais, mas eles são quem nos matam...

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