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Gab☠️

Gab: Um dia eu conheci um muleke magrelo, mentiroso, fedorento e fei pá porra. Ele tinha uns sete anos e eu fazia aniversário seis mês depois dele, e só por isso ele me zoava falando que era mais velho que eu, e que eu tinha que fazer tudo que ele mandasse, porque ele era mais velho. E em troca, ele ia me defender dos muleke da rua da ladeira, que disputava a quadra de tarde com nois e que eu morria de medo deles porque eles era maior e bem mais forte que o nosso time.- sorrio com lágrima no olho abaixando a cabeça.- Eu sempre fiz tudo ao contrário do que ele mandava! Nunca busquei um copo d'água pra ele, só de pirraça.- todos ri.- Mas ele sempre me defendeu e apanhou no meu lugar quando esses muleke vinha pra cima de mim...- deixo as lágrima cair.- Ele era meu melhor amigo, um cara que nunca teve um puto no bolso, mas que sempre ajudava os outro mermo que ninguém ajudasse ele de volta...- nego.- Nunca vi ele chorando com nada, só sorria e zoava o tempo todo da porra da vida...- sorrio olhando pro caixão fechado na minha frente.- Ele sonhava em ser jogador de futebol, mas nem sempre as porta se abre, mermo que tu bata sem parar nessa porta... Sonho não enche barriga, e quando ele percebeu isso, não teve escolha e foi trampar no sinal pá conseguir comprar o pão de todo dia, vendendo balinha pros carro que parava. Mas aí ele também percebeu que centavos não pagava os remédio pro Câncer da mãe dele, e ele foi vender outras balinha, mas num era tão doce quanto as que ele vendia antes.- nego enxugando as lágrima.- Ele virou um do meu exército, mas sempre foi meu linha de frente, meu fechamento de todas as hora! Eu amava ele, era meu irmão do coração, a pessoa que me tirou da fossa, Quando eu quase perdi a pessoa que eu mais amo na minha vida...ele tava lá! - abaixo a cabeça.- Até quando eu reencontrei as pessoa que mais me amam nessa vida, ele também tava lá! E se não fosse por ele, talvez eu nem tivesse com eles hoje...- suspiro.- Ele findou sua história fazendo oq ele fez desde quando a gente tinha sete anos...me protegendo, tando sempre do meu lado não importa oq acontecesse...- ponho a mão no caixão.- Vai em paz, irmão...tu nunca vai ser esquecido, NUNCA! - falo firme e beijo o caixão dele, mas quando me inclino, a carteira de cigarro do Cobra cai do meu bolso caindo na cova dele junto das flor do pessoal.- Certas coisa nunca vai mudar...- rio negando e enxugo as lágrima enquanto o caixão é baixado dentro da cova.

Porra...sabe quando uma pêssoa é tão foda e tão importante pra tu que parece que ela vai ser imortal...tu nem imagina como seria viver sem ela? Mas aí, do nada, ela morre e a ficha nem cai direito pra tu porque parece mentira, sabe?

Eu nunca pensei que ia enterrar ele...achei que ele ia no meu velório, mas eu num ia no dele...

E depois de tanto cigarro, oq matou ele acabou sendo um único tiro...

Mas essa era a morte que ele queria, sempre me disse que queria uma morte cheia de adrenalina, de respeito...e ele teve. Mas isso não ameniza a dor, ah mas num ameniza mermo!

Nois começa a bater palma pra ele, e depois vem as rajada de bala pro céu.

Suspiro colocando o capuz do casaco e olho pro Cobra e po Vitin que vem na minha direção.

Cobra: Eaê, muleke...como tu tá? - pergunta sério e me abraça de lado.

Gab: Ah, dói pá carálho perder um irmão assim...já perdi tantos que já perdi a conta. Mas sempre dói do mermo jeito...- nego olhando pra ele.

Cobra: Isso porque tu começou a vida agora...eu que já tenho mais de trinta e três ano nesse mundo do crime, já perdi mais amigo do que os ano eu tenho de vida. Sempre fica um vazio, mermo que seja pequeno, dentro do peito...- respira fundo abraçando o Vitin também.- Mas aí tu vai conhecendo outras pessoa, e o vazio vai preenchendo, até que só fique uma cicatriz e as lembrança boa...- suspiro acentindo.

Aconteceu na Rocinha...Onde histórias criam vida. Descubra agora