O Olho De Dragão II

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As tendas estavam armadas em volta de algumas fogueiras. O fogo estalava no interior das madeiras fazendo-as subirem em pequenos brilhos e a dissiparem no ar.

"Eu disse que estava com a gente." - disse Araau mordendo um pedaço de carne. "Mas não foi nada fácil. Eles são fechados para com aqueles que são de fora, sabe... que não tem um certo vinculo.

"Obrigado." - disse menino

"Alguém vai comer aquela coxa ali? " - sinalizando com o dedo o pedaço de carne sobre a fogueira.

"Araau!" - disse Suli olhando sério pra ele.

"Tudo bem... Pode comer. Estou satisfeito." - disse o menino amarrando as ataduras em seus braços. "Mas por que eu serei de grande ajuda? " - disse o garoto mais sério.

"O olho de Dragão..." - comentou Suli.

"Raio-azul..." - disse o menino assustado.

"Sim. " - confirmou a menina.

"Por isso as nuvens negras no alto da Montanha-tempestade..." - comentou o menino.

"Sim, e por isso temos que protege-lo para que nada de ruim nos aconteça.

"Qual o seu nome? " - questionou Araau.

"Kaleff... O grande."

Araau sorriu.

Suli soltou um olhar sério para ele.

"Como? - falando de boca cheia. "Somos da mesma altura quase. Tudo bem que eu tenho mais volume. " - colocando uma de suas mãos entorno da barriga.

Suli cutucou suas costelas por baixo da armadura.

"Ei! " - queixou-se Araau olhando para amiga.

"Ganhei esse nome quando minha família foi atacada por homens maus. Papai tentou nos defender, mas tinha sido ferido. Então tive que ajuda-lo." - seus olhos mergulharam na fogueira. "Mamãe e meus irmãos conseguiram fugir, mas então ela apareceu e nos ajudou a vencer os homens maus. " - terminando de amarrar a atadura no seu braço direito.

"Nossa, que triste..." - comentou Araau.

"Exatamente como Gallyty tinha me falado. " - pensou Suli aproximando-se do garoto e colocando sua mão sobre o ombro dele com seu semblante mais  triste.

"Quem é ela?" - questionou Araau lambendo os dedos.

"Gallyty." - respondeu Suli.

"Sim, ela nos salvou e me deu o nome."

"A Gallyty mora na Vila-suspensa. Você mora naquela região?" - indagou Araau inclinando-se.

"Eu moro na Árvore-mãe, próximo a uma praia de areias brancas."

"Os Caçadores..." - continuou Araau.

"Eles são maus..." - disse Kaleff interrompendo Araau com um olhar mais sério.

Suli prestou atenção nos olhos do garoto.

"Mas eles caçam feras, monstros..."

"Eles atacaram minha milha." - olhando fixamente nos olhos do Araau.

Suli e Araau se olharam por alguns segundos. Por conhecerem aquela região, não estavam entendendo porque os caçadores atacariam a família do menino. Suli mergulhou ainda mais em seus pensamentos na tentativa de encontrar alguma resposta para aquela situação e o desaparecimento de sua amiga sobre a vila.

Os cavalos perceberam uma movimentação estranha e começaram a se agitar.

Isso chamou atenção deles.

"Estamos sendo atacados! Protejam o artefato! " - gritou um soldado segurando sua espada no alto.

"Não se pode mais nem comer em paz! " - exclamou Araau.

Envolvido sob o véu da noite, um homem de capuz colocou uma de suas mãos na boca de um dos guardas dunsanianos e com a outra atacou-lhe com uma adaga. Rapidamente fez-se o mesmo com outros mais a diante, no setor sul.

Dois lanceiros estavam a leste, mas não demoraram muito para serem atacados silenciosamente também.

Araau, Suli e Kaleff percebendo toda a movimentação, ficaram em alerta.

De repente, do interior dos arbustos, um grupo de homens de espadas nas mãos invadiram o acampamento. Arqueiros assumiram a primeira defesa, conseguindo derruba-los, mas ainda assim, outros escaparam.

Suli envolveu Araau em sua aura, no qual,  segurou bem firme em seu grandioso martelo, partindo para a batalha. Kaleff armou seu estilingue e também se juntou ao grupo na defesa do acampamento.

Suli colocou um orbe de cura sobre um lanceiro ao fundo. Kaleff tocou no seu colar e envolveu-se no seu escudo espiritual. Atirando um dardo de sua zarabatana e logo em seguida duas, três pedras com seu estilingue.

Correndo atrás de uma das tendas, Araau transferiu um poderoso golpe do seu martelo sobre o chão, causando inúmeras fissuras e derrubando alguns invasores, batendo neles logo em seguida. Suli acompanhou-o com sua aura esverdeada curando-o de qualquer ferimento que viesse afeta-lo.

"Estou vendo que dormir não vai rolar. " - comentou Araau indo atrás de mais ladrões.

O homem de adaga nas mãos e de capuz estava indo na direção da tenda onde o artefato estava guardado.

"Araau, olha! " - apontou Suli.

Percebendo o invasor graças a observação da pequena de cabelos rosados, Araau olhou rapidamente para Kaleff que estava do outro lado do acampamento. O garoto num movimento preciso, atirou um dardo tranquilizante de sua zarabatana, fazendo o homem cair de joelhos, chocando-se com o escudo que o Araau lançara.

Os dois acenaram-se positivamente com a cabeça.

Os três continuaram defendendo o acampamento, até que a batalha estivesse cessada. Não demorou muito. Várias foram as tendas que ficaram ao chão, menos os soldados de Dunsan, os Aço-puro, continuaram de pé. Como sempre.

"Temos que continuar. " - comentou um soldado.

Todos desfizeram as tendas restantes e seguiram pela estrada sob as copas das árvores que insistiam em ocultar o brilho da lua. 

Para iluminar o caminho e afastar a densa escuridão, os cavaleiros carregavam tochas em suas mãos. Ao longe, lembravam meros vagalumes flutuando por entre as árvores procurando onde pousar.

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