The Guardians

A Lady Das Armas

Tudo começou com olhares codificados, mensagens secretas... até finalizar com as mãos dadas a frente e um anel de flores atrás. O cultivo do amor deu fruto. Um bebe. Uma menininha... uma linda menininha de cabelos negros.

Tudo começou com o nascimento. O nascimento de Madeleine. Da noite para o dia um outro mundo nascera. Uma outra vida e tudo o que aconteceu para chegar aquele momento, parecia nunca ter existido. Seu pai, o Capitão de uma das tropas do exército de Dunsan, desprezava ela. Ele queria um filho homem.

Sua mãe era militar também. Tinha percebido a mudança do marido depois que ela nascera. Madeleine só foi ter noção, depois de ter consciência do mundo a sua volta. O comportamento do pai com ela era áspero. E isso machucava sua mãe também.

Madeleine queria conquista-lo. Ela, de alguma forma, sentia-se culpada. Então, treinou arduamente, muito mais do que qualquer outro soldado. Treinou com todas as armas possíveis. Se ela fosse boa, no mínimo com uma, ele poderia sentir orgulho dela. Mas... não foi bem isso que aconteceu.

O Capitão insistiu com sua esposa, forçou-a em ter um filho homem, mas ela recusou, não queria passar novamente pelo trauma, devido aos vários problemas que enfrentou durante a gravidez.

"Nós tivemos uma filha" – disse ela. "Aceite isso"

"Jamais! " – rebateu ele.

Então, as poucas palavras que trocavam entre si, não existiram mais. Aos olhos do reino, ainda permaneciam casados, mas dentro de casa, sabiam que não tinham mais nada em comum. Apenas um elo ligava os dois: Madeleine.

O Capitão foi mandado para Alryt, Portão-norte-de-Dunsan, defender contra os Bárbaros daquelas terras pálidas. Enquanto que sua mãe, foi para o Portão-sul-de-Dunsan, reforçar a patrulha de Cianan, uma cidade portuária.

A menina virou mulher e a mulher ganhou notoriedade dentro do exército de Dunsan, e chegou a classe de elite: os Royal. O manto Azul-celeste escorria dos seus ombros.

Madeleine, então, viajou para Cianan ter com sua mãe, pois fazia muito tempo que não tinha notícias dela. Mas quando colocou os pés na cidade e procurou por ela, teve uma surpresa.

Sua mãe... havia morrido.

Chegou até seus ouvidos que ela tinha conhecido um pescador, e que não servia mais ao exército do reino. Queria uma vida simples. Até planejaram ter uma família juntos, mas esse sonho foi tristemente interrompido... pois não suportou as dores do parto e acabou falecendo juntamente com a criança... um menino.

Madeleine chorou, chorou ao lado do pescador, que confirmou toda a história deles. Traição? Como culpa-la? Ela só queria ser amada novamente. Condena-lo? Como ela poderia? Coitado, ele não tinha culpa do passado dela. O pescador desculpou-se inúmeras vezes, mas Madeleine abraçou-o, aliviando sua dor.

No dia seguinte, uma carta veio até ela, pedindo seu auxilio na fronteira com Hurander.

Na cidade de Alryt, tiveram muitas perdas e poucos foram os soldados restantes, mas Madeleine mostrou-se firme diante a situação. Mais firme ainda depois de descobrir que seu pai estava entre os soldados feridos. Mesmo depois de tudo que ele tinha feito com ela, ainda assim, cuidou dele até o dia que ele partiu.

Naquele final de tarde, seu pai, deitado sobre a cama, não parava de olhar para ela, parecia querer dizer alguma coisa, mas... não disse nada. Foi embora com uma única lágrima e sem nenhuma cerimônia.

Madeleine chorou, mas foi um choro contido. Frio nos olhos, mas sentido no coração.

A jovialidade não estampava mais em seu corpo, as marcas do tempo mostravam-se em seu rosto... os cabelos negros deram lugar aos fios brancos, mas o vigor do seu espirito ainda permanecia. Emanava respeito e autoridade por onde passava, por isso que entre as crianças, jovens, homens e mulheres... ficou conhecida como A Lady das Armas. Porém, odiava o Muro-dos-Imortais todas as vezes que lembrava o rosto do seu pai cravado naquela rocha, e não o da sua mãe, na qual, foi deixada morta... nas paredes do esquecimento.