A barriga mostrava-se. O dia estava próximo. Ter um filho não estava nos planos. Mas a pressão do reino com as visitas dos Coletores, fizeram isso.
Recursos, estrutura para isso? Nada. Eles tinham que se virar com as migalhas em suas mãos. Ainda ganhavam elogios com toda a situação. Diziam que eram importantes para o desenvolvimento do reino, deixando-o mais próspero e mais forte para enfrentar qualquer ameaça. Mas enquanto a eles da cidade-baixa? Quem os farão prosperar? Quem os deixará mais fortes? Ninguém. Só tinham a eles mesmos.
Todo sofrimento era colocado sobre os Coletores, mas nada faziam. Emom, A Torre Indestrutível, nada sentia. Não demonstrava nenhuma empatia. Não tinha porque sentir. Para Emom, eles tinham que sentir-se privilegiados por fazerem parte do reino, trazendo-lhe futuro.
Pensamentos de fugir rondavam suas cabeças, mas o medo de serem perseguidos e penalizados com a morte, sempre prevalecera.
Então, o dia chegou. A dor chegou.
Um menino e uma mistura de sentimentos: raiva, tristeza... Amor. Eles não esperavam por isso. Muito amor. A dor física não existia mais, outra ficou no lugar: a dor do coração. A dor da perda. A mais difícil de ser superada.
O tempo passou. A criança corria em volta da mesa. Tudo que pegava, deixava espalhado pelo chão. Os pais o olhavam com tristeza, não pelo o que ele fazia, mas pelo o que teriam que fazer.
O sorriso do filho enchia a casa, mas o tempo sufocava, pois, a cada dia que passava, aproximava-se o dia da coleta.
Os pais esforçavam-se para disfarçar a tristeza, ainda mais quando eram perguntados pelo filho, o que estavam sentindo. Era difícil responder. Muito difícil de responder. Como falar para seu filho que não ficariam juntos? Que ele será entregue... Viverá em outro lugar, com outras pessoas...? Como?
Não era fácil vestir uma máscara, disfarçar os sentimentos, inventar histórias e que tudo ficará bem.
Todos dos dias era isso que faziam, juntamente com muitos outros pais.
Suportaram com grande força, até que não conseguiram mais segurar. Entregaram o seu único filho, antes mesmo que os Coletores viessem busca-lo. Eles não aguentariam vê-lo sendo levado de suas mãos.
A mãe e o pai, beijaram-lhe a testa. As lágrimas escorriam dos seus olhos. Emom, acompanhado de outros Coletores, não expressavam nada.
A criança de sete verões completados, não entendia o que estava acontecendo. Por que aquele lugar? Por que aqueles homens? Por que seus pais estavam chorando?
Emom pegou a criança. Entrou no palácio e fechou a porta.
O pai, todo quebrado, juntou forças para permanecer de pé. Mas a mãe, ajoelhada diante o enorme portão, chorou. E seu choro ecoou em todas as ruas. Em cada casa. Por todo o reino.
O choro de mil mães.
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The Guardians
FantasyO universo de "The Guardians" é repleto de fantasia, no qual, encontra-se bondade, maldade, companheirismo, individualismo. Por ironia, sorte ou azar, eles foram selecionados minuciosamente com habilidades distintas pelo destino. Explore esse unive...