Portão-norte-de-Dunsan

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Depois de chegar em Dunsan, a família de Neshi observou todo aquele lugar; ruas, casas, praças... O branco puro de cada pedra assentada milimetricamente uma na outra... O comercio da rua principal... maravilharam-se. Tudo isso só exaltava o lugar e lembravam-lhe o quanto sua antiga cidade era pequena.

Passada toda essa agitação, encontraram-se com representantes do rei e falaram sobre suas habilidades em lidar com a terra, com os campos. Então, o rei Casclan deu-lhes uma moradia em Alryt, Portão-norte-de-Dunsan; conhecida também, como a Cidade-da-fronteira, que divide o reino de Dunsan com a região de Hurander, as terras pálidas. Uma região com longos campos para plantio. Neshi e sua família ficaram muito felizes com sua nova casa.

A casa de grossas toras de madeira instalava-se ao lado de uma árvore, na qual, sua copa cobria boa parte do telhado, e do outro lado, um belo lago, onde alguns patos pousavam e outros nadavam. E por fim, mas não menos importante, um grande celeiro na parte de trás, que do seu interior, já abrigava alguns animais. O plano de fundo dessa região ficava a cargo das montanhas, pinceladas de branco sobre seus picos.

Tudo isso não chegava nem perto do que eles tinham, muito menos do que sonhavam em ter.

Instalaram-se rapidamente. Acostumaram-se com o clima e claro, com os moradores das fazendas vizinhas.

Mesmo ajudando sua família no plantio, na colheita, armazenamento e nas vendas pelas ruas de Dunsan, Neshi ainda era atormentado pelo que tinha passado; a nuvem de poeira cercando-o, as figuras de duas pessoas diante dele... De repente tudo sumia; no lugar, uma prisão, gritos, plateia... Arena.

Com tudo isso, ainda assim, procurava deixar a mente ocupada, manter o foco em outras coisas.

O tempo passou. Aquele mundo novo, não era mais estranho. Pareciam que eles não eram diferentes, pertenciam aquele lugar desde o início. Tudo era conhecido. Mas precisou de um dia, um momento para tudo mudar. E foi naquele dia, naquele fatídico dia que tudo mudou.

Invadiram o celeiro. Levaram tudo, destruíram tudo. Soldados do reino ajudaram, reergueram o celeiro. Mas outro ataque do Norte veio. Mais uma vez o rei estendeu a mão. Entretanto, mais outro ataque, e outro, e mais outro.

Neshi e sua família sabiam que podiam ajudar. Ele sabia que podia ajudar. Suas habilidades, seu dom, podia ajudar. Mas sabia também que os olhares, os julgamentos, viriam novamente.

O medo falou NÃO!

Eles obedeceram. Não podiam arriscar perder tudo, tudo que tinham ganhado. As pessoas os conheciam, mas não sabiam quem eles eram, quem ele realmente era. O que ele era.

Os ataques não pararam. As fazendas vizinhas eram invadidas. O fogo nas propriedades. A tristeza nos corações. As lágrimas nos olhos.

Os soldados mostravam sua presença, mas parecia não ser o bastante. Algo tinha que ser feito.

A idade avançada dos pais do jovem trazia limitações sobre suas habilidades, mas a ele não. Neshi sabia que tinha que fazer alguma coisa.

A coragem falou SIM!

A primeira ação foi na fazenda onde eles moravam. O madeiramento do celeiro deu lugar as rochas como estrutura. Assim sucederam com os outros das fazendas vizinhas. O movimento das suas mãos e o deslizar dos seus pés trouxeram uma fortificação em pedras maciças.

O espanto tomou conta das famílias quando o viram agir, mas ao final, maravilharam –se com o que receberam.

Dias passaram-se, os feitos espalharam-se. Todos parabenizaram o jovem garoto.

Representantes do rei em suas visitas rotineiras agradeceram-no por seus atos para com o reino, mas dentro dos sons das palmas, começaram a vê-los, principalmente ele, Neshi, com outros olhos. 

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