Voltando Pra Casa I

12 0 0
                                    

Caçar, treinar, caçar, treinar... Brincadeiras, sorriso. Momentos descontraídos para saírem um pouco da rotina pesada. Mesmo assim, muito tempo tinha se passado, e a saudade de sua mãe apertava ainda mais em seu peito.

Gallyty disfarçava, mas as vezes deixava transparecer, e claro, ocultava esse sentimento dizendo que só estava cansada mesmo.

A arqueira continuou assim nos dias seguintes, mas decidiu, então, fazer alguma coisa: ver sua mãe novamente. Saber como ela estava, se o seu antigo lar continuava o mesmo, ou se as coisas já tinham mudado.

Sempre que aparecia alguma brecha, saia escondida para a Vila-suspensa encontrar com sua mãe entre as árvores, longe dos Caçadores. Sim, uma tarefa difícil, pois desde muito jovens, são treinados para terem olhos de águia sobre qualquer ação que venha trazer ameaça a vida dos seus moradores. Além, é claro, dela não poder arriscar-se. Depois de tudo que havia acontecido com ela e os Caçadores, sendo até chamada de traidora entre eles.

A cada encontro com sua mãe e sua irmãzinha de coração, Suli, a Pequena dos Cabelos Rosados, que também estava com muita saudade dela, os abraços ficavam mais demorados e as lágrimas mais volumosas. Ainda assim, valia o risco. Por quem amamos, vale-se o risco. Com tudo, mesmo que Gallyty esforçasse para que sua mãe deixasse aquele lugar e fosse embora com ela, não era uma tarefa fácil. Laie rebatia dizendo que não podia largar tudo, sem olhar para trás.... Ela fazia parte do lugar, da história, do povo... De Vinci, seu pai, e um fiel marido. Conhecido também entre todos como A Primeira Flecha. Ainda que ele não estivesse mais presente... Deixar alguém, mesmo que seja suas lembranças, não é tão simples assim. Não é algo que se faz de uma hora pra outra.

De qualquer maneira, os encontros estavam indo bem, mas com o passar dos dias, começaram a ficar cada vez mais difíceis. A vigilância em volta da Vila, tinha ficado mais reforçada. Mesmo assim, Gallyty e Laie não mediram esforços para ficarem se vendo.

Ao final de um dia exaustivo, todos estavam em seus lugares, prontos para dormirem. Sky debruçou-se sobre um tronco, e ali soltou um longo suspiro. Gallyty, num emaranhado de galhos, estava de barriga para cima, ao lado dele, olhando para além das folhas, para o céu, com um singelo sorriso de canto de boca, depois de uma rápida lembrança de sua mãe.

Não demorou muito, e mãos agarraram o tronco da árvore e começaram a subir com grande determinação. A arqueira e seu felino, estavam quase a cair no sono, quando foram surpreendidos com a inesperada visita.

"Suli? – questionou a arqueira. "O que está fazendo aqui?" – continuou.

Sky ao ver a amiga, encheu a cara dela de lambidas.

"Sky, deixa ela respirar" – disse sua parceira.

A Pequena dos Cabelos Rosados estava muito ofegante.

"Como me encontrou?" – questionou a arqueira tentando entender toda aquela situação. A pequena nunca tinha lhe visitado.

"Em um dos encontros, eu segui você para saber onde estava. " – parou por alguns momentos. "Eu consegui gravar o caminho. Vim o mais rápido que eu pude. "

"Aconteceu alguma coisa? E minha mãe?" – insistiu a arqueira.

"Os Caçadores, Gallyty" – ainda cansada.

"Sim..." – soltou quase como um sussurro.

"Você não verá ela novamente" – finalizou a pequena.

Mesmo sem manusear nenhuma arma, aquelas palavras perfuraram a arqueira como se ela fosse uma presa, pega pelo seu caçador.

The GuardiansOnde histórias criam vida. Descubra agora