O Cervo De Coroa E O Príncipe

55 0 0
                                    

Ao Norte de Ahnatnom, Oeste de Nidon, Leste de Dunsan e ao Sul de Hurander, Mar-verde inunda essa região e dentro desse mar de árvores, um animal arisco oculta-se dos olhos humanos. Suas aparições ligeiras nos riachos e cachoeiras se contrastam com seu caminhar elegante. A floresta o reconhece. A floresta inclina-se diante dele. O Cervo-de-coroa. Exuberantemente belo, de pelagem marrom e sedosa. Peito estendido a frente. Um olhar esmeralda, gentil, frágil. Seus cascos polidos, negros como a noite sem lua e sem estrelas, transmitem-se uma sensação de pesar, mas ao mesmo tempo são leves como uma pluma. Sua longa cauda de penas não esconde o suavizar do marrom, saindo de tons escuros e indo para tonalidades mais claras, lembrando também as asas de um pássaro preste a voar quando se coloca a abri-las.

Ao longo do seu pescoço uma fileira de pequenos chifres vão galgando até o alto de sua cabeça, crescendo exponencialmente até encontrarem-se com um emaranho de chifres pontiagudos voltados para cima, parecendo galhos de uma árvore centenária, exaltando sua soberania, em uma coloração dourada, brilhante para todos os olhos. Nem o mais ouro-puro iguala-se a tal riqueza. Um animal mágico. Um animal em perigo.

Ocultando-se dos olhares de seu pai, Sthivi mostrava-se a frente dos soldados nidonianos que convocara, comandando-os. Mergulhavam-se naquele imenso mar de árvores, bem afastados das muralhas de Nidon, caçando essa espécie. Flechas e espadas direcionavam-se para todos os lados.

O cinza das nuvens não escondiam alguns brilhos no céu que refletiam sobre os metais que carregavam sob as folhagens das copas das árvores.

"Vamos! Mostre-nos o caminho. " - disse Sthivi firme diante um jovem Ypui que aparentava seus nove, dez anos. Fisionomia humana, mas de pernas peludas e cascos nos lugares dos pés. Capturado naquela manhã. Parecia um cão de caça com uma coleira em seu pescoço. As tochas nas mãos dos soldados o acompanhavam pelo caminho.

***

O príncipe não aceitava a ausência do seu pai, Bert, e nem a lentidão de reconhece-lo forte, merecedor de estar à frente dos assuntos destinados ao reino.

Sua mente regredia nitidamente a fisionomia dele de barba e cabelos longos, grisalhos. Um olhar sempre na linha do horizonte e de um caminhar soberano subindo a longa escadaria do trono de basalto, vigiado por longínquos pilares nos seus trinta degraus num espaçamento de três degraus entre eles. Instalado na ampla sala iluminada a fogo, destacando a coloração profunda do basalto negro, passando diretamente diante dele, deixando o silencio como resposta aos seus pedidos.

***

Vestidos de armaduras de ferro-puro, os soldados pareciam vultos de espadas cintilantes sobre seus cavalos entre as árvores.

Não demorou muito para que todos parassem a sinalização da criança Ypui com seu dedo apontado para frente.

Ao pé de uma árvore o animal adormecia, parecia que o sol era o véu sobre seu corpo, tamanha era a luz no alto de sua cabeça, provida dos seus chifres dourados.

Sobre seu cavalo, Sthivi armou seu arco, mas foi subitamente interrompido pelo solavanco do animal inclinando-o para trás, devido aos gritos que o garoto fizera, fazendo sua flecha errar o alvo, ocasionando a escapatória do cervo.

"Não! " - conseguindo escapar dos olhares nidonianos.

"Ah, esses animais! " - bradou Sthivi. "Atrás do cervo! " - apontando.

"Mas, e o garoto senhor? " - questionou um soldado próximo a ele.

"Deixem-no. A coroa é mais importante. " - mergulhando no interior da floresta. "Você verá meu pai, verá a força do seu filho. Veras que sou digno do seu orgulho. " - disse em pensamentos a todo galope.

The GuardiansOnde histórias criam vida. Descubra agora