Os pés passaram na frente um do outro em grande velocidade. Uma, duas ruas para esquerda. Mais duas, três ruas para a direita. Saltou sobre algumas muretas e desceu ligeira pelas paredes de pedras negras.
Sthella encostou no muro de um estreito corredor. Respirou fundo por detrás da máscara. Não ouviu-se mais os guardas. Passou por baixo de uma barreira de concreto, no qual, delimitava o caminho que mais lembrava uma passarela, chegando em outra rua. Ficou sobre duas portas de madeira; um antigo porão de um estabelecimento qualquer na Cidade-baixa, no qual, fez de esconderijo provisório, pois sabia que a qualquer momento tudo podia mudar e sempre mudava.
Abriu a porta. Desceu alguns degraus. A mesa de madeira toda desgastada pelo tempo recebeu-a. fechou a porta. Levou as costas a uma parede e escorregou até o chão. Seus pensamentos foram até o velho e toda a situação que encontrara-se. Notou que ambos não eram diferentes, mas sim, iguais.
Ladrões.
Ela com suas apresentações e ele com seus truques de cartas. Mas a morte daquele senhor mexeu com seus sentimentos, entristecendo-os e claro, deixando-a ainda mais com raiva daquele povo da Cidade-alta.
Sthella tinha total conhecimento de suas origens. Uma origem simples e humilde e que seu pai sustentava a casa e o sonho deles de uma vida melhor, trabalhando arduamente para os superiores. Mas tudo isso foi interrompido pela morte daquele por quem ela amava.
Seus olhos molharam e as lágrimas escorreram na superfície da máscara. Algo nela falava que foram aqueles soldados que mataram seu pai, medo dele ser um ladrão disfarçado, por conta do seu jeito e suas vestimentas simples.
Mas de repente, foi despertada dos seus pensamentos por alguma coisa que sentiu do seu lado.
Limpou seus olhos por sobre a máscara e direcionou-os ao chão.
Assustou-se. Como aquilo poderia ter aparecido ali? Mas foi então que lembrou-se do momento que aquele senhor tocou em sua mão. Lembrou-se também que correu, pulou, mas não sentiu nada. Será que ficou com ela esse tempo todo? Seus pensamentos tentaram entender, mas nada.
Sthella levou a mão a caixinha e pegou-a. Girou-a diante a face para uma melhor verificação, numa clara tentativa de decifrar aquele misterioso objeto. Mas nada. Uma caixinha simples, sem figuras. Porém, um leve descuido depois de várias olhadas, fez a caixinha cair no chão. Instantaneamente, grandes cartas apareceram flutuando no ar, bem diante dos seus olhos.
O baralho do velho.
Cartas negras de bordas douradas. Umas com apenas uma espada desenhada em sua superfície, outras com três adagas desenhadas; uma no centro e duas saindo do mesmo ponto de origem, formando um "V". Mas teve uma que destacou-se das demais. Uma carta toda espelhada apareceu diante a jovem mostrando seu próprio reflexo num vidro de fundo negro. Mostrando o sorriso da máscara estampado em seu rosto.
Sthella então percebeu. Não era cartas comuns. Não era um baralho como os outros, era mais. Muito mais. Era mágico.
Um som abafado se fez. Sthella colocou as cartas no bolso, mas quando tentou levantar-se, um objeto metálico e esférico adentrou no lugar depois de quebrar a janela ao lado.
BOOM!
O vácuo da bomba sugou tudo para o centro da explosão. A mesa, cadeiras, bateram na jovem. A porta rompeu-se. Soldados de espadas em punho apareceram. Juntamente com eles, um de longo manto acinzentado; que cobria sua cabeça, mas não ocultava a face metálica e escorria até os pés, com um pesado arsenal na posse de suas mãos, destacou-se.
Connor.
Sthella com dificuldade conseguiu sair dos escombros, mas quase foi pega pela saraiva de balas da poderosa arma do Rastreador, furando todas as paredes.
A rua de trás ofereceu uma melhor rota de fuga.
Sthella fugiu. Mas os soldados vieram em seu encalço. Foi então que por entre aquelas vielas lembrou-se do que havia acabado de acontecer com ela.
As cartas.
Pegou-as. O desenho de uma espada fez-se na carta em sua mão. Agiu instintivamente. Jogou-a. A carta voou em linha reta e bateu bem no peito do soldado, furando-o, derrubando aquele que a perseguia.
Assim, sucedeu-se com outros três. Connor até que tentou, mas a pessoa daquele sorriso não encontrava-se mais.
Sthella desceu uma rua a esquerda. Uma escola abandonada ergueu-se diante dela.
Ali escondeu-se.
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The Guardians
FantasíaO universo de "The Guardians" é repleto de fantasia, no qual, encontra-se bondade, maldade, companheirismo, individualismo. Por ironia, sorte ou azar, eles foram selecionados minuciosamente com habilidades distintas pelo destino. Explore esse unive...