Voltando Pra Casa II

14 0 0
                                    

Gallyty avançou sobre as árvores. Saltou dois, três galhos aqui. Mais dois, três galhos ali. Mesmo pequena, Suli conseguiu acompanhar o ritmo da amiga.

A arqueira parou alguns metros da Vila e de acordo com o caminho que Suli tinha contado, avaliou a melhor direção seguir, e assim, continuou.

Dois Caçadores abatidos.

O caminho ficou livre. Passou entre algumas construções, e algumas pontes. Mais caçadores. Demorou um pouco mais do que o esperado, mas deu certo. A passagem ficou livre novamente.

Depois de uns cem passos, chegou a uma longa ponte, estreita, ligada o seu final a uma grandiosa árvore, rente a um desfiladeiro. Dentro de sua extensa copa, uma construção retangular, completamente de madeira, voltada para a face do abismo.

O confronto sobre a ponte foi acirrado, mas a arqueira e sua amiga conseguiram sair vitoriosas.

Ao chegarem a base final da ponte, sobre um piso de madeira, Gallyty acariciou seu felino atrás de suas orelhas.

"Bom garoto"

Seu animal tinha dado a volta, orientado por ela, e pegado os outros caçadores de surpresa, derrubando-os.

Entraram na prisão. Gallyty piscou seus olhos, deixando-os esverdeados e foram diretamente para onde sua mãe estava presa, mas quando viraram no corredor ali próximo, Suli acabou sendo atingida por uma flecha em seu ombro, vinda do vigilante da prisão. A Caçadora foi rapidamente socorrer sua amiga. Quando direcionou seus olhos para o vigilante, o homem desmoronou-se em sua frente, deixando em seu lugar Coldy.

Rapidamente o Rebelde aproximou-se delas.

"Não se preocupem, vamos tira-las daqui"

"Hã? " - a arqueira não entendeu.

"Onde ela está? - perguntou o Rebelde.

" O que? " – questionou a Caçadora.

"Sua mãe"

"Ela...Está lá" – apontou Gallyty.

Coldy, então, foi onde a arqueira tinha apontado. Laie estava muito ferida, não conseguia ficar de pé. Assim, o Rebelde colocou-a sobre o ombro e tirou-a de lá.

Caminharam por alguns metros, mas tiveram que parar, devido aos sons de passos acelerados e palavras de ordens. Encostaram em uma das paredes. Coldy deixou Laie aos cuidados de sua filha.

"O que pensa que está fazendo? " – questionou a arqueira nervosa.

"Estou abrindo caminho" – afirmou o Rebelde depois de tirar sua besta das costas e girar o armazenamento cilíndrico de flechas abaixo de sua arma.

"Eu consigo! " – disse ela firme para ele.

Coldy saiu sem prestar atenção nela, e como uma metralhadora, uma torrente de flechas foram disparadas abrindo passagem.

~~

Laie foi salva e deixada em segurança para se recuperar. Todos os membros do acampamento que estavam em Mar-verde vieram para a Vila-suspensa e fizeram morada. E Claro, juntamente com os outros membros da Vila, aprenderam seus costumes, tradições...Cultura. Assim, tornaram-se Caçadores também.

A normalidade voltou novamente. Jovens treinando, crianças brincando...Mas a relação do Rebelde com a Caçadora não estava indo muito bem. Conviviam juntos, mas parecia que só ele dava o passo em direção a ela, e ele não via o retorno dela em relação a isso.

Então, Coldy decidiu se afastar dentro uma grandiosa árvore fincada sobre uma cachoeira. Gallyty percebendo o comportamento estranho dele, foi atrás.

"Está se escondendo de novo? "

"Hum? " – sentado sobre um galho sem olhar para ela.

"Por que está me evitando? " – perguntou dando alguns passos na direção dele.

"Não estou"

"Está sim. Aconteceu alguma coisa? "

O Rebelde respirou fundo com os olhos no horizonte.

"Pode falar" – pediu a arqueira.

"A gente já falou sobre isso, mas... O que aconteceu com sua mãe... Eu... Acabei ouvindo, então achei que precisava de ajuda.

"Coldy, eu..."

"Quando defendemos a Vila, e percebo que você vai fazer algo arriscado, eu saio da minha posição para te proteger... E não é só isso... E em muitos outros momentos eu sempre tomo a iniciativa"

"Então é isso? - perguntou a arqueira. "Por isso que está se afastando de mim? Acha que não percebo? – parou de ir até ele.

"É o que está parecendo" – ainda sentado.

"Então acha que não vejo o que faz? " – gesticulou com os braços.

"Sim" – afirmou.

"Idiota..." – falou em sussurro de cabeça baixa sob o capuz.

"Por isso que pra mim não dá mais" – levantou-se e ficou de frente para ela.

"Eu vejo tudo que você faz em relação a mim" – disse ela. "Eu percebo tudo isso. Eu posso ser assim fechada, não demonstrar meus sentimentos, mas sinto. Eu sinto tudo. " – as lágrimas começaram a escorrer em suas bochechas.

"Gallyty, eu..." – correu em sua direção.

"Então não se esconde" – limpou os olhos com a mão direita.

"Desculpa" – pegando em sua mão.

"Eu não preciso de proteção. Só quero que fique do meu lado"

"Tudo bem" – acalmou-a.

"Eu sou assim... É tanta coisa na cabeça..." – A arqueira chorou sobre seu peito.

"Desculpa" – beijou sua testa. 

Ela abraçou ele ainda mais forte.

O Rebelde continuou com ela dentro dos seus braços, e o sol na linha do horizonte os envolveu com toda a sua luz.

The GuardiansOnde histórias criam vida. Descubra agora