O Adotado

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Um golpe com o machado para cima e outro para baixo. Treinamentos. Era o que ele queria? Não. Mas tinha que fazê-lo. O Major-dos-Royal, Vanrror, exigia isso de todos. Apesar da herança militar constituírem os fundamentos de Dunsan, Azlink gostava mesmo de ficar perambulando por aí.

Num desses treinamentos, escapou. Avistou sobre o Porto-da-pedra-branca, embarcações chegando com mercadorias e pessoas, dentre essas pessoas, a família de um jovem. Percebendo, talvez, o medo nos olhos do garoto, deu-lhe as boas-vindas ao recém-chegado. Conhecendo assim seu nome: Neshi.

Azlink sabia que não podia ficar fora por muito tempo, tinha que voltar para o quartel antes que Vanrror sentisse sua falta, por isso que suas saídas eram rápidas, e claro, uma boa desculpa tinha que estar pronta na ponta da língua caso viesse a ser questionado do seu paradeiro.

Esses perdidos pelas ruas cinzas, quase brancas da capital e até mesmo nas cidades que cercam o reino, traziam-lhe sonhos de um pai, quando presenciava um homem ensinando a um filho. Seus cabelos negros e olhos castanho-escuro não eram compartilhados pela família que foi adotado, uma mulher camponesa. Seu amor a ela era nítido, mas a presença de um pai lhe faltava. Ele não aceitava isso.

Nas vezes que passava pelo Muro Dos Imortais; rostos cravados na rocha das pessoas homenageadas por suas façanhas para com o reino, seus lábios expressavam-se com um sorriso de canto.

"Nada mais justo".

Mas um homem que desaparece e deixa seu próprio sangue para trás, não merece ser imortalizado, assim ele pensava. Seus sentimentos eram bem claros sobre isso. Porém, a possiblidade de dúvida, por menor que fosse, sobre seu pai estar em algum lugar vivo, pairava sobre ele.

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