A Máscara-de-Lobo

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Não havia nada para comer. Todo o povo estava sofrendo. Caçar.... Caçar o que? O frio era severo. Mesmo que todos estivessem acostumados com aquele mundo pálido, não era o suficiente. Muitas bocas, mas pouca comida para alimenta-las.

Desesperado. Um homem. Chefe de família, saiu de sua tenda feita de couro e ossos de animais e vagou pela vastidão daquelas terras brancas. Perdido? Não. Ele sabia para onde estava indo.

Horas passaram-se, e aquele homem chegou diante uma montanha. Olhou-a por alguns segundos sob a neve que caia sobre ele. Subiu.

Esposa, filhos.... Todos ficaram para trás. Escolhas difíceis foram feitas. Mesmo tudo em volta submetido ao gelo, os dias não paravam de seguir. Assim, o homem chegou ao pico da montanha. Ajoelhou-se e pediu.

Muitos não aceitavam aquilo. Era perigoso demais.

Mexer com o sobrenatural tem suas consequências. Mas o desespero daquele homem tinha falado mais alto sobre seu conhecimento em relação ao oculto, ao secreto.

O homem abriu os olhos e diante dele sobre a neve.... Uma máscara. A máscara de um lobo.

O homem, por sua vez, enfureceu-se. Gritou aos quatro ventos. Pegou a máscara e prontificou-se a joga-la contra a parede próxima a ele. Mas ao levanta-la, parou. Hesitou por um momento. Seu coração estava cheio de ódio. Contudo, aceitou.

O tempo passou. A comida voltou a encher as barrigas e os copos a transbordarem. Ninguém ousava invadir aquelas terras, atacar aquele povo. Todos estavam felizes. Salvos. Salvos.... Salvos.... Será?

O homem usava a máscara em segredo. Ela concedia poderes a ele. Uma força sobre-humana. Ninguém conseguia pará-lo. O poder na palma de sua mão. Tudo sob controle. Mas, quanto mais ele usava a máscara, mais se fundia a ela. Até que certa vez.... Fundiu-se por completo. O homem deu lugar ao animal. A consciência deu lugar ao instinto. A mansidão, a selvageria. O amor.... Não existia mais.

A terrível fera foi caçada, perseguida.... E com muita dificuldade, morta.

A máscara...

A máscara-de-lobo.... ficou perdida.

Perdida no tempo.

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