A Maior Riqueza II

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Otto colocou suas costas bem rente a parede, ocultando-se das iluminarias incandescentes penduradas, e claro, da maior delas, mesmo não sendo de fogo, iluminava a tudo com sua luz prateada.

Deslizou seu corpo bem devagar, rente ao muro, e observou uma das várias torres de observação ali próxima.

Apenas um guarda.

Olhou para a parceira em seu braço esquerdo e deixou um sinal de positivo com a cabeça. Movimentou o braço em arco. Iris alçou voo. O silêncio de suas asas ocultou sua chegada, pegando o soldado de surpresa. Rapidamente, o Andarilho das Montanhas usou sua habilidade adquirida sobre as dunas daquele reino; esfarelou-se por inteiro e voou em inúmeros grãos de areia até a torre, materializando-se atrás do soldado antes mesmo que ele pudesse pedir reforços, derrotando-o.

Observou todo o caminho até o palácio. Mais algumas ruas e outras torres. Respirou fundo, e continuou.

~~

Dois, três corredores. Otto chegou até um amplo espaço dentro do terreno do palácio. A abertura circular mostrava uma fonte na parte central, quatro pequenos jardins; um em cada canto. O chão de pedras conduzia a seis passagens; duas a esquerda, duas para a direita e duas a frente; dividindo-se também, em direita e esquerda.

Otto aproximou-se sorrateiramente até a fonte. Agachou-se. olhou para os lados. Tentou lembrar das instruções do mercador, mas eram muitas as informações.

Direcionou seus olhos para sua parceira.

"Iris, mostre-me o caminho" - balançou o braço em arco.

Sua ave abriu asas e inclinou o corpo para a direita e adentrou na passagem de uma das aberturas, mais precisamente a esquerda. Como se o corpo dela tivesse esfarelado, uma rota foi traçada; grãos de areia sobre o chão brilhavam como ouro, revelando o caminho.

"Essa é minha garota" - comentou Otto saindo de sua posição rapidamente e olhando para todos os lados, conferindo sua segurança.

Os pés passaram por três corredores, mas quando foi virar pelo quarto, daquela vez, para a esquerda, foi surpreendido por dois guardas. Um deles pegou-o pelo pescoço, puxando-o para trás. Tentou escapar, mas só na segunda tentativa obteve sucesso. Levou-os ao chão. Iris cegou outros três que chegaram logo em seguida, tornando-os alvos fáceis para o Andarilho. Mesmo quando um que estava ferido tentou escapar, foi pego pelo disco de lâminas, quando Otto o lançara sobre ele, derrubando-o.

Aquele cenário ficou para trás, outro apareceu logo em seguida. Um largo corredor, de amplas aberturas a sua esquerda, na qual, eram divididas por enormes rochas do teto ao chão, com arbustos cobrindo-as por inteira. Ainda assim, revelando partes de um outro pátio ao fundo.

Silenciosamente e ocultamente, Otto e Iris, passaram. Quando caminharam alguns metros adiante, a arquitetura do ambiente trouxe-lhe uma sonoridade de vozes, em que falavam-se da filha do mercador. Rapidamente Otto lembrou-se das palavras daquele senhor, de onde ela estaria sendo aprisionada.

Seguiu.

Uma escadaria em forma de caracol, levou-o a um corredor, onde uma larga porta era protegida por guardas.

A filha do mercador ouvindo sons de laminas, coisas pesadas caindo... Até o piado de uma ave, assustou-se. Olhou para os lados e escondeu-se dentro de um baú ao pé da cama.

Otto, todo ferido, entrou com a mão direita pressionando sua costela.

Um luxuoso quarto mostrou-se diante dele. Uma mesa de canto, uma cama ao centro acompanhada de um baú e uma janela ao lado oposto à mesa. O Andarilho olhou em volta, mas nada. Segundos depois, um som chamou sua atenção. Girou seus calcanhares. O som vinha do baú. Otto olhou para sua ave. Aproximou-se lentamente do objeto. Levantou a tampa. Uma jovem, tremendo, encolhia-se e não era de frio.

Aquele olhar de medo passou pelos ferimentos do Andarilho, o sangue que escorria do rosto, e a ave que o acompanhava, mas quando a jovem esboçou gritar, ele interveio rapidamente.

"Rabmâ" - disse Otto.

Ela parou. Tentou entender.

"Âmbar" - disse o Andarilho mais uma vez, tirando o pano que cobria sua boca. E prestando atenção na jovem.

"Somente meu pai me chama assim"

"Por isso eu estou aqui" - continuou ele. Mas a atenção que estava em toda aquela situação, foi levemente distraída pelo dourado daqueles olhos.

Iris olhou para a porta.

"Quem é você? " - questionou ela e erguendo um pouco mais seu corpo.

"Otto" - respondeu, depois de voltar do estado de distração causados por aquele olhar.

"Cadê meu pai?" - perguntou ela com seus olhos em todas as direções.

"Levarei até ele" - com a mão estendida.

Mais uma vez Iris olhou para a porta.

"Como? O último que estendeu a mão, me prendeu. "

Passos acelerados aproximavam-se. Voltar por onde veio, estava fora de cogitação. O jeito era seguir em frente.

Otto olhou para íris.

"Será que consegue nos tirar daqui? " - indagou sobre alguns ferimentos de sua parceira.

Iris bateu asas e passou pela janela.

"Confia em mim? " - questionou o Andarilho.

"O que?" - ela fez uma careta. "Não!" - rebateu.

"Por favor..." - continuou Otto.

A jovem olhou para a mão dele, depois para porta.

"Não temos muito tempo" - implorou o Andarilho.

A jovem segurou na mão dele e saíram correndo.

"Agora! " - ordenou Otto.

Pularam. Caíram sobre uma montanha de feno. Seguiram o caminho que a ave tinha deixado e saíram de lá.

~~

"Nies'ka! " - disse o mercador com grande alegria o nome da filha.

"Pai! " - respondeu ela.

Pai e filha abraçaram-se fortemente.

Otto ao canto, todo machucado,  com as mãos tentando pressionar alguns ferimentos, presenciou aquela cena.

"Obrigado por trazer minha filha" - agradeceu o mercador para Otto a distância. "O Âmbar dos meus olhos. " - continuou o senhor.

Otto então, sorriu sob as lágrimas.

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