O Poço Dos Condenados

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As rodas passavam sobre a terra batida. O sol caminhava para o horizonte. Mas dentro da carruagem, a luz quase dava para ser notada por de trás dos sacos que envolviam a cabeça daquelas pessoas. Acorrentados nas mãos e nos pés em pares, sentavam-se lado a lado.

Os soldados os conduziam.

A carruagem que mais parecia uma caixa, com janelas em seu entorno, não segurou um pedido de misericórdia vindo do seu interior, mas que infelizmente, foi rapidamente repreendido pelo soldado que cavalgava em sua lateral.

Um dos soldados assobiou. O cocheiro entendeu. Então, soltou um grito para seus quatro cavalos a frente. Os animais obedeceram de imediato. A carruagem balançou ainda mais sobre o terreno irregular, fazendo os prisioneiros baterem entre si, trazendo assim, uma satisfação prazerosa para os soldados.

Tempo depois de passarem pela estrada, o sol já tinha inclinado significativamente. Os prisioneiros sentiram que pararam. Mesmo com toda dificuldade de ver alguma coisa por causa do saco que envolvia suas cabeças, conseguiram identificar sons de água, aves... Assim, tiveram uma pequena noção de para onde os levaram. Foram para a costa.

Ouviram soldados conversando e dando risadas. Um som de ferragem rangeu. Sim, era um portão. A carruagem andou. Poucos foram os seus metros. Parou.

As duas portas atrás da carruagem abriram. Mandaram eles saírem. Obedeceram.

Pelas frestas dos sacos, conseguiram observar um largo pátio, muros, torres e soldados. Foram conduzidos para um corredor iluminados por tochas. Viraram para esquerda. Desceram oito degraus. A passagem era sustentada por alguns pilares, no qual, arcos de pedras assentavam-se em suas partes superiores.

Mais tochas iluminavam-na. Um dos soldados ordenou com gesto de mão para os outros colocarem os prisioneiros entorno da forma circular ao chão.

Pedidos por perdão foram ecoados ali dentro.

O soldado a frente do grupo ordenou que fossem tirados os sacos.

Assim o fizeram.

Os prisioneiros olharam ao redor e amedrontaram-se com o imenso buraco atrás deles. Muitos ajoelharam-se aos pés dos soldados de branco e mantos azuis. Mas nada fizeram. Apenas ordenaram que levantassem.

Aquele que estava à frente do grupo, deixou apenas um com o saco, para que ele mesmo pudesse retirar. Levou sua mão esquerda ao rosto do prisioneiro e tirou o saco. O pobre homem olhou em volta, e ajoelhou-se ao pé do soldado. Aquele membro dos Royal tirou o elmo de sua cabeça.

"Por favor, tenha piedade de nós" - disse o homem de cabeça baixa.

"Demos tudo a vocês" - falou Saikon. "Mas parece que não foi o bastante"

"Por favor... Eu imploro..." - as lágrimas escorriam em seu rosto.

"Levante-se" - ordenou.

"Por favor..." - implorou o homem.

"Levante-se! " - ordenou Saikon com o tom mais firme na voz.

O prisioneiro obedeceu.

"Seus atos o trouxeram até aqui. Todos vocês. Veremos se poderão sair"

O prisioneiro, assim como os outros, choravam muito.

"Bem-vindos ao julgamento" - Saikon chutou-o.

O homem caiu levando aquele que estava amarrado a ele ao fundo do poço. Os outros foram logo em seguida, jogados também.

Horas depois...Aqueles que sobreviveram a queda, gemiam de dores rodeados de ossos humanos. Uma grade, no chão, bem no meio do poço, começou a jogar água para fora. Lentamente a água espalhou entre eles. A cada hora que passava, ela subia um pouco. Tentaram escalar as paredes, mas em vão.

No alto, a lua que os observava durante aquele tempo, não suportou mais vê-los assim, e ocultou sua face.

As águas do mar encheram o poço. Os gritos tinham cessado.

Somente as lágrimas da lua gritaram. Gritaram sobre os telhados, sobre os muros, sobre os corpos.

A lua chorou toda aquela noite escondida atrás das nuvens.

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