O Resgate

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Sobre a cama e com as mãos envolvidas em seu livro, Suli se perdia num mundo de fantasia, sonhos, mas retrocedera quando sua mãe chamara ao fundo, buscando-a de sua imaginação. 

"Está pronto!" - afirmou Lia, sua mãe.

"Já estou indo, mãe"! - respondeu a pequena.

Rapidamente Suli se arrumou. Colou sua botinha marrom e um sobretudo que mais parecia um vestido que envolvia quase todo o seu corpo, só parava um pouco abaixo de sua cintura, puxando para um verde, com uma faixa na diagonal em tons de verde mais claro e uma calça marrom claro.

Na cozinha, o bolo estava sobre a mesa. Bem simples.

"Nossa, mãe! Está com uma cara ótima." – abraçando-a.

"Não só a cara, mas o gosto também." – respondeu sua mãe com um sorriso no rosto. "Eu dei uma pequena beliscada, mas fica só entre nós, viu?"- acrescentou Lia colocando um das mãos a boca.

"Pode deixa." – a menina sorriu.

A senhora de cabelos grisalhos, avental e ainda com a colher de pau na mão, fizera do jeito que sua filha pediu, mas isso não era nada perto do dia, o aniversario do pai dela. Isso valia mais do que um bolo, mas o aniversariante não ligava para isso, não era mais uma criança.

Em outro cômodo da casa, trabalhando dentro do seu escritório. Crasfer com sua face cansada, desgastada pelo tempo, fazia algumas anotações sobre uma pequena mesa de madeira.

"O paaaiii a mãe está chamando o senhor um pouquinho" – disse sorrindo e abrindo aporta.

Mas ele não demostrara nenhuma reação. Seus dedos envolvidos a caneta continuavam descrevendo sobre o papel. A motivação da pequena rapidamente foi cortada.

"Mais um caso?" – disse ela já sem demonstrar nenhum sorriso.

Seu pai fez que sim com acabaça, sem tirar os olhos do papel.

"Eu e a mãe estamos chamando o senhor um pouquinho..."

As mãos envelhecidas pararam de escrever, ele empurrou a cadeira pra trás e foi até em direção da sua filha. A menina pegara na mão do seu pai e o louvou até a cozinha. Mesmo com tudo o que estava acontecendo o sorriso não podia se entristecer. E assim ela fez, sorriu para ele.

Várias pessoas estavam desaparecendo na Vila-suspensa, Crasfer por ter trabalhado em muitos casos durante todos esses anos, foi designado novamente para resolver estas ocorrências que estavam acontecendo, mas ao longo dos anos, o pai de Suli não conseguia entender o porquê não conseguia sair do lugar.

Já na cozinha, Suli deixara seu pai perante a mesa. Lia, sua mãe, rapidamente acendera as luzes...

"EEEEEEE!!!! Surpreeesaaaaa!!!!" – disse a pequena batendo palmas e com grande alegria.

Crasfer subitamente ficou surpreso, não sabia nem o que dizer. Tudo tão singelo, mas mesmo assim, cheio de emoção. Ele envolveu Suli em seu colo e a abraçou fortemente, beijando-a em sua bochecha. Quando a colocara no chão, tudo mudou. Os vidros quebraram-se, Crasfer empurrou a menina para longe.

"Nãooo!"

Enormes bichos entraram na cozinha envolvendo os pais de Suli em uma espessa teia, seus corpos eram uma junção humana com a de um animal. Patas saiam abaixo das barrigas, seus corpos eram pálidos, esqueléticos. Seus cabelos cobriam quase todo o rosto, já a outra metade do corpo era negra como a noite, mas os olhos cintilavam sob a luz das lâmpadas. Rapidamente deixaram o lugar descendo pelas paredes da casa. O bolo ficou em pedaços pelo chão.

Este era um lugar bem singular. As casas encontravam-se umas sobre as outras em inúmeras e grandiosas árvores, ligadas por pontes de madeiras suspensas. As raízes entravam e saiam do chão e misturavam-se aos troncos e aos galhos, não dava para saber onde começava uma e terminava a outra. Uma floresta bem fechada.

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