Aiprah II

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Foram longos dias sobre o cavalo que sua mãe tinha na reserva. Quase nenhuma parada. Nem poderia. Ela queria pegar quem fez isso com sua mãe e com a ave. Mesmo com algumas chuvas, os rastros das rodas e dos cascos dos cavalos ainda eram nítidos sobre a terra.

A armadura de sua mãe lhe serviu muito bem, mas seu peso e o da lança em suas costas, ainda eram novos para ela. Treinar não era uma opção.

Depois de um bom tempo cavalgando, sentira o cansaço do animal. Pararam perto de um riacho para beber água e passar a noite.

Armara a fogueira e sentara-se próximo a ela. O brilho da lamina exibia-se pelo fogo. Passou seus dedos sobre a lança lembrando-se das batalhas que sua mãe tinha lhe contado. Temeu um pouco. Mas lembrou-se também de quando ela a levara para conhecer a Aiprah. "Por isso temos que proteger ela. Tem gente que não saberá usar devidamente seu poder."

Seus dedos envolveram-se ainda mais na lança.

"Pode contar comigo, mãe."

De repente o reflexo da lua sobre a água foi encoberto por uma densa fumaça negra.

"Será? Não está muito longe daqui." - olhando na linha das copas das árvores.

Cecília apagou a fogueira, pegou o cavalo e desceu o riacho.

Arbustos do outro lado da margem agitaram-se, fazendo-a virar seu rosto, mas ainda sim, continuou contornando o riacho, sem perder o foco.

Estando bem próxima de onde vinha a fumaça, desceu do cavalo e pode observar que era um acampamento de guerra. Caminhou sorrateiramente envolvida ao capuz da armadura e sob a escuridão das copas das árvores. Seus olhos puderam verificar os soldados de capas vermelhas daquele lugar. Era uma frota nidoniana.

Esses acampamentos são bem comuns, próximos ao reino de Nidon. Eles se localizam a beira das estradas que levam as grandes muralhas que dão entrada ao reino, direcionando os viajantes para a grande capital.

Os olhos de Cecília arregalaram-se ao ver Aiprah amarrada a grossas correntes, obstruindo o movimento das tuas asas. Suas patas estavam presas a densas placas metálicas. Ela estava totalmente fraca e muito ferida.

Um homem de armadura e capa vermelha levantou-se e aproximou-se da ave.

"Vida longa ao rei!" - escorando-se na ave e levantando uma caneta de cerveja.

"Vida longa ao rei!" - todos falaram em seguida, levantando seus canecos em volta da fogueira.

"Só ao rei?" - disse um mais afastado.

Todos riram.

"A todos nós homens!" - ainda escorado na ave, levantando sua caneca mais uma vez.

Cecília continuou lá por algumas horas, até os murmúrios cessarem.

Segurou firme na lança e contornou o acampamento até onde Aiprah estava. Colocou sua mão sobre o animal e sentiu sua respiração lenta e bem fraca. Manuseando a lança em sua mão, direcionou a ponta para baixo, mirando o encontro das correntes. Mas quando foi aplicar o golpe na tentativa de romper os nós, foi surpreendia por uma ponta talhada em pedra, impedindo sua ação. Cecília virou sua cabeça para o lado, levantou seus olhos lentamente.

Cascos ligados onde era pra ser os pés, quatro pernas cobertas de pelos amarronzados, lembrando a de um cavalo. Longos cabelos pretos até o final das costas. Sobrancelhas da mesma cor e compridas. Orelhas pontudas. Uma lança, na qual, suas lâminas eram extremamente afiadas nas duas pontas.

"percebe-se que é nova nisso." - fazendo uma pausa. "Sou Thiisa" - colocando a ponta de sua lança sobre a junção das correntes, fazendo um leve esforço, trazendo o rompimento.

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